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    Testagem e cloroquina: os planos do secretário Wizard Martins contra a Covid-19

    Novo secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde da pasta conta os planos de combate à Covid-19

    Carlos WIzard Martins, futuro secretário: "É hora de criar um processo de conscientização"
    Carlos WIzard Martins, futuro secretário: "É hora de criar um processo de conscientização" Foto: Sforza Holding/Divulgação

    André Jankavski, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O convite foi feito e prontamente aceito. Nos próximos dias, quando for publicado no Diário Oficial, o empresário Carlos Wizard Martins, dono da holding Sforza, que é dona de marcas como Mundo Verde, Wise Up e Pizza Hut, no Brasil, estará à frente da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos em Saúde (SCTIE) do Ministério da Saúde.

    Em entrevista ao CNN Brasil Business, o empresário, que é formado em ciência e tecnologia pela Universidade Brigham Young, nos EUA, e que atuava como conselheiro do ministro-interino desde abril, disse que a prioridade zero do Ministério é avançar na prevenção ao coronavírus – tanto com testagem quanto com medicamentos de prevenção. Ele defende que o infectado, logo que identificado, comece a ser medicado, assim como aqueles que vivem com ele. Entre os medicamentos, estão os “polêmicos” cloroquina e hidroxicloroquina.

    Martins, no entanto, acredita que há muita discussão ideológica em cima do tema, apesar de diversos países terem suspendido o uso dos remédios, como Itália, Bélgica e Suécia.

    “Existe muita questão ideológica da cloroquina, mas não muda o fato de que usamos esses medicamentos há 70 anos. Não vai matar a pessoa”, diz Martins. “Eu tenho um filho, Charles Martins, que passou dois anos na África e tomava a cloroquina toda semana. Teve algum dano ou prejuízo? Pelo contrário, tem uma mente brilhante e uma cabeça iluminada.”

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    Sobre a testagem, o futuro secretário afirma que o governo já comprou 10 milhões de testes e repassou para estados e municípios. Questionado se não é um número pequeno, afinal só alcança 5% da população, Martins acredita que o foco precisa ser nos grupos de risco.

    “Não podemos pensar em 5% da população, mas nas pessoas de risco. Um outro aspecto importante: nós temos dois mil municípios que não tem nenhum caso”, diz ele.

    Quanto à reabertura, Martins acredita que ela deve ocorrer, mas tendo a vida como prioridade. Por isso, defende que locais em que ocorram aglomeração de pessoas, como academias, fiquem mais para frente.

    Antes de entrar no ministério, o empresário tinha deixado os seus negócios de lados nos últimos dois anos. Na época, a sua missão, juntamente com a sua esposa, foi ajudar mais de 12 mil refugiados venezuelanos que insistiam em cruzar a fronteira com o Brasil em busca de melhores oportunidades, diante de uma economia totalmente fragilizada. Foi lá que conheceu o general Eduardo Pazuello que, agora, virou o seu patrão.

    Martins assume a secretária em um momento crítico da doença no Brasil. O país deve alcançar o número oficial de 30 mil mortes nesta terça-feira (2). O vírus não dá sinais de que está perdendo força. 

    Confira a entrevista, na íntegra, a seguir:

    Como surgiu o convite para integrar o Ministério da Saúde?

    Eu estava em casa, em Campinas, no dia 17 de abril e o general Pazuello me ligou. Ele disse que o presidente da República estava o nomeando secretário executivo da pasta da saúde e que gostaria que eu fizesse parte da sua equipe. Aceitei com a condição de ser pro bono, sem salário. Hoje, ele anunciou a minha de secretário de ciência da tecnologia do Ministério.

    E como foram as conversas com o ministro-interino?

    Nós estamos alinhados. O general já anunciou que não quer fazer carreira e nem eu. Ele veio para cumprir uma missão, que é combater o coronavírus e gerar o tratamento necessário para aqueles que estão afetados. Estou na mesma missão. Vamos trabalhar juntos, pode ser três meses, seis meses ou mais.

    Então, o senhor vai sair após a crise do coronavírus diminuir?

    Cada ministro tem um time. Eu faço parte do time do ministro-interino e se ele ficar um ano e outro entrar, provavelmente esse novo ministro irá querer fazer o seu time.

    Mas se ele for efetivado no cargo, o senhor continuaria na equipe? O presidente Jair Bolsonaro já afirmou que enxerga Pazuello “muito tempo no cargo”.

    Eu continuaria.

    Como vai ser a estratégia de combate ao coronavírus?

