‘Só vou procurar emprego quando estiver fora do governo’, diz Mansueto Almeida
Secretário do Tesouro Nacional disse no domingo que deixará cargo para atuar na iniciativa privada, mas negou que já tenha destino certo após a saída
O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, disse nesta segunda-feira (15) que ainda não tem destino certo na iniciativa privada para quando deixar o governo Jair Bolsonaro.
“Não tenho emprego definido, nunca conversei sobre isso com ninguém. Só vou procurar emprego quando estiver fora do governo”, afirmou ao CNN Brasil Business.
A saída do secretário veio a público neste domingo (14) e deve acontecer nos próximos meses.
“Não precisam ficar apavorados, não estou saindo amanhã, nem na próxima semana, nem na outra”, disse na véspera à colunista da CNN Thais Herédia.
O momento para saída de Mansueto, em meio a uma crise econômica sem precedentes, foi considerado ruim pelo mercado, que reagiu negativamente à notícia. Nesta segunda-feira, o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, recua perto dos 2%.
Respeitado no mercado financeiro e com boa interlocução no legislativo, Mansueto é visto como uma espécie de garantidor do processo de ajuste de ajuste das contas públicas. Foi ele o responsável por apresentar ao Congresso uma ampla proposta para recuperar e equilibrar as finanças dos estados e municípios, que acabou conhecida como “Plano Mansueto”.
O projeto foi engolido pela crise do coronavírus, que gerou a necessidade de gastos extras por parte da União, e o que acabou aprovado foi um pacote bilionário para auxiliar financeiramente os entes federativos.
Mansueto garantiu que Tesouro e governo continuarão comprometidos com o ajuste fiscal após sua demissão porque o instrumento está garantido na Constituição e porque a equipe de técnicos que trabalha com ele permancerá na pasta.
Nos últimos meses, ele vinha alertando sobre a fragilidade das contas públicas e sobre o risco de se estender os gastos emergenciais para além da crise do coronavírus. Em maio, disse que manter o auxílio de R$ 600 à população mais vulnerável seria “fiscalmente impossível”.
Nos cálculos do secretário, a dívida bruta do país deve encerrar o ano em uma patamar próximo dos 90% do Produto Interno Bruto (PIB).