Após dados de fevereiro, inflação anual da Argentina passa de 100% pela 1ª vez em 32 anos
Aumento mensal do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi de 6,6%, acima das previsões dos analistas
A taxa de inflação anual da Argentina passou de 100% em fevereiro, informou o Indec, Instituto Nacional de Estatísticas e Censos do país, nesta terça-feira (14), atingindo os três dígitos pela primeira vez desde 1991, quando o país estava saindo da hiperinflação.
O aumento mensal do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) foi de 6,6% em fevereiro, acima das previsões dos analistas. A inflação anual foi de 102,5%, com a inflação acumulada no bimestre de 13,1%.
De acordo com o Indec, o maior aumento foi na categoria de Alimentos e Bebidas Alcóolicas, de 9,8%, impactada principalmente por carnes, lácteos e ovos.
Semana passada, o país anunciou a criação de mais uma taxa de câmbio, na tentativa de conter a crise econômica — dessa vez, focada no mercado nacional de vinhos.
Batizada de “dólar Malbec”, em referência à variedade de uva mais utilizada na bebida argentina, a versão da moeda norte-americana é mais uma tentativa do país de elevar a competitividade do vinho argentino, e entrará em vigor a partir de 1º de abril.
A criação do dólar Malbec segue a esteira de outras quinze variações da taxa cambial — algumas com nomes inusitados, como dólar Coldplay, dólar Catar e dólar Netflix.
O país também enfrenta atualmente uma seca histórica que atinge suas safras está aprofundando a crise econômica do gigante exportador de grãos, arrasando os agricultores na região dos Pampas, aumentando os temores de inadimplência e colocando em risco as metas acordadas com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O país, que é o maior exportador mundial de soja processada e terceiro maior em milho, está passando pela pior seca em mais de 60 anos, o que levou a repetidos cortes acentuados nas previsões de colheita de soja e milho.
Juros
Em fevereiro, o Banco Central da Argentina decidiu pela manutenção dos juros em 75% ao ano, apesar da aceleração da inflação no mês anterior.
Em comunicado, a autoridade monetária atribuiu o avanço inflacionário aos aumentos de preços em categorias sazonais (vegetais e turismo) e reguladas (transporte, gás e comunicação) e disse que o núcleo do indicador ficou praticamente estável.
Em 2022, a economia argentina cresceu 5,2% em comparação ao ano anterior.
*Com informações de Reuters