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    Reino Unido perde liderança mundial em viagens em meio à pandemia

    País perdeu espaço para destinos na Europa, que possuem menos restrições

    Aeroporto de Heathrow, em Londres, perdeu o posto de aeroporto mais movimentado da Europa
    Aeroporto de Heathrow, em Londres, perdeu o posto de aeroporto mais movimentado da Europa Reuters/Toby Melvill

    Hanna Ziadydo CNN Business

    Os estritos requerimentos de testagem para Covid-19 do Reino Unido para visitantes estrangeiros e os britânicos que buscaram passar as férias fora do país tiveram um “impacto devastador” na indústria de turismo britânica no verão, fazendo com que ela ficasse atrás de rivais europeus e colocando milhares de empregos em risco.

    As informações são da Associação de Viagens do Reino Unido, que disse na terça-feira (14) que mais de dois terços dos seus membros estão planejando novas demissões assim que o apoio do governo para salários terminar neste mês.

    Enquanto isso, o Aeroporto de Heathrow, em Londres, revelou na segunda-feira (13) que ele é agora o décimo aeroporto mais movimentado da Europa, perdendo a liderança no ranking que ele atingiu em 2019.

    “O governo precisa acordar e perceber o dano que suas medidas estão fazendo para a indústria de viagens do Reino Unido e o impacto que elas têm na recuperação da economia como um todo”, disse o presidente da Associação de Viagens, Mark Tanzer, em um comunicado.

    “Uma indústria de turismo menor significa uma indústria de aviação menor, com menos rotas e voos. Não é assim que você atinge um Reino Unido global”, afirmou.

    Apesar de ter uma das campanhas de vacinação mais bem-sucedidas do mundo, o governo do Reino Unido manteve uma série de requerimentos para visitantes e para britânicos que buscam deixar o país.

    Os viajantes precisam fazer testes caros para o coronavírus antes da saída e após o retorno à Inglaterra, mesmo se estiverem completamente imunizados e viajando de países considerados de baixo risco para o vírus pelo governo.

    Qualquer pessoa chegando de um país considerado de alto risco precisa fazer uma quarentena de 10 dias em um hotel, pago pelos viajantes.

    Em comparação, os cidadãos da União Europeia que tomaram as duas doses já podem viajar há meses pela Europa sem precisar fazer um teste, de acordo com a Associação de Viagens. “As medidas excessivamente cautelosas do governo para viagens fizeram com que o Reino Unido ficasse atrás dos seus competidores europeus”, disse.

    Antes da pandemia do coronavírus, Heathrow era o aeroporto mais movimentado da Europa, recebendo um número recorde de 80.9 milhões de passageiros em 2019.

    Agora, ele está atrás de grandes rivais, como os aeroportos Schiphol, em Amsterdã, Charles de Gaulle, na França, e Frankfurt International, na Alemanha. Ele também ficou atrás de aeroportos menores na Turquia e na Rússia.

    O número de passageiros caiu 71% em agosto em comparação ao mesmo mês em 2019, e o volume de cargo ficou 14% mais fraco. Alguns competidores europeus atingiram o nível pré-pandemia em volume de cargo no fim de 2020, segundo o Aeroporto de Heathrow.

    Dados do Conselho Internacional de Aeroportos da Europa mostram que Heathrow recebeu menos de 3.9 milhões de passageiros na primeira metade deste ano, uma queda de 90% em relação a 2019.

    Os números não são um bom sinal para a capacidade do Reino Unido de recuperar seu status como o décimo lugar mais popular no mundo para turistas internacionais, atingido em 2019.

    O país também era o quarto que mais investiu em turismo naquele ano, ficando atrás apenas da Alemanha, Estados Unidos e da China, o que indicou um número alto de viajantes para outros países, de acordo com a Organização para Turismo Mundial das Nações Unidas.

    Heathrow e a Associação de Viagens pediram para o governo do Reino Unido retirar a necessidade de teste para a Covid-19 para viajantes completamente imunizados quando o governo revisar os requerimentos em 1 de outubro.

    Eles também querem uma revisão e simplificação do atual sistema de “semáforo”. O sistema classifica os países como vermelho, âmbar ou verde para o coronavírus, com diferentes regras para cada categoria.

    “O sistema de semáforo atual é um ponto fora de curva, e está atrasando as ambições globais do governo, dando para os rivais uma vantagem competitiva enquanto o Reino Unido perde sua fatia de mercado”, afirmou o Aeroporto de Heathrow em comunicado.

    A companhia aérea EasyJet disse em julho que mudou alguns voos do Reino Unido para a Europa, onde a demanda era maior.

    Um porta-voz do Departamento de Transporte disse que a “maior prioridade” do governo era proteger a saúde pública, e que o sistema de semáforo é revisado regularmente.

    “Nós reconhecemos os tempos difíceis que o setor de viagem enfrente, e por isso destinamos cerca de 7 bilhões de libras (US$ 9.7 bilhões) em apoio até setembro de 2021, e continuamos a trabalhar com a indústria para ajuda-la a navegar este período difícil”, disse ele.

    O Conselho Mundial de Viagem e Turismo estimou em julho que a falta de viajantes estrangeiros no Reino Unido estava custando 639 milhões de libras (US$ 889 milhões) para o país por dia.

    “O ano de 2021 corre o risco de ser tão ruim quanto 2020 para o setor de viagem e turismo [no Reino Unido], apesar do incrivelmente bem-sucedido processo de vacinação”, disse a presidente do conselho, Julia Simpson, em um comunicado no começo deste mês.

    (Texto traduzido. Leia aqui o original em inglês.)