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    9 em cada 10 micro e pequenas indústrias não conseguiram acesso a crédito

    O faturamento de 80% das micro e pequenas indústrias piorou em relação a pré-pandemia e 24% precisou aderir ao programa de diminuição de salário e jornadas

    Indústria gráfica em São Paulo: 80% das micro e pequenas indústrias tiveram redução na receita
    Indústria gráfica em São Paulo: 80% das micro e pequenas indústrias tiveram redução na receita Foto: Paula Forster/CNN

    Marcelo Sakate e Timóteo Lopes, da CNN, em São Paulo

    O empresário paulista Humberto Gonçalves é dono da Tec Stam, uma pequena indústria de parafusos, porcas e arruelas localizada no bairro da Mooca. Há mais de 25 anos no mercado, e mesmo com diversos momentos bem complicados da economia brasileira nesse período, Gonçalves diz que nunca passou por uma crise como essa, causada pelo avanço do novo coronavírus.

    “Não está fácil. Mas, até agora, conseguimos manter o quadro de funcionários.Precisamos trabalhar e tivemos que nos adaptar. Tudo indicava que seria um ano bom, com a retomada do crescimento. Mas, em abril já tivemos uma queda de 50%. É totalmente diferente dessa vez. É uma crise econômica grave envolvendo a saúde pública e não sabemos quando vai passar”, afirma.

    A CNN Brasil teve acesso com exclusividade a um levantamento realizado pelo Sindicato das Micro e Pequenas Indústrias (SIMPI) de São Paulo com o Datafolha. O estudo mostra que nove em cada dez (87%) micro e pequenas indústrias do estado ainda não conseguiram ter acesso a crédito durante a pandemia. Os dados foram divulgados hoje (1/6). A dificuldade para obter empréstimo se reflete também na taxa de desemprego: 28% dessas indústrias já tiveram que demitir funcionários.

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    “O crédito existe, pois o Governo disponibilizou esse dinheiro. Mas, os bancos impõem uma série de restrições e os pequenos não conseguem ter acesso as linhas”, diz Gonçalves. “Eu tenho impostos atrasados e dificilmente você encontra uma empresa de porte pequeno que esteja em situação totalmente regular, depois de quinze anos consecutivos de crise. Por mais que tenham normas, os bancos não emprestam”, espera o empresário.

    Segundo a pesquisa do SIMPI, realizada com 181 micro e pequenas indústrias do estado de São Paulo, no período de 25 a 29 de maio, o impacto da crise do coronavírus no setor mostra que 52% dessas indústrias está com a situação financeira ruim ou péssima, 16% em situação ótima ou boa e 32% em situação regular.

    O faturamento de 80% das micro e pequenas indústrias piorou em relação a pré-pandemia e 24% precisou aderir ao programa de diminuição de salário e jornadas de trabalho dos funcionários.

    Para o presidente do SIMPI, Joseph Couri, a situação deve se agravar se o governo federal não intervir. “Já temos 15% das empresas fechando e 28% demitiram e nós estamos destruindo o mercado interno, fechando empresas, postos de trabalho e quebrando. Tudo isso porque as medidas que o governo anuncia e toma não chegam na ponta. Nós estamos utilizando metodologias velhas pra um problema novo, na contramão do que acontece no mundo”, afirma Couri. 

    Após dois meses do inicio da pandemia, o Banco Central liberou apenas 21% do anunciado para os bancos na crise. O pacote tem valor total de R$ 1,2 trilhão, o equivalente a 16,6% do PIB. O Plano é o maior da história, mas as instituições financeiras temem assumir o risco do calote.

    Já o Programa Emergencial de Suporte e Empregos (PESE) do Governo Federal conta com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e é a principal linha de crédito para empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões. Até agora, dos R$ 40 bilhões de recursos disponíveis, só R$ 1,9 bilhão do valor foi financiado. 

    Necessidade de R$ 850 bilhões

    A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) diz que o governo federal tomou várias iniciativas importantes para dar fôlego às empresas durante a pandemia, como aumento de prazo no recolhimento de tributos e medidas de flexibilização trabalhista, especificamente complemento de salário para suspensão do contrato de trabalho e redução de jornada.

    No entanto, simulações feitas pela FIESP apontam que a quarentena, por reduzir o faturamento da maioria das empresas, criou uma necessidade de capital de giro da ordem de R$ 850 bilhões em três meses. O acesso às linhas de financiamento hoje é a maior dificuldade também para as indústrias no país.

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