    Temos duas frentes que precisamos estar muito antenados. A primeira delas é o tratamento precoce. Se a pessoa apresenta os primeiros sintomas, como febre, dores no corpo e dificuldade de respirar, ela será diagnosticada e testada. Com o teste positivo, já vai entrar na medicação.

    A medicação inclui cloroquina e hidroxicloroquina?

    Não gosto de falar apenas de cloroquina e hidroxicloroquina, pois são vários medicamentos para o tratamento precoce. Existem outros componentes, mas eles fazem parte da composição. O mais importante é que estamos trabalhando muito mais preventivamente e precocemente. A pessoa voltará para casa e também vamos tratar o entorno dele. Se o cidadão é casado e tem filhos, vamos dar tratamento para todos.

    Mas se os parentes não estiverem diagnosticados, dar medicamentos sem a certeza não pode ser prejudicial para eles?

    Existe muita questão ideológica da cloroquina, mas não muda o fato de que usamos esses medicamentos há 70 anos. As pessoas que vão trabalhar na Amazônia tomam. Não vai matar a pessoa. Eu tenho um filho, Charles Martins, que passou dois anos na África e tomava a cloroquina toda semana. Teve algum dano ou prejuízo? Pelo contrário, tem uma mente brilhante e uma cabeça iluminada.

    Um dos problemas apontados por especialistas é baixa testagem no Brasil. Como o Ministério da Saúde pretende resolver esse problema?

    O Ministério da Saúde trabalha em conjunto com os estados e municípios. O governo, de fato, não testa ninguém: são os estados e os municípios. Nós adquirimos 10 milhões de testes rápidos e foram distribuídos. Com isso, estamos trabalhando juntamente com os governos estaduais e municipais. É um trabalho que feito na ponta e quem exerce.

    Mas 10 milhões de testes não é um número ainda pequeno? Não equivale nem a 5% da população.

    Não podemos pensar em 5% da população, mas nas pessoas de risco. Um outro aspecto importante: nós temos dois mil municípios que não tem nenhum caso. Você entra e sai da cidade e não encontra ninguém. Além disso, tiveram outras cidades que tiveram pessoas contaminadas, mas não registraram morte nenhuma.

    Como empresário e futuro secretário, como o senhor enxerga a questão da reabertura?

    Temos um país com dimensões continentais. Fica muito difícil para o governo federal e para o Ministério da Saúde fazer uma regra que valerá para os mais de cinco mil municípios. Acabei de citar que temos duas mil cidades que não têm nenhum contaminado. Por que vamos dizer para ninguém ir para a escola? Dentro do nosso Brasil há várias Europas. Temos que avaliar estado por estado, cidade por cidade, região por região.

    Porém, as cidades mais atingidas são as maiores e que possuem a maior importância econômica para o país, como São Paulo, Rio de Janeiro e Recife. Essas devem reabrir, na sua opinião?

    Aí tem que ter muita sensibilidade e bom senso. Estamos recomendando serviços que são essenciais e que terão regras. Os estabelecimentos terão medição de temperatura e restrição de acesso de pessoas. Serão várias medidas preventivas e até mesmo com essa abertura parcial e estarão conscientes que estamos no período da pandemia. Não é fazer uma aglomeração de gente.

    Mas o próprio presidente defendeu reaberturas de estabelecimentos como academias, que causam esse acúmulo. O senhor acredita que esses estabelecimentos podem ser liberados?

    Todo o serviço que gere uma aglomeração significativa vai demorar mais. O objetivo é de preservar a vida. Não queremos tomar nenhuma medida que coloque a população em risco.

    Recentemente, o senhor postou em sua rede social que tinha sido convidado para concorrer à prefeitura de Campinas. O senhor tem pretensões políticas?

    Não tenho pretensão política e não quero fazer carreira política. Minha atuação do governo é de caráter humanitário. Eu declarei para o ministro que eu viria só se não fosse remunerado.

    Mas o senhor entra no governo em um momento de polarização e será mais questionado. 

    Eu sou a apartidário. Não torço nem para o A e nem para o B. Nem o presidente tem partido nenhum.

    Quais são os seus objetivos de longo prazo à frente da Secretaria?

    O objetivo de curto prazo é o combate ao coronavírus. É a prioridade zero. A médio e longo prazo, é vontade do ministro interino a construção de um laboratório de nível quatro. Em todo o continente americano, só existem um no Canadá e outro nos Estados Unidos. Já foi aprovado e haverá empenho de recurso. Não é mais uma questão se vamos fazer, mas quando. É para fazer, ser autossustentável e para gerar receita.