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    Acordo Mercosul-UE pode demorar para sair, diz embaixador do Brasil em Portugal

    Raimundo Carneiro afirmou que a ratificação do acordo é um tema complexo dentro da União Europeia

    Priscila Yazbekda CNN

    O acordo entre Mercosul e União Europeia pode demorar para ser ratificado, segundo Raimundo Carreiro, embaixador do Brasil em Portugal.

    “Infelizmente, apesar do marco positivo da conclusão das negociações em 2019 e do estágio avançado do processo de revisão legal do acordo, ainda não há perspectiva clara a respeito de quando será possível proceder à sua assinatura e dar início ao processo de ratificação”, disse o embaixador em evento do grupo Lide em Lisboa.

    Carneiro afirmou que a ratificação é um tema complexo, que demanda discussões aprofundadas na União Europeia.

    Na semana passada, em visita ao Brasil, o primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, disse que o acordo é de interesse de ambas as regiões. Lula também vem falando sobre a necessidade de avançar com o acordo, como no encontro com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, no último dia 25.

    O embaixador afirmou que se entrar em vigor, poderá ampliar as exportações brasileiras para a Europaem até US$ 100 bilhões em 15 anos, além de atrair investimentos da ordem de US$ 113 bilhões de dólares ao Brasil.

    Até 2035, o acordo poderia incrementar o PIB brasileiro em US$ 87,5 bilhões, valor que pode subir para US$ 125 bilhões se considerados os ganhos indiretos com produtividade.

    “Seria um divisor de águas. É como uma nova abertura dos portos ao mercado global”, afirmou o embaixador.

    Novas perspectivas

    Segundo Carneiro, existem dois temas que abrem novas perspectivas para as relações econômicas entre Portugal, Brasil e União Europeia: o acordo do bloco europeu com Mercosul e a mudança de governo.

    Ele lembrou que no discurso de posse, Lula disse que pretende retomar o Minha Casa Minha Vida e estruturar um novo PAC para gerar empregos. Para isso, pretende buscar financiamentos e ampliar a cooperação nacional e internacional.

    “Esse processo tende a se desenvolver por meio de parcerias com o setor privado. O Programa de Parcerias e Investimentos do Governo Federal tem 145 projetos na carteira. Portugal figura como o sétimo maior investidor em potencial”, afirmou o embaixador.

    Carneiro acrescentou que as condições atuais são propícias para uma nova onda de expansão do investimento português no Brasil, à altura da ocorrida nos anos 1990, quando o país foi a porta de entrada para a internacionalização de muitas grandes empresas de Portugal. “É um caminho natural para as empresas portuguesas, tendo em conta o tamanho do mercado brasileiro e o idioma comum.”

    Corrente de comércio

    O intercâmbio comercial ente Brasil e Portugal em 2022 foi de US$ 5,3 bilhões de dólares. O país europeu é só o 18º destino de exportação dos produtos brasileiros.

    Cerca de 60% das exportações brasileiras a Portugal correspondem a combustíveis, e boa parte se deve ao comércio interno da Galp, petroleira portuguesa que atua na Bacia de Santos. Outros 20% das exportações são produtos agrícolas, sobretudo soja e milho.

    Para o embaixador, é preciso diversificar a pauta de exportações para que o comércio entre os países avance.

    “A tendência é que essa situação melhore no curto prazo, tendo em vista a parceria estratégica com os portugueses na área da indústria aeronáutica. Nesse mercado, a Embraer se destaca: em 2019, a empresa vendeu ao governo português cinco aeronaves KC-390, que devem ser entregues à força aérea portuguesa a partir de 2023, pelo valor de 872 milhões de euros”.

    Carneiro acrescentou que três ramos são estratégicos e podem  elevar a complementariedade entre os países: fertilizantes, energias renováveis – com destaque para o hidrogênio verde – e obras públicas.

    A guerra acelerou a transição energética da Europa, que precisará de mais 2 mil gigawatts de capacidade instalada de energia renovável para cumprir metas de descarbonização até 2050, destaca o embaixador.

    Ele citou um estudo que mostra que o Brasil tem potencial de suprir quase um terço disso, ou  700 mil gigawatts de energia renovável.

    O embaixador lembrou que em abril será realizada em Lisboa a décima-terceira Cúpula Presidencial Brasil-Portugal – primeira Câmara bilateral desde 2016 –  e o pode impulsionar as relações Brasil-Portugal.

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