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    Warren Buffett já doou metade de sua fortuna — ainda faltam US$ 100 bilhões

    Em 2006, o megainvestidor prometeu distribuir todas as ações da Berkshire Hathaway — mais de 99% do seu patrimônio líquido — para filantropia

    Foto: Reprodução Wikipédia

    Natália Flach, do CNN Brasil Business, em São Paulo

     

    Após fazer um cheque de US$ 4,1 bilhões, o megainvestidor Warren Buffett anunciou, nesta quarta-feira (23), que já doou metade de sua fortuna para filantropia. Quase todo o seu patrimônio líquido está relacionado a ações do conglomerado que fundou, Berkshire Hathaway.

    “Em 2006, prometi distribuir todas as minhas ações da Berkshire Hathaway  — mais de 99% do meu patrimônio líquido — para filantropia. Com a distribuição de US$ 4,1 bilhões de hoje, estou na metade do caminho”, escreveu em comunicado. “Em junho de 2006, eu possuía 474.998 ações “A”. Agora, possuo 238.624 ações, no valor de cerca de US$ 100 bilhões.”

    Além disso, Buffett anunciou que deixou o cargo de curador na fundação Bill & Melinda Gates. “Estou me demitindo desse cargo, assim como fiz em todos os conselhos corporativos que não sejam da Berkshire. Meus objetivos estão 100% em sintonia com os da fundação, e minha participação não é de forma alguma necessária para atingir esses objetivos”, disse.

    Veja trechos da carta divulgada:

    A ação mais fácil do mundo é doar dinheiro que nunca será de qualquer utilidade real para você ou seu família. O ato de doar é indolor e pode refletir em uma vida melhor para você e seus filhos. A segunda etapa do desembolso de grandes somas é mais desafiadora, principalmente quando o objetivo é focar em problemas cruciais que há muito são difíceis de superar.

     

    Ao longo de muitas décadas, acumulei uma soma quase incompreensível simplesmente por fazer o que amo fazer. Eu não fiz nenhum sacrifício nem minha família. Juros compostos, longo prazo, sócios maravilhosos e nosso país incrível fizeram a mágica funcionar. A sociedade tem um uso para o meu dinheiro; eu não.

     

    Ainda gosto de estar em campo e carregar a bola. Mas estou claramente jogando em um jogo que já passou do quarto tempo para a prorrogação.

     

    A América tem milhões desses doadores. Essas pessoas não recebem nenhum reconhecimento, são mentores de jovens, auxiliam idosos ou devotam horas preciosas para a melhoria da comunidade. Eles não têm edifícios com o nome deles, mas eles fazem silenciosamente esses estabelecimentos - escolas, hospitais, igrejas, bibliotecas, o que quer que seja - funcionarem suavemente. Não dediquei meu tempo ou energia de forma comparável.

     

    No meu caso, os US$ 41 bilhões em ações da Berkshire que doei às cinco fundações contribuíram apenas com cerca de US$ 0,40 em impostos a cada US$ 1 mil doados. Isso porque tenho relativamente pouca renda. Minha riqueza está quase totalmente nas empresas pagadoras de impostos, e a Berkshire reinveste regularmente os lucros para aumentar ainda mais sua produção, empregos e ganhos. A renda que recebo de outros ativos me permite viver como desejo. Minhas necessidades são simples; o que me deixou feliz aos 40 me faz feliz aos 90.

     

    No entanto, as deduções fiscais são importantes para muitos - especialmente para os super ricos - que dão grandes montantes em dinheiro ou títulos para a filantropia. É adequado que o Congresso revisite periodicamente a política tributária para caridade, especialmente em relação aos doadores que são 'criativos'.

     

    Minhas contribuições para as cinco fundações somaram US$ 41 bilhões. Conforme eu instruí, os fundos foram gastos ou comprometidos com bastante rapidez. Se eu tivesse esperado até agora para fazer as doações, eles teriam recebido US$ 100 bilhões. A questão então é: será que a sociedade teria se beneficiado mais se eu tivesse
    esperado para distribuir os recursos?