Ainda é possível evitar uma recessão nos Estados Unidos, diz Powell
Presidente do Federal Reserve, o banco central dos EUA, comentou a decisão da instituição de aumentar em 0,25 ponto percentual a taxa de juros do país
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou nesta quarta-feira (3) que a estabilidade do mercado de trabalho nos Estados Unidos mostra que ainda é possível evitar uma recessão.
Powell falou à imprensa após o banco central norte-americano anunciar o aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros do país, que agora está na faixa entre 5% e 5,25% ao ano.
“Aumentamos as taxas em 5 pontos percentuais em 14 meses, e o índice de desemprego é de 3,5%, praticamente onde estava ou até mais baixa do que quando começamos”, disse.
Segundo Powell, as vagas de emprego permanecem altas – a Pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Mão de Obra de março mostrou que havia 1,6 vaga disponível para cada candidato – e há indícios de arrefecimento gradual no mercado de trabalho.
Não deveria ser possível que as vagas de emprego diminuíssem tanto quanto diminuíram sem que o desemprego aumentasse, disse ele.
“É possível continuarmos a ter um arrefecimento no mercado de trabalho sem ter os grandes aumentos do desemprego que ocorreram em muitos episódios anteriores”, disse. “E isso seria contra a história. Compreendo plenamente que seria contra o padrão.”
“A possibilidade de não ter uma recessão ainda é, a meu ver, mais provável do que ter uma recessão. Também não descarto a possibilidade de ter uma recessão: é possível ter o que eu espero que seja uma recessão leve”, completou o dirigente.
Além disso, Jerome Powell alertou que o banco central não deve ser procurado para garantir a estabilidade econômica se os EUA não pagarem sua dívida.
“É essencial que o teto da dívida seja aumentado em tempo hábil para que o governo dos EUA possa pagar todas as suas contas no vencimento. Deixar de fazer isso seria sem precedentes”, disse Powell.
“Ninguém deve assumir que o Fed pode proteger a economia dos potenciais efeitos de curto e longo prazo por não pagar nossas contas a tempo. Seria muito incerto”, disse ele.
Aperto no crédito
Devido à crise bancária que surgiu em março deste ano, o Fed espera mais aperto no crédito, o que significa que ficará mais difícil para pessoas e empresas em obter os empréstimos.
“Essas condições de crédito mais apertadas provavelmente pesarão sobre a atividade econômica, as contratações e a inflação”, disse Powell. “A extensão desses efeitos permanece incerta.”
Segundo Powell, as condições no setor bancário “melhoraram amplamente desde o início de março”.
Três bancos faliram desde meados de março, o mais recente ocorreu na segunda-feira (1) com o First Republic Bank. Apesar disso, Powell disse que “o sistema bancário dos EUA é sólido e resiliente”.
Ele também fez referência ao relatório do Fed sobre o Silicon Valley Bank, destacando a necessidade de “tratar de nossas regras e práticas de supervisão” para evitar mais falências de bancos.