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    Acordo Mercosul-União Europeia é estratégico e Brasil pode contar com Portugal, diz premiê

    País europeu pode ser "ponta de lança" para fechar acerto, diz primeiro-ministro António Costa, em fórum empresarial que teve presença de Lula

    Priscila Yazbek

    O primeiro-ministro António Costa disse, nesta segunda-feira (24), que o acordo entre Mercosul – bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai – e a União Europeia, formada por 27 países europeus, é absolutamente estratégico e o Brasil pode contar com Portugal como “ponta de lança” para finalizar a negociação.

    “A conclusão do acordo de comércio entre União Europeia e Mercosul é absolutamente estratégico para podermos ter melhores oportunidades de avançar nas relações comerciais em um sentido e no outro”, disse António Costa, no Fórum Empresarial Portugal-Brasil, em Matosinhos, na região do Porto.

    “Aquilo que tenho dito ao presidente Lula da Silva é que o Brasil pode sempre contar com Portugal como verdadeiro ponta de lança para trabalharmos a conclusão tão rápida quanto possível do acordo.”

    O evento com empresários foi o primeiro compromisso da agenda do quarto dia de viagem do presidente Lula a Portugal.

    No sábado (22), o presidente brasileiro havia afirmado que está se esforçando pelo avanço do acordo. “No que depender de mim, a gente vai fazer o acordo União Europeia e Mercosul. Faltam pequenos ajustes, mas temos condições de fazer.”

    O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, também já havia mencionado o acordo, no segundo dia da viagem, quando afirmou que a conclusão da negociação é importante para os dois poderes econômicos.

    “Reforço a importância do acordo entre Mercosul e União Europeia. É muito importante e Portugal tem sido firme na defesa desse acordo que consideramos tão importante para os dois poderes econômicos constituídos entre Mercosul e União Europeia e para todo o mundo”, disse Rebelo na ocasião.

    No domingo (23), Márcio Elias Rosa, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), disse que faltam apenas detalhes para a finalização do acordo.

    “A expectativa é de que o acordo feche este ano, sem dúvida, o mais rápido possível. Se possível, fecharmos neste semestre, como era o nosso desejo”, disse em Lisboa o número 2 do MDIC, que acompanha a viagem do presidente Lula a Portugal.

    Apesar do entusiasmo dos líderes brasileiros e portugueses, do lado do bloco europeu, países como França, Irlanda e Polônia resistem ao acordo por causa da oposição de setores agrícolas. E no Mercosul, a Argentina tem resistências por causa do setor industrial.

    Lula fala em dobrar corrente de comércio

    Ainda nesta segunda, o presidente Lula disse mais uma vez que Brasil e Portugal têm potencial para dobrar a corrente de comércio entre os países.

    “Eu não me esqueço nunca da primeira vez que eu estive aqui em Portugal e que eu dizia que nós poderíamos chegar a R$ 10 bilhões de fluxo comercial. É só colocar uma meta, estabelecer uma meta.”, disse Lula no fórum empresarial em Matosinhos.

    O presidente acrescentou que ele e o primeiro-ministro ainda têm alguns anos de mandato pela frente e poderiam estabelecer uma meta.

    “A gente pode conseguir isso, porque na política você tem que estabelecer uma meta, na política você tem que ter um projeto, na política você não pode ficar governando de acordo com o vento. Você determina estrategicamente o que você quer que aconteça”, afirmou.

    O intercâmbio comercial entre Brasil e Portugal em 2022 foi de US$ 5,3 bilhões de dólares em 2022. O país europeu é só o 18º destino de exportação dos produtos brasileiros.

    Cerca de 60% das exportações brasileiras a Portugal correspondem a combustíveis, e boa parte se deve ao comércio interno da Galp, petroleira portuguesa que atua na Bacia de Santos. Outros 20% das exportações são produtos agrícolas, sobretudo soja e milho.

    A parceria para a produção das aeronaves Super Tucanos da Embraer em solo português, no padrão da Otan, também foi destacada por Lula e Costa.

    Mais detalhes sobre a cooperação no setor aeronáutico devem ser detalhados no segundo compromisso do dia da agenda de Lula, que será a visita à subsidiária da Embraer, Ogma.

    Portugal não é pequeno, diz presidente

    Lula disse ainda que Portugal sempre foi tratado como um país pequeno, mas defendeu que o país tem importância estratégica das relações para Brasil.

    “Sempre se tratou Portugal como um país pequeno. ‘Ah, Portugal é a porta de entrada para o Brasil e para a Europa’. Não, o pessoal achava que não era Portugal, que era a Alemanha ou que era a França. E nada melhor do que a gente estabelecer uma relação com Portugal e, daqui de Portugal, se produzir os produtos juntos e, de Portugal, exportar esses produtos para outros países europeus. É muito mais fácil. É muito mais simples para nós, é apenas a gente acreditar, estabelecer essa relação que falta”, disse o presidente.

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