Reforma do IR: risco de haver excessos é significativo, diz Ana Carla Abrão
A economista da consultoria Oliver Wylman e ex-secretária da Fazenda de Goiás deu entrevista à CNN na noite desta segunda-feira (12)
O Congresso Nacional dá sinais de que vai mexer na reforma do Imposto de Renda, após uma leva de reclamações do setor privado sobre aumento da carga tributária. Para a economista Ana Carla Abrão, da consultoria Oliver Wylman, porém, o risco desse movimento gerar excessos para o outro lado, de forma a desequilibrar ainda mais a situação fiscal do país existe e não é pequeno.
“Esse risco é bastante significativo e devemos ter novidades pela frente, especialmente em situações em que o próprio governo mostra fragilidade na articulação politica, no caso da reforma tributária, que já chegou com tantas resistências, embora todos busquemos um sistema de impostos mais justo”, diz a ex-secretária da Fazenda de Goiás em entrevista à CNN.
A reforma do Imposto de Renda deve gerar um impacto total de R$ 2,47 bilhões em aumento de arrecadação em 2022, de acordo com detalhamento das projeções divulgado pela Receita Federal nesta segunda-feira. Esse número animou o Ministério da Economia e o mercado. No entanto, para a especialista em contas públicas, não há muito o que comemorar.
“Eu estou na ponta pessimista dos economistas, do ponto de vista das contas fiscais. Sem dúvida, temos fatores que ajudam, como a inflação, que vai jogar um papel importante nos resultados fiscais, e o teto de gastos, que barra o crescimento das despesas, embora nosso déficit continue elevado”, diz. “No entanto, embora as contas pareçam estar em melhor situação, por baixo, todo nosso desequilíbrio fiscal continua e vai ter que ser resolvido com reformas”, diz.
Ana Carla ressalta ainda que, embora a agenda de reformas tem apresentado algum avanço, como o marco do saneamento e a lei de autonomia do Banco Central, o saldo do que foi entregue pelo governo até agota é pequeno em relação ao que era esperado e ao que foi prometido.
A economista também critica o texto que foi aprovado no Congresso que viabiliza a capitalização da Eletrobras. “Esse projeto veio a um custo enorme ao consumidor, que deveria ser o grande beneficiário. Na medida que o governo tem uma base enfraquecida, pouca articulação e pouca liderança, isso gera como resultado de proposta de privatização um retrocesso, não consigo ver como entrega de uma agenda liberal”, diz.
*Texto publicado por Ligia Tuon