Ações do Credit Suisse caem mais de 30% em meio a preocupações após colapso de SVB
Tensões sobre saúde de instituições financeiras, especialmente menores, persistem
As ações do Credit Suisse chegaram a recuar cerca de 30% nesta quarta-feira (15), renovando mínimas históricas, depois que seu maior investidor afirmou que não poderia fornecer ao banco suíço mais assistência financeira por questões regulatórias.
No fechamento, o tombo ficou menor, de 13,91%.
“Não podemos, porque iríamos acima de 10%. É uma questão regulatória”, disse o presidente do conselho de administração do Saudi National Bank, Ammar Al Khudairy, nesta quarta-feira.
O banco saudita adquiriu uma fatia de quase 10% no ano passado depois de participar do aumento de capital do Credit Suisse e se comprometeu a investir até 1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,5 bilhão) na instituição.
O tombo das ações do Credit Suisse pressionava os mercados de ações de forma geral, uma vez que reacende parte do nervosismo entre os investidores sobre a resiliência do sistema bancário global após o colapso do norte-americano Silicon Valley Bank no final de semana.
Falando em uma conferência do Morgan Stanley nesta quarta-feira, Ralph Hamers, presidente-executivo do rival suíço UBS, disse que o banco se beneficiou da recente turbulência do mercado e viu entradas de dinheiro.
“Nos últimos dias, como você pode esperar, vimos fluxos de entrada”, disse Hamers. “É claramente uma fuga para a segurança, mas acho que três dias não são uma tendência.”
O Credit Suisse publicou na terça-feira (14) seu relatório anual de 2022 dizendo que o banco identificou “fraquezas materiais” nos controles sobre relatórios financeiros e que as saídas de clientes ainda não acabaram.
O segundo maior banco da Suíça está tentando se recuperar de uma série de escândalos que minaram a confiança de investidores e clientes. As saídas de clientes no quarto trimestre aumentaram para mais de 110 bilhões de francos suíços (US$ 120 bilhões).
As ações do Credit Suisse eram negociadas a 1,60 franco suíço, em queda de 28,44%, por volta de 9h45 (horário de Brasília), vindas de uma sequência de perdas. No pior momento, chegaram a 1,57 franco suíço.
O custo de garantir os títulos do banco contra a inadimplência disparou. Os CDS de cinco anos sobre a dívida do Credit Suisse aumentaram para 574 pontos-base, de 549 bps no último fechamento, de acordo com dados da S&P Global Market Intelligence, marcando um novo recorde.
No início desta semana, o presidente-executivo do Credit Suisse, Ulrich Koerner, disse em uma conferência que o índice de cobertura de liquidez do banco foi em média de 150% no primeiro trimestre deste ano – bem acima dos requisitos regulatórios.