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    Vtex, agora unicórnio, vai usar parte dos R$ 1,25 bilhão para contratar gênios

    Empresa especializada em softwares e soluções de comércio eletrônico também vai expandir sua operação para os Estados Unidos e brigar com gigantes como a Oracle

    André Jankavski, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A Vtex é o mais novo unicórnio brasileiro. O aporte de US$ 225 milhões (cerca de R$ 1,25 bilhão) a colocou no panteão de empresas que valem mais de US$ 1 bilhão, como Nubank, iFood, Quinto Andar, 99, entre outros. Mais precisamente, a Vtex é avaliada em US$ 1,7 bilhão. Se engana, no entanto, quem acha que a empresa especializada em softwares e soluções de comércio eletrônico vai parar por aí.

    A startup (que não é tão startup assim, já que foi fundada em 1999) pretende aproveitar o bom momento do comércio eletrônico para alavancar o seu crescimento. E isso já está acontecendo. O crescimento anual da empresa era da ordem de 46%, mas durante a pandemia o faturamento chegou a mais do que dobrar.

    “Estávamos com o planejamento de 2020 e, do nada, tivemos um aumento de volume que esperávamos apenas para 2023”, diz Mariano Gomide, cofundador e CEO da empresa em entrevista ao CNN Business. “Tivemos que criar produtos e aumentar a qualidade dos nossos investimentos. A Covid-19 também trouxe a questão de sobrevivência para as empresas. Decisões que eram tomadas em anos, agora, são decidida em meses.”

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    Por isso, a empresa foi atrás de novos investimentos, apesar de ter recebido um aporte de US$ 140 milhões no fim do ano passado. E não faltaram interessados. O esperado IPO nos Estados Unidos deve ficar para meados de 2020 ou 2021.

    A atual rodada foi liderada pelo fundo Tiger Global e seguido pelos fundos e gestoras Lone Pine Capital, Constellation, Endeavor Catalyst e, novamente, o fundo japonês Softbank.

    Segundo Gomide, o dinheiro não veio “carimbado”. Ou seja, os investidores não cobraram um plano exato de onde o montante será aportado. Porém, Gomide já quer acelerar contratações e a expansão nos Estados Unidos. 

    Desbravar a maior economia do mundo faz sentido para a Vtex, ainda mais de olho nos números que aquele mercado movimenta. “Estamos falando de um mercado que vai movimentar entre US$ 700 bilhões e US$ 800 bilhões de dólares no e-commerce, enquanto o Brasil deve chegar aos US$ 30 bilhões nesse ano”, diz Gomide, que se mudou da Inglaterra para os EUA há menos de um mês para comandar essa missão.

    Mas a concorrência no mercado americano é maior. Gigantes, como a Oracle, que vem negociando com o TikTok, da ByteDance, dominam o mercado por lá. Para enfrentá-las, Gomide se apoia nos resultados recentes e no potencial de seus produtos. Recentemente, a Vtex foi apontada pela Gartner e pela IDC como uma companhia visionária.

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    Entre os principais produtos que a Vtex oferece estão uma plataforma digital unificada para comerciantes, com uma vasta tecnologia envolvida, com ferramentas como soluções de estoques (físicos e digitais), gerenciador de experiências e de serviço de atendimento ao cliente.

    Diante de um momento em que o presidente americano Donald Trump cobra empresas chinesas a respeito do cuidado com os dados (o termo ‘cobrar’ é leve, é verdade), a Vtex poderia ter problemas, certo? Afinal, é uma empresa de fora dos Estados Unidos, país em que costuma ser mais ‘bairrista’ nessa questão de tecnologia.

    Mariano Gomide Vtex
    Mariano Gomide, cofundador da Vtex: Brasil pode ser visto como o país do software, não só o da soja
    Foto: Vtex/Divulgação

    Para Gomide, isso não vai acontecer. De acordo com ele, companhias globais do porte das fabricantes de eletrodomésticos Whirlpool e Electrolux, a varejista Walmart, a indústria de eletrônicos Samsung e a empresa de bebidas Coca-Cola já usam os serviços da Vtex. E aprovam. Atualmente, mais de 50% da receita da companhia já vêm de fora do Brasil. 

    “A tecnologia brasileira está sendo reconhecida lá fora e temos uma mão de obra extremamente qualificada. O Brasil pode estar caminhando para ser o país do software, e não apenas o da soja”, diz Gomide. A expansão pela Europa, onde a companhia possui diversos escritórios, também seguirá firme. 

    Contratações

    Para essa expansão, parte do dinheiro será para novas contratações. Por agora, foram abertas 160 vagas. Mas em um mercado em que falta mão de obra qualificada, o empresário não descarta que esse número aumente mais. “Se encontrarmos 200 engenheiros qualificados, vamos contratar todos”, diz ele.

    E as aquisições vão seguir nessa mesma linha. Nos últimos 11 anos, a Vtex comprou nove empresas, e a média de quase uma aquisição por ano deve se manter. Não tanto pela tecnologia das startups, e sim pelas mentes por trás delas.

    A empresa também aposta em estar próximo das universidades. O seu desafio universitário Tetrix, por exemplo, já foi considerado o maior de toda a América Latina. Mas o deste ano, com inscrições próximas a 70 mil pessoas, pode conseguir um feito ainda maior: ser o maior do mundo.

    “O Guinness Book já entrou em contato conosco para auditar o tamanho do desafio”, diz o executivo.

    Isso mostra, na visão de Gomide, que o mundo da tecnologia será cada vez mais descentralizado. De acordo com ele, a nata das inovações não virá apenas de locais como o Vale do Silício, nos Estados Unidos, e de países europeus ou de Israel, que também é conhecido por diversos produtos, como o aplicativo Waze (posteriormente comprado pelo gigante Google). 

    Entre os emergentes, estão Polônia, Índia e… o Brasil. “Assim como a Alemanha é para o carro, a Itália é para o sapato e a Índia é para o call center, o Brasil pode ser o centro de excelência de serviços digitais”, diz Gomide. E ele quer a Vtex liderando essa mudança de paradigma.

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