‘Rei das franquias’, Semenzato está otimista: recuperação virá no 2º semestre
Dono de rede com 14 marcas, ele confia em uma recuperação em V e conta com o bom senso de consumidores e empresários para uma reabertura segura da economia
Apesar do choque causado pela pandemia do novo coronavírus, José Carlos Semenzato, o “rei das franquias”, está confiante de que conseguirá cumprir as metas traçou para seu negócio em 2020.
Ele é dono da holding SMZTO, que agrega 14 marcas de franquias de setores variados, como Espaçolaser, Instituto Embelleze, Oakberry, L’Entrecôte de Paris e OdontoCompany. O plano é que, juntas, as empresas gerem de R$ 3,4 bilhões a R$ 3,5 bilhões em vendas neste ano. É um número ousado: representa um aumento de quase 50% sobre os R$ 2,4 bilhões alcançados em 2019.
“Eu ainda não desisti. Não vamos mudar a meta e vamos tirar o atraso agora neste segundo semestre”, disse em entrevista ao CNN Brasil Business.
Para isso, Semenzato conta com o bom senso de empresários e consumidores para que haja uma reabertura segura da economia. “Estou muito crente de que vamos ter uma recuperação em V. Espero estar certo”, afirma, citando os juros nas mínimas históricas e as consequentes oportunidades de financiamento a custo reduzido como possíveis motores para uma retomada da atividade.
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Conta ainda com o “trabalho dobrado” dos franqueados até dezembro, missão que não será simples. Segundo Semenzato, em abril e maio, as receitas do grupo, como um todo, caíram entre 15% e 20%. Em junho, a queda foi menor, de 10%. Ele acredita que, neste mês, o faturamento mensal retorna aos níveis pré-crise.
O que ajudou a evitar um tombo mais profundo nas vendas foi o fato de parte das franquias estarem enquadradas na categoria de serviços essenciais – caso da OdontoCompany, de consultórios odontológicos, da Oral Sin, de implantes dentários e da PartMed, de clínicas de saúde populares.
Ao todo, consideradas todas as marcas, a SMZTO tem 2,2 mil lojas pelo país. E a presença em vários estados, com diferentes níveis de medidas de isolamento social, também contou a favor.
Do lado negativo, cerca de 400 clínicas de depilação da Espaçolaser ficam dentro de shoppings e ficaram fechadas durante o período mais rígido das quarentenas.
As franquias de alimentação, diz Semenzato, também sofreram bastante, porque, diferentemente das de serviços, não têm receitas recorrentes, ou seja, se o negócio não abre, depois de algum tempo, não entra dinheiro no caixa. “O setor aguenta 30 dias”, diz.
Ajuda na ponta
Diante da diversidade de segmentos e também da diferença na maturidade dos franqueados – parte já está estabelecida, outros acabaram de abrir o negócio – a SMZTO traçou estratégias individuais para auxiliar os empreendedores a atravessarem a turbulência.
“Os mais novos são os que mais precisam de ajuda, porque não têm recebíveis recorrentes na carteira. Às vezes, o empreendedor se alavancou um pouquinho, fez um financiamento bancário para inaugurar a operação”, diz Semenzato.
Segundo o empresário, de maneira geral, as empresas do grupo estavam capitalizadas, o que possibilitou a isenção do pagamento de royalties pelos franqueados em abril e maio. A holding também negociou com bancos e maiores fornecedores o refinanciamento de dívidas e crediários e orientou os parceiros a renegociarem aluguéis.
As medidas, de acordo com ele, garantiram a sobrevivência das lojas e evitaram demissões em massa. A holding tem mais de 25 mil funcionários.
Novas franquias
Das 2,2 mil lojas franqueadas que formam a SMZTO, cerca de 400 foram abertas neste ano. A ideia é inaugurar (o que neste negócio significa vender) outras 500 até dezembro.
Apesar de Semenzato pregar que o segmento de franquias é resiliente nas crises porque com a alta do desemprego a busca por investimentos seguros cresce (para ele, as franquias se enquadram nesse nicho porque têm modelos de negócio já testados), as vendas de novas unidades da holding caíram pela metade durante os piores momentos da pandemia, em abril e maio.
“Os outros 50% estão ou estavam em um período de dormência”, diz o empresário. “Mas o apetite está grande. De julho em diante eu já pretendo bater a meta normalmente e, de agosto a setembro, queremos superá-la, tirar esse ‘gap’ de dois, três meses que tivemos.”
Da falência ao ‘reino das franquias’
Semenzato é figura conhecida do público. Ele é jurado do programa de empreendedorismo Shark Tank, da Sony. No passado, também fez merchandising de sua antiga empresa, a Microlins, em programas populares da TV aberta.
A companhia de cursos profissionalizantes chegou a ter mais de 700 escolas e foi vendida em 2010 por cerca de R$ 110 milhões ao concorrente Grupo Multi, na época controlado pelo também famoso empresário Carlos Wizard Martins.
Anos antes, Semenzato chegou a praticamente falir. Em 1994, com a instituição do Plano Real, as taxas de juros subiram e tornaram impagáveis as prestações de leasings de computadores feitos pela Microlins. A saída foi franquear a empresa e ganhar escala – foi quando o interesse do empresário por esse modelo de negócio começou.
Mesmo com essa trajetória, Semenzato considera a crise do coronavírus desafiadora. “[Na época da falência] eu deixava os problemas de lado e ia atrás das vendas. Durante uma pandemia como esta, não dá pra você dizer: vírus, fica aqui do lado que eu vou continuar vendendo”, afirma. “Mas uso a experiência do passado para transferir calma para as pessoas e dizer: franqueados, nós estamos juntos. Vai passar.”
Hoje conhecido como “rei da franquias”, Semenzato tem a apresentadora Xuxa Meneghel como sócia em dois negócios: a Espaçolaser e Casa X, de espaços para eventos.
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