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    Rappi reclama do iFood no Cade – e a guerra dos apps vai além dos cupons

    A Rappi reclama que o iFood aproveita do seu tamanho, com 75% do mercado, para fechar acordos de exclusividade com restaurantes (o que prejudica a concorrência)

    Entregador do Rappi: guerra dos aplicativos vai, agora, ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica
    Entregador do Rappi: guerra dos aplicativos vai, agora, ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica Foto: Luisa Gonzalez/Reuters

    André Jankavski,

    do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O céu fechou no setor de aplicativos para refeições. O Rappi, que é o terceiro maior do mercado, enviou para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) uma representação contra o líder iFood. E se antes a briga era através de cupons de desconto, agora partiu para a disputa no tribunal.

    O principal motivo é a questão dos acordos de exclusividade. Segundo uma pessoa com acesso ao documento enviado ao Cade, a reclamação do Rappi é que o iFood aproveita do seu tamanho para fazer propostas de exclusividade mais robustas e, assim, concentra cada vez mais o mercado.

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    De acordo com levantamentos realizados dentro do setor com consultorias independentes, estima-se que o iFood possua 75% do mercado, seguido por Uber Eats, com cerca de 14%, e em terceiro vem o Rappi, com 7% de participação. Isso, segundo consultores, faz a empresa ter uma espécie de ‘bolso infinito’ para ‘comprar exclusividade’.

    Por isso, na visão de pessoas com acesso ao processo, “existe um elefante na sala.” Quanto mais o iFood cresce, pior vai ficar para o mercado, segundo eles. “Mesmo na pandemia e com base maior, o iFood cresceu mais do que a concorrência na pandemia”, diz uma fonte. 

    Mas é bom lembrar que não é apenas o iFood que tem essa prática do mercado.

    O CNN Business apurou que uma grande rede de supermercados de São Paulo recebeu uma proposta de R$ 5 milhões do Rappi pela exclusividade. Logo depois, veio o iFood e ofereceu o pagamento da multa e R$ 7 milhões pelo contrato. O Rappi abriu a carteira e ofereceu R$ 9 milhões para fechar o contrato.

    “Isso representou 10% do lucro líquido da empresa. A varejista estava comemorando o dinheiro sem fazer esforço”, diz uma fonte.

    Uma pessoa com conhecimento do processo afirmou que a ideia do Rappi não é pedir um desmembramento do iFood. Não, pelo menos, neste momento. O objetivo é que o Cade ouça todos os concorrentes para entender como funciona o mercado.

    Como se trata um negócio relativamente novo – e que disparou com a pandemia –, havia uma ideia de que o Cade precisa ter mais atenção.

    Procurado, o Cade afirmou que “não emite manifestação fora de processos públicos em tramitação na autarquia.”

    Já o Rappi foi procurado e decidiu não se posicionar. O iFood não respondeu ao CNN Business até a publicação desta reportagem.

    Gastança é sustentável?

    Mas essa “gastança” pela aquisição de clientes (por meio de cupons de desconto) e de restaurantes (com essa espécie de bônus de assinatura) pode fazer com que o mercado sofra do mesmo mal que outros segmentos.

    Nos últimos anos, por exemplo, Uber, 99, Cabify e Easy Taxi, apenas para citar alguns, “compravam” os clientes com todos os tipos de descontos. A ideia era que o “vencedor leva tudo” e daí a importância de conseguir clientes a qualquer custo.

    De fato, atualmente, 99 e Uber reinam praticamente sozinhos. Mas a custo de muito caixa – e de investidores cobrando resultados, como aconteceu com a Uber em plano global. Não por acaso, somente neste mês, o Uber conseguiu superar o seu valor de mercado durante a sua estreia na Bolsa de Nova York, em novembro de 2019. 

    E essa bonança vista no transporte de usuários faz parte do momento do setor de entregas de comida. As vendas pela internet, em geral, deram um salto com a pandemia e as quarentenas. Na visão de Renato Mendes, professor do Insper e especializado em startups, a Covid-19 acelerou essa gastança.

    “Antigamente, cada um estava em seu quadrