Uber dobra receitas com entregas, mas vê queda de 67% em corridas
Apesar de crescimento expressivo, divisão de negócios da empresa americana gerou um prejuízo de US$ 232 milhões
A Uber é uma empresa de aplicativo de transporte, certo? Bem, foi assim que ela ficou mundialmente conhecida. Mas a crise provocada pela pandemia do novo coronavírus mudou a situação.
As receitas com corridas urbanas somaram US$ 790 milhões, o equivalente a 35% do total. E as receitas com entregas somaram US$ 1,211 bilhão, respondendo por 54% do total.
Um ano antes, o faturamento com corridas respondeu por 75% do total da empresa; e as entregas, por 19%.
Essa inversão de valores aconteceu porque a pandemia do novo coronavírus impactou de forma distinta os dois principais negócios da Uber.
As receitas na área de mobilidade, que incluem as corridas urbanas, despencaram 67% no segundo trimestre na comparação com o mesmo período do ano passado. A queda é reflexo direto das medidas de restrição à circulação de pessoas em vários países.
Mas as receitas com entregas mais do que dobraram (+103%) na mesma comparação, em decorrência do mesmo motivo que derrubou as corridas: as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa.
Tudo isso somado, o resultado foi negativo: as receitas da Uber caíram 29% no mundo, enquanto o prejuízo líquido ficou em US$ 1,8 bilhão no segundo trimestre.
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Apesar do prejuízo gigantesco, esse resultado representou uma queda de 66% em relação à perda de US$ 5,2 bilhões no mesmo período do ano passado.
A estratégia da empresa é oferecer um número amplo de serviços (chamados de verticais de negócios) para aumentar a recorrência de uso de aplicativo pelos consumidores.
“Nós temos sorte de ter uma proteção natural em nossos dois segmentos principais: na medida em que as pessoas ficam mais perto de casa, um número maior de pessoas pede Uber Eats mais do que nunca antes”, disse o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, em comunicado depois ao mercado.
Mas, apesar dos desempenhos distintos, ainda é a operação de mobilidade que traz ganhos para a Uber: o Ebitda (indicador que mede a geração de caixa operacional) da empresa caiu 90%, mas ficou positivo em US$ 5 milhões.
Em contrapartida, o Ebitda da divisão de entregas teve um resultado negativo de US$ 232 milhões, sinalizando que o modelo de negócios de delivery ainda enfrenta o desafio de se mostrar sustentável. Parte do prejuízo decorre dos agressivos descontos oferecidos para atrair os clientes.
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