OPINIÃO
Voto, Voz e Transformação: O Poder da Cidadania Consciente
Em um país onde a desigualdade é uma realidade cotidiana, o exercício do nosso papel de cidadão é, ao mesmo tempo, um direito e um dever inadiável. Nesse contexto, a comunicação se torna uma ferramenta poderosa para transformar nossas comunidades e, mais ainda, o futuro do Brasil.
A reflexão sobre o ato de votar, por exemplo, revela uma questão importante. Ao decidirmos nossos representantes, entregamos a eles uma “procuração” total para tomarem decisões em nosso nome. Essa analogia nos leva a perguntar: estamos realmente cientes de quem escolhemos ou estamos apenas tomando partido? Este é um convite à consciência crítica, para não cairmos na armadilha do piloto automático. Em um momento de crise global, com a ascensão de novas lideranças populistas e a contínua luta contra a desigualdade, esse tipo de questionamento é urgente.
Nos Estados Unidos, a disputa pela presidência entre Donald Trump e Kamala Harris expôs um cenário de polarização extrema. O eleitorado norte-americano, assim como o brasileiro, enfrentou a dificuldade de decidir entre opções radicalmente diferentes, sendo desafiado a refletir profundamente sobre os impactos de suas escolhas nas esferas social, econômica e política.
Esse dilema também se refletiu nas eleições municipais no Brasil, como as ocorridas em São Paulo, onde a polarização também esteve em evidência. O debate sobre quem deveria ser o prefeito de uma das maiores cidades do mundo trouxe à tona questões de pobreza, acesso a serviços básicos, habitação e transporte público. Candidatos com propostas opostas buscaram atrair eleitores com promessas de mudanças rápidas, mas a pergunta que se impõe é a mesma: temos consciência de quem estamos escolhendo para lidar com os problemas mais complexos da nossa sociedade?
O exercício da cidadania, portanto, deve ir além do simples ato de votar. Ele se estende à nossa capacidade de dialogar, ouvir e nos engajar com os temas que nos cercam. Em minha experiência à frente do Pacto Contra a Fome, percebo que a luta contra a fome e o desperdício de alimentos não é apenas uma questão de assistência, mas um chamado à ação cidadã. Precisamos mobilizar pessoas, sensibilizá-las e incentivá-las a agir.
Dialogar não é somente trocar ideias; é construir um espaço onde diferentes perspectivas se encontram e se complementam. Nesse sentido, a cidadania se fortalece à medida que conseguimos estabelecer relações horizontais que promovem o respeito e a inclusão. Se queremos melhorar nossa sociedade, devemos fomentar discussões que questionem as injustiças e proponham soluções coletivas.
As inovações têm revolucionado a maneira como nos comunicamos. Hoje, temos a possibilidade de popularizar a participação por meio de plataformas digitais, permitindo-nos construir uma democracia mais direta, onde a voz do cidadão é ouvida de forma imediata. A pergunta, então, é: como podemos usar essas ferramentas para promover conversas claras e significativas que resultem em ações concretas. A tecnologia pode ser uma aliada poderosa na construção de uma democracia mais participativa, mas também precisa ser usada de maneira responsável, para evitar a disseminação de fake news e discursos de ódio.
Ao olhar para o futuro, é fundamental que todos nós nos tornemos catalisadores de diálogos e soluções. O fortalecimento da cidadania passa pelo reconhecimento de que somos parte de uma comunidade, de um país que clama por mudanças. Precisamos enxergar o próximo, ser solidários e cultivar valores que transcendam o individualismo.