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    Alemanha anuncia estratégia para cortar dependência da China em setores essenciais

    Importações e exportações entre os dois países chegam a quase R$1,629 trilhão

    Hanna ZiadyNadine Schmidtda CNN* , Londres/Berlim

    A Alemanha anunciou na última quinta-feira (13) que reduziria sua dependência da China em setores essenciais, como medicina, baterias de lítio usadas em carros elétricos e materiais para fabricação de chips.

    O governo publicou um documento chamado “Estratégia para a China”, que destaca a trajetória que Berlim deve percorrer para administrar a dependência em relação a segunda maior economia do mundo, em meio a críticas crescentes ao histórico de direitos humanos de Pequim e à atitude em relação ao direito internacional.

    A China é a parceira comercial mais importante da Alemanha, com importações e exportações entre os dois países chegando a quase € 300 bilhões (R$1,629 trilhão) em 2022, segundo o governo alemão.

    As estratégias para a China

    “A China mudou. Como resultado disso e das decisões políticas da China, precisamos mudar nossa abordagem para a China”, afirma o documento, aprovado após meses de atrasos e debates dentro da coalizão de três vias do chanceler Olaf Scholz.

    No documento, é reiterado o papel importante de Pequim no combate às mudanças climáticas, pandemias e desenvolvimento sustentável. No entanto, está “perseguindo seus próprios interesses e está tentando de várias maneiras remodelar a ordem internacional”, com consequências para a segurança global.

    O documento enfatizou que a Alemanha deseja manter os laços comerciais e de investimento com a China, ao mesmo tempo em que busca reduzir a dependência em setores críticos, diversificando suas cadeias de suprimentos – uma meta conhecida como “redução de riscos”.

    Scholz afirmou: “Nosso objetivo não é nos separar [de Pequim]. Mas queremos reduzir as dependências críticas no futuro.”

    O documento afirma que a Alemanha depende demais da China para tecnologia médica e farmacêutica, incluindo antibióticos, bem como para tecnologia da informação e produtos necessários para a fabricação de semicondutores. Também é reforçada a dependência para metais e terras raras necessários para a transição energética.

    “Em áreas-chave, a [União Europeia] não deve se tornar dependente de tecnologias de países [fora da UE] que não compartilham nossos valores fundamentais”, reitera o documento.

    O documento reafirma o compromisso do governo em ajustar as listas de produtos sujeitos a controles de exportação no contexto de novos desenvolvimentos tecnológicos, inclusive em segurança cibernética e tecnologia de vigilância.

    O governo também emitirá disposições para que os projetos de pesquisa e desenvolvimento com a China “nos quais é provável a fuga de conhecimento” não sejam apoiados por fundos federais ou apenas sob certas condições.

    Negócios entre os dois países

    A China é um mercado importante para várias empresas alemãs, incluindo Volkswagen e BMW, e o governo disse que planeja manter negociações com empresas “particularmente expostas à China” com o objetivo de “identificar riscos de concentração”.

    O grupo representante das empresas alemãs que fazem negócios na China saudou a estratégia, mas sinalizou algumas preocupações.

    “Muitas empresas alemãs que operam na China já tomaram medidas para mitigar os riscos por conta própria e veem a estratégia como uma confirmação de seu curso”, disse Jens Hildebrandt, diretor executivo da filial do norte da China da Câmara de Comércio Alemã, à CNN na última sexta-feira (14).

    “É positivo que o governo tenha se abstido de adicionar encargos burocráticos às empresas, como requisitos de relatórios e notificações, testes de estresse ou medidas de triagem de investimentos no exterior”, acrescentou.

    “No entanto, algumas empresas alemãs esperavam que a estratégia fornecesse mais estrutura para a cooperação, em vez de se concentrar apenas na redução de riscos”.

    Hildebrandt também sugeriu que o documento não era abrangente o suficiente, dizendo que “não abordava como a Alemanha pode participar do crescimento econômico e da capacidade de inovação da China para fortalecer sua economia, sem se tornar excessivamente dependente [dela]”.

    *Com colaboração de Michelle Toh 

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