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    Serviço de assinatura do Uber mostra como entregas ganharam importância no setor

    Enquanto as receitas com corridas somaram US$ 790 milhões (35% do total), o faturamento com entregas do Uber Eats chegou a US$ 1,2 bilhão (54% do total)

    Quadro de ações da empresa Uber: empresa perdeu 25% do seu valor desde o IPO
    Quadro de ações da empresa Uber: empresa perdeu 25% do seu valor desde o IPO Foto: Brendan McDermid/Reuters

    André Jankavski, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O Uber anunciou que, a partir de agora, os seus usuários podem assinar uma espécie de plano de fidelidade. O serviço de assinatura chega ao Brasil por R$ 25 mensais e tem descontos em viagens de carro, mas o que pode chamar mais assinantes é a gratuidade nas entregas do Uber Eats e do Cornershop, aplicativo adquirido no ano passado.

    Não porque as pessoas não queiram o desconto de 10% nas corridas de UberX, mas porque o mercado de entregas está crescendo cada vez mais. 

    No ano passado, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) estimou que o mercado movimentou R$ 15 bilhões em 2019. Sem a pandemia, a expectativa era que a expansão fosse de 20%. Mas a quarentena fará com que o crescimento seja de 30%, a R$ 19 bilhões.

    A prática de assinatura não é tão nova – empresas como Rappi e Amazon já tem a prática por aqui e em outros países. Até o próprio Uber já tem esse tipo de serviço em algumas cidades nos Estados Unidos. Mas a prática mostra que o setor de entregas está em alta dentro da empresa.

    No momento de atual de pandemia faz todo o sentido. E o resultado pode ser visto até mesmo no balanço da Uber no segundo trimestre. Enquanto as receitas com corridas somaram US$ 790 milhões (35% do total), o faturamento com entregas do Uber Eats chegou a US$ 1,2 bilhão (54% do total).

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    Para se ter uma ideia, um ano antes, as entregas representavam apenas 19% – e o setor de entregas concentrava cerca de 75% do negócio.

    Com as pessoas ficando mais tempo em casa essa diferença pode continuar alta entre os dois principais negócios, na visão do professor de empreendorismo do Insper, Marcelo Nakagawa. Se o home office realmente se tornar algo mais recorrente durante a pandemia, as viagens de carro irão diminuir bastante. Ao contrário das entregas.

    Além disso, a criação de um serviço de assinaturas também é uma forma do Uber conseguir ter uma receita recorrente.

    “Ter uma assinatura gera um colchão financeiro e dá um pouco de previsibilidade de que alguma receita vai entrar”, diz Nakagawa.

    Investidores de olho

    E previsibilidade é algo que o Uber precisa – assim como os investidores. No mesmo segundo trimestre, o Uber teve um resultado bem negativo. As receitas caíram 29% no mundo inteiro e o prejuízo ficou em US$ 1,8 bilhão.

    Além disso, há também a questão de garantir a fidelidade dos seus consumidores. No Brasil, o Uber tem concorrentes fortes em todos os segmentos: 99, no transporte, e Rappi e iFood, na entrega de comidas. No mundo, Lyft é o principal concorrente.

    Em entrevista recente ao CNN Business, Fabio Plein, diretor-executivo do Uber Eats, afirmou que a aposta da empresa é na construção de um futuro com mais tecnologia e união entre os negócios, tornando a Uber um aplicativo que traz conveniência para o dia a dia das pessoas.

    “Queremos ser esse app que traz eficiência: que dá a opção de viagem de carro e a pessoa pode escolher o produto para fazer refeição”, disse.

    O atual momento, no entanto, ainda gera desconfiança dos investidores. Não por acaso, enquanto a Nasdaq, que reúne a nata das empresas de tecnologia, subiu 25,7% de janeiro para cá, o Uber acumula uma alta de apenas 6,6%.

    Porém, a comparação piora se for levada em conta desde a abertura de capital da empresa, ocorrida em maio de 2019. A empresa teve queda de 25% das suas ações de lá para cá – com um valor de mercado equivalente a US$ 55,5 bilhões. Para conseguir voltar aos antigos patamares, portanto, a Uber precisará ser bem convincente com os seus acionistas.

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