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    Sem trégua na inflação, juros devem ficar acima do patamar neutro, diz Copom

    Tal estratégia visa assegurar a ancoragem das inflações de 2022 e 2023 em suas respectivas metas, indica o comitê de política monetária em ata

    Anna Russi , da CNN, em Brasília

     

    Com a contínua alta nas projeções para a inflação de 2021, o Comitê de Política Monetária (Copom) já considera elevar a Selic para acima do patamar neutro, considerado em torno de 6,5% ao ano pelo mercado financeiro. Tal estratégia visa assegurar a ancoragem das inflações de 2022 e 2023 em suas respectivas metas. 

    “Caso não haja mudança nos condicionantes de inflação, são necessárias elevações de juros subsequentes, sem interrupção, até patamar acima do neutro para que se obtenha projeções em torno das metas de inflação no horizonte relevante”, diz a ata da 240ª reunião do Copom, publicada nesta terça-feira (10). 

     

    Com essa avaliação, o Comitê justifica um ajuste de juros mais consistente com uma política monetária contracionista, explicando também o ajuste mais tempestivo de 1 ponto percentual na última semana, que elevou a Selic para 5,25%. 

    O Copom admitiu surpresa com o componente subjacente da inflação de serviços, bem como com a continuidade da pressão sobre bens industriais, considerando tal composição mais “desfavorável”. 

    “A inflação ao consumidor continua se revelando persistente. […] Há novas pressões em componentes voláteis, como a possível elevação do adicional da bandeira tarifária e os novos aumentos nos preços de alimentos, ambos decorrentes de condições climáticas adversas”, destaca já prevendo alta nas projeções de curto prazo. 

    Outro destaque do documento é o alerta para o impacto de previsões inflacionárias mais altas no risco fiscal e na trajetória da dívida pública. 

    “Apesar da melhora recente nos indicadores de sustentabilidade da dívida pública, o risco fiscal elevado segue criando uma assimetria altista no balanço de riscos, ou seja, com trajetórias para a inflação acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária”. 

    Ainda assim, o Comitê continua esperando uma retomada robusta da atividade econômica no segundo semestre, considerando, principalmente, que os efeitos da vacinação sejam sentidos de forma mais abrangente. 

    Cenário externo 

    Apesar de manter a visão de que o ambiente internacional segue favorável para países emergentes, com estímulos monetários de longa duração e reabertura das principais economias, o Copom 
    ponderou que a evolução da variante Delta da Covid-19 adiciona risco à recuperação da economia global. 

    Além disso, pontuou-se o risco “relevante” de aumento da inflação nas economias centrais, que dependerá, segundo o Comitê, dos canais de demanda. 

    “Nesse contexto, novas discussões sobre o risco de um aumento duradouro da inflação nos Estados Unidos e a consequente reprecificação nos mercados financeiros podem tornar o ambiente para as economias emergentes desafiador”, acrescenta.

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