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    Análise: BC faz maior injeção de dinheiro da história do sistema bancário Brasil

    Ação visa combater o impacto econômico da pandemia do novo coronavírus

     
      Foto: Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo

    Raquel Landimda CNN

    O Banco Central (BC) está realizando a maior injeção de dinheiro da história do sistema bancário nacional, para combater o impacto econômico da pandemia do novo coronavírus.

    Somando as medidas já anunciadas na semana passada com as que ocorreram nesta segunda-feira (23), a liberação de liquidez chega a R$ 1,2 trilhão, ou 16,7% do PIB.

    Quase não se compara com o que foi feito em 2008, após a quebra do banco Lehman Brothers. Naquela época, a injeção de capital ficou em R$ 117 bilhões ou 3,5% do PIB. O tamanho da resposta do BC mostra a gravidade do momento atual.

    “É uma crise totalmente diferente da de 2008, e nossa resposta é muito mais forte”, disse Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, em coletiva de imprensa ao responder uma pergunta do CNN Business.

    Ele explicou que, em 2008, houve uma crise de alavancagem do sistema financeiro e, agora, o problema é na economia real. E completou: o isolamento social leva as pessoas a deixarem de consumir, principalmente serviços, que não serão totalmente repostos quando a pandemia do coronavírus passar.

    Segundo economistas, as ações do BC vão na direção correta e impressionam pelo volume. Entre as medidas elencadas, chamaram atenção: a redução do depósito compulsório dos bancos, a volta dos depósitos com garantias especiais (que ajudaram os bancos pequenos a passar pela crise de 2008) e as operações de recompras de debêntures (títulos de dívida de empresas).

    Todas medidas bastante técnicas, mas que atacaram diretamente os gargalos identificados no sistema de crédito. Dito isso: aí vão algumas ressalvas feitas pelos profissionais ouvidos pela coluna.

    Primeiro, a política monetária continua tímida em relação ao resto do mundo. O BC não deu sinais de que vai fazer reduções adicionais na taxa Selic, quando nos Estado Unidos já chegou a zero.

    Segundo, a política cambial ainda lenta. Não há consenso se seria necessário um programa maciço de venda de dólares, mas o fato é que o real vem se depreciando mais do que outras moedas emergentes.

    E, terceiro, e mais importante, embora não seja da competência do BC: a falta de uma política fiscal mais arrojada. Não adianta colocar muita liquidez no mercado se os bancos tiverem medo que a empresa ou a pessoa física quebre.

    É aí que entra a política fiscal com o governo federal garantindo a sobrevivência das empresas, principalmente as pequenas e médias. Banco do Brasil, Caixa e BNDES também estão atuando, mas tem pouco dinheiro novo ainda.

    O mais difícil aqui é a dose: como fazer o suficiente para aplacar uma crise tão dramática sem deixar uma herança de desarranjo fiscal de longo prazo?