Risco de descontrole fiscal é maior ameaça ao país, diz pesquisa do BOFA
Para 63% dos gestores e investidores com ativos na América Latina, o descontrole fiscal é o maior risco do Brasil atualmente
Para 63% dos gestores e investidores com ativos na América Latina, o descontrole fiscal é o maior risco do Brasil atualmente. A indefinição do orçamento federal deste ano é a fonte de tanta incerteza, segundo pesquisa do Bank of America.
Em março, o temor do rompimento das regras dos gastos públicos foi apontado por 50% dos entrevistados pela instituição financeira. Sem uma solução que preserve os limites fiscais, como o teto de gastos, a insegurança dos investidores com Brasil aumenta.
O aumento de gastos para lidar com a segunda onda da pandemia já é liquida e certa para 90% dos investidores ouvidos pelo BOFA. Despesas que poderão ficar fora do teto, ou com alguma flexibilização moderada das regras. O levantamento mostra, porém, que menos de 5% acreditam que a lei do teto de gastos será desfigurada ou abandonada.
Apesar da piora na percepção de risco com as contas públicas, os investidores ouvidos pelo banco americano acreditam que a retomada da economia vai acontecer até final deste ano com avanço da vacinação. Pouco mais de 40%, ao final do quatro trimestre deste ano a atividade econômica poderá voltar ao nível pré-pandemia.
Cerca de 70% dos entrevistados esperam alta do PIB entre 2% e 3% em 2021. Em março, no levantamento anterior, a expectativa estava mais positiva, para uma recuperação mais forte, entre 3% e 4%. A piora da estimativa está relacionada ao atraso da vacinação no país.
Sobre agenda econômica que está no Congresso Nacional, o pessimismo cresceu. Mais da metade dos gestores não vê mais chances da reforma tributária ser aprovada este ano. Apontada como uma das principais reformas para melhora do ambiente de negócios no país, a tributária segue sem consenso e sem avanço na comissão mista informal que foi criada no início de 2020.
Se a vacinação avançar com mais velocidade, a expectativa dos investidores melhora para os ativos financeiros e, principalmente, para o desempenho da bolsa de valores. Mas nada de euforia. Para 84% dos entrevistados pelo BOFA, o limite para acomodação no mercado de ações deve ser de 130 mil pontos no índice da B3.
A pesquisa do Bank of America foi realizada entre os dias 5 e oito de abril, com a participação de 32 gestores que administram US$ 89 bilhões em ativos na América Latina.