Olimpíada 2024: quando há oportunidade e diversidade o Brasil brilha
Existem observações que parecem óbvias nos quesitos diversidade e inclusão, e o quanto esses adjetivos podem influir nos resultados positivos, sejam quais forem as modalidades em disputa, no mundo esportivo, nas esferas públicas, no mundo corporativo e até mesmo educacional. Está mais que comprovado que um time mais diverso traz mais resultados favoráveis do que um time de pensamento único, hegemônico – isso em qualquer esfera de atividade humana.
A Olimpíada de 2024 ficará marcada para sempre de como a oportunidade quando chega, sem distinção de cor, gênero, raça, origem social ou religiosa, a diferença é notada e nos tornamos campeões e medalhistas. Porém, em quesitos onde essa diversidade é tolhida, seja pelo preconceito, pela falta de oportunidades e outras discriminações sofridas cotidianamente neste país, que é um dos mais desiguais do mundo, nossos resultados são limitados.
O esporte e a educação são exemplos latentes dessa constatação. O Brasil vai muito bem em atividades esportivas nas quais a oportunidade não faz distinção. O esporte é capaz de levar uma menina humilde da periferia da cidade-dormitório de Guarulhos, filha de mãe solo, Rebeca Andrade, a se tornar nossa maior medalhista olímpica brasileira.
Esse mesmo exemplo de oportunidade resultou em outras medalhas de ouro, todas com presença negra, caso que deveria ser natural em qualquer modalidade da atividade humana, uma vez que somos mais da metade da população deste país! O sucesso da diversidade esportiva ficou comprovado pela posição do Brasil, colocado no grupo dos 20 maiores vencedores dos jogos de Paris, que contaram com a presença de 204 países.
Quando o foco é a educação, o país das poucas oportunidades ao ensino de qualidade tem resultados desastrosos, amarga as últimas posições, como os 56 países participantes (membros da OCDE e parceiros) que medem índices educacionais. Nesse ranking, estamos no 44ª lugar. Ficando explícita a comparação de que, quando o foco é o esporte da diversidade e da inclusão, onde o talento é o único requisito exigido, somos excelência, seja no futebol, onde somos o único país pentacampeão do mundo, e agora nos destacamos com medalhas em esportes como boxe, judô, ginástica olímpica, vôlei de praia, entre outros, todos com a presença de atletas negros. Porém, na academia, nas ciências e outras áreas, cujas oportunidades não se apresentam, deixamos a desejar em qualquer competição, inclusive na maior de todas, que é a disputa por um Nobel, já que o Brasil nunca conquistou uma premiação.
É hora de acordarmos para o óbvio e de entendermos que só com oportunidades e investimentos, como tem acontecido ainda de forma tímida no esporte, teremos outras Rebecas Andrades, Beatrizes Souzas, Rafaelas Silvas, Anas Patrícias subindo ao pódio em modalidades como matemática, física, química, inteligência artificial, robótica e não apenas em atividades no qual o talento esportivo consegue quebrar a barreira da discriminação e do racismo do maior país negro fora da África.