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    Agromoney: entenda os desafios e oportunidades das empresas agro no país

    Brasil é maior produtor mundial de soja, café, suco de laranja e açúcar

    Do CNN Brasil Business*

    em São Paulo

    No ano passado, o agronegócio atingiu 27,6% de participação no PIB nacional, a maior registrada desde 2004 (quando foi de 27,5%) — equivalendo a quase um terço de todos os bens e serviços gerados pelo Brasil em um ano. 

    O cálculo é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, que também registrou 18,4 milhões de trabalhadores no agronegócio — ou 1 a cada 5 brasileiros empregados no setor — em 2021.

    Além disso, de acordo com dados da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), o Brasil é o maior produtor mundial de soja, café, suco de laranja e açúcar. 

    Também se destaca como o segundo maior produtor do planeta de carne bovina e terceiro maior produtor de carne de frango e milho. Não só a produção, mas principalmente as exportações dessas commodities do agro — matérias-primas essenciais para a indústria — foram as responsáveis por um resultado significativo na economia brasileira em 2021. 

    Os dados indicam algo que não é segredo para ninguém: o agro ocupa um papel extremamente importante no crescimento do país. E a tendência é que esse “agromoney” continue movimentando a economia brasileira — ainda que precise se moldar para entrar em sincronia com as iniciativas ESG tão valorizadas por investidores, empresas e governos hoje.

    Meio ambiente

    Ainda que o setor esteja representado por números expressivos, há desafios ambientais disputando a atenção que o setor atrai para a economia.

    Considerando apenas a região identificada como Amazônia Legal, que abrange 8 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins), além de parte do Maranhão, 75% do desmatamento ocorrido em florestas públicas nestes locais se tornaram pastos. 

    O dado é do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, o IPAM, que considerou áreas desmatadas entre 1997 e 2020. 

    Segundo o professor da Unesp e ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, entretanto, o agro não agride necessariamente o meio ambiente, mas existem ilegalidades no país que trazem uma má imagem ao país.

    “Desmatamento ilegal, invasão de terra, incêndios clandestinos, garimpos em terras indígenas ou em terras públicas, falta de títulos de propriedade para pequenos produtores rurais, sobretudo na Amazônia e no Nordeste do país. Existem uma série de ilegalidades que têm que ser combatidas”, argumenta.

    O especialista afirma que “somos competitivos e sustentáveis, mas essa imagem negativa cometida por aventureiros perturba a nossa imagem lá fora”. 

    O discurso do professor aponta para uma preocupação com relação aos principais parceiros comerciais do agro nacional. Isso porque, em 2021, durante a COP26 –  Conferência do Clima realizada em Glasgow, na Escócia – China e Estados Unidos, ou seja, o primeiro e o terceiro maiores compradores do agro brasileiro, se comprometeram a apoiar a eliminação do desmatamento ilegal global via importações — um objetivo que pressiona o setor a rastrear suas cadeias produtivas. 

    Já a União Europeia, o segundo mercado que mais importa nossas commodities, divulgou, em 2021, um novo projeto de lei visando proibir a compra de produtos, como carne e café, que venham de regiões desflorestadas.

    Investimentos no agro

    Ainda que tenha desafios postos no campo, o agronegócio brasileiro, entretanto, tem aberto caminhos no mercado financeiro. Só em 2021, três novas empresas abriram capital na bolsa de valores e estão com ações disponíveis ao investidor. 

    De acordo com Amanda Coura, chefe de Produtos Estruturados da gestora de investimentos Suno Asset, há 6 companhias essencialmente do campo na B3: Boa Safra, Três Tentos e Agrogalaxy, mais novas na bolsa, além de SLC Agrícola, BrasilAgro e Terra Santa, que estão presentes há mais tempo. 

    Como análise das ações no setor, Coura disse que “o segmento agro tem comportamento descorrelacionado com os demais segmentos. Ou seja, quando outros segmentos estão passando por turbulências ou por incertezas, seja relacionado a Covid, seja por guerra ou mesmo por eleições, o segmento agro parece sentir menos: ele está totalmente ligado a bens básicos de consumo”.

    “Com a guerra, por exemplo, o Brasil se fortalece como um grande provedor de matérias-primas”, diz a especialista.

    Além da presença crescente no mercado financeiro, a consolidação do agronegócio na economia brasileira vem acompanhada, também, da tecnologia. Nesse sentido, as agrotechs — startups que buscam soluções tecnológicas para o setor — têm se proliferado no mercado corporativo. Segundo a plataforma de inovação Distrito, só havia 76 agrotechs no país em 2010. Uma década depois, em 2020, as agrotechs já eram 366. 

    Além de explorar as tendências do setor do agronegócio, o CNN Soft Business deste domingo (16) também traz reportagem sobre um tipo de cimento, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Tóquio, no Japão, produzido com restos de alimentos.

    O CNN Soft Business vai ao ar todo domingo, às 23h15. Você pode conferir pela TV e também pelo Youtube.

    *Publicado por Ana Carolina Nunes