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    Acidentes e mortes relacionados ao trabalho formal crescem 30% no Brasil em 2021

    Em dez anos, 6,2 milhões de pessoas se acidentaram e quase 23 mil morreram; custo previdenciário superou os R$ 120 bilhões

    André Cattoda CNN em São Paulo

    Os acidentes e mortes relacionados ao mercado de trabalho formal no Brasil cresceram, em média, 30% em 2021 em comparação com 2020. É o que mostram dados atualizados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho, do Ministério Público do Trabalho (MPT).

    Apenas em 2021, foram comunicados 571.786 acidentes, um aumento de 28% em comparação com o ano anterior, que somou 446.881 casos. Já o número de mortes relacionadas ao trabalho chegou a 2.487 em 2021, uma alta de 33% frente a 2020, que terminou com 1.866 óbitos.

    Apesar de alarmantes, os dados são ainda maiores, considerando a taxa de subnotificação. Segundo o MPT, o número real de acidentes de trabalho pode ser até 20% superior ao registrado oficialmente em 2021, chegando a 686 mil casos no ano.

    O percentual se refere a acidentes mais graves, que geram afastamentos e benefícios previdenciários. “Sem dados sobre a totalidade das ocorrências, enfrenta-se desafio ainda maior para elaborar políticas públicas de prevenção de acidentes e garantir os direitos dos trabalhadores”, diz a coordenadora nacional da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambiente do Trabalho do MPT, Márcia Kamei.

    Considerando os números oficiais, o estado de São Paulo foi o que mais registrou acidentes de trabalho no país em 2021, com 35% dos casos. Na sequência estão Minas Gerais (11%), Rio Grande do Sul (8%), Paraná (8%), Santa Catarina (7%) e Rio de Janeiro (6%). O estado do Amazonas, na 16ª posição do ranking, concentra 1% dos casos totais.

    Impactos em uma década

    O MPT também analisou as perdas dos últimos dez anos. Entre 2012 e 2021, 6,2 milhões de pessoas tiveram algum tipo de acidente relacionado ao trabalho. O registro de mortes chega a 22.954 no período.

    Impactos financeiros e produtividade econômica também foram analisados pela instituição. Segundo o Observatório, ao longo desses dez anos, foram perdidos cerca de 470 milhões de dias de trabalho.

    Em relação aos benefícios, o MPT aponta que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) concedeu 2,5 milhões de benefícios previdenciários acidentários no período, incluindo auxílios-doença, aposentadorias por invalidez, pensões por morte e auxílios-acidente. Ao todo, os gastos ultrapassaram os R$ 120 bilhões.

    Historicamente, o manuseio de máquinas e equipamentos é o principal causador de acidentes de trabalho: 15% dos casos registrados ocorreram dessa forma ao longo dos últimos dez anos – percentual que se manteve semelhante em 2021, na casa dos 16%.

    Pandemia de Covid-19

    Entre 2020 e 2021, foram registrados 163 mil afastamentos por causa da Covid-19, sendo 50.971 no primeiro ano da pandemia e 111.849 no ano passado. Os principais atingidos, segundo o MPT, foram os técnicos de enfermagem, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e faxineiros.

    A instituição aponta que técnicos e técnicas de enfermagem “não apenas sofreram a maior quantidade de acidentes notificados em relação a outras ocupações, mas passaram de 6% total no biênio 2018-2019 para 9% do total no biênio 2020-2021, um aumento de 22%”.

    Ainda segundo o Ministério Público do Trabalho, a participação da atividade de atendimento hospitalar no total de acidentes notificados cresceu de 11% no biênio 2018-2019 para 14% do total no biênio 2020-2021.