Agronegócio está disposto a investir em uma agenda de ganhos ambientais, diz Haddad
Em evento em Nova York, ministro da Fazenda defendeu a exploração de fontes de energia renováveis como uma forma de garantir segurança energética
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira (18) que vê uma grande disposição dos empresários do agronegócio em fazer os investimentos necessários para que a agricultura e a pecuária continuem tendo ganhos de produtividade, mas também ganhos ambientais expressivos.
“O agro é o primeiro a saber que se essa agenda não for endereçada, vai acabar perdendo mercado internacional.”
Durante evento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) realizado na Bolsa de Nova York, o ministro disse que o agro vem investindo pesado em tecnologia e em novas formas de produção.
“O setor vem garantido espaço internacional com produtos cada vez de maior qualidade. E essa agenda da pecuária e da agricultura modernas, tem que estar no nosso horizonte”, disse o ministro.
Haddad defendeu a exploração de fontes de energia renováveis como uma forma de garantir segurança energética e afirmou que o Brasil possui uma grande vantagem ao contar com “bateria” de reserva de energia das hidrelétricas.
Para o ministro, o país pode usar a energia eólica e solar para abastecimento e deixar a reserva das hidrelétricas para momentos mais “delicados”. Segundo ele, o Brasil pode se tornar exportador de terras raras e energia limpa, exportar lítio, hidrogênio, ou usar uma parte dessa energia para produção de produtos verdes.
“Podemos neoindustrializar o país, mas, pensando em exportar produtos verdes e produzir produtos verdes. E nós temos todas a condição se agirmos em outras áreas que estão no nosso radar e no radar do Congresso Nacional.”
Investimento estrangeiro
O ministro destacou a busca da sustentabilidade das contas públicas e na redução da taxa de juros para atrair investimento estrangeiro.
“O investidor estrangeiro olha para o prêmio de risco que o país está pagando para saber se aquelas condições macroeconômicas são sustentáveis no longo prazo. E nós estamos endereçando essa questão com a reforma tributária, com o marco fiscal, com a perspectiva de curva de longo prazo da redução da taxa Selic no país. Temos condições regulatórios que podem alavancar muito o investimento do Brasil.”
Ainda em seu discurso, o ministro ponderou ser necessário saber que o país tem recursos, mas, por mais abundantes, eles serão limitados.
“Nós temos que centrar força naquilo que vai render as melhores taxas de retorno para os investimentos que faremos na transformação ecológica. Contamos com apoio do presidente Lula, da ministra Marina Silva, da área econômica, vice-presidente Geraldo Alckmin – que está inteiramente envolvido nessa agenda. Depende dessa compreensão de que não existe divórcio entre sustentabilidade e desenvolvimento.”
Disse também que vê uma oportunidade única de mostrar que o país é um país aberto aos negócios verdes.
Neste cenário, o ministro enfatizou que as apostas feitas no início do ano de que o Produto Interno Bruto do Brasil (PIB) cresceria menos de 1% em 2023, estavam erradas e sinalizou que o país deve crescer mais de 3% no ano.
“Temos que abrir a economia para o green business e tornar o Brasil o porto de chegada do investimento que visa sustentabilidade do planeta.”