Situação da crise energética hoje é pior que a de 2001, diz professor
Em pronunciamento na segunda-feira (28), o ministro de Minas e Energia pediu à população que faça uso racional de recursos como água e energia
Em entrevista à CNN nesta terça-feira (29), Pedro Cortês, professor do Instituto de Energia e Ambiente da USP (Universidade de São Paulo), afirmou que a crise energética vivida atualmente é pior que a de 2001. Segundo ele, para solucionar o problema, a meta deve ser economizar energia “o máximo possível”.
“Efetivamente, a situação é pior do que em 2021. O que nos diferencia hoje é que o sistema tem mais flexibilidade. Naquela época, nós éramos altamente dependentes da geração hidroelétrica. Hoje temos a geração eólica e a termelétrica, e o sistema está bem interligado. Então, isso confere maior flexibilidade na gestão da crise”, explicou Cortês.
Além disso, segundo o docente, o governo federal não utiliza o termo “racionamento”, pois é muito mal recebido pela população brasileira, especialmente, disse ele, num período pré-eleitoral e quando o governo tem instrumentos para gerir melhor a crise.
“Não que os efeitos sejam agradáveis ou suaves, mas ele [o governo] pode contar num primeiro momento com aumento de tarifa, que deve ocorrer entre hoje e amanhã, pode ser um aumento na bandeira vermelha patamar 2, pode ser a criação de uma nova bandeira, pode negociar com as indústrias eletrointensivas, que são aquelas que consomem mais energia para que elas façam remanejamento dos turnos produtivos para o período da madrugada onde o governo tem melhores condições de atender a demanda dessas empresas. E isso, para as indústrias, é plenamente possível.”
Em pronunciamento ao país na noite de segunda-feira (28), o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, declarou que o Brasil vive a pior situação hídrica dos últimos 91 anos e pediu à população que faça uso racional de recursos como água e energia.
“Foi a pior afluência dos últimos 91 anos. O que nos levou a adotar novas medidas. Os reservatórios do sudeste estão com 30,2% da capacidade. Não queremos chegar em 2022 com dependência do período úmido. Por isso, começamos a adotar diversas medidas para fazer frente a esse período excepcional”, disse o ministro em rede nacional. Segundo ele, o quadro “provocou a natural preocupação de muitos brasileiros com a possibilidade de racionamento de energia, como aconteceu em 2001”.
(*supervisionada por Elis Franco; com informações de Ana Carolina Nunes, do CNN Brasil Business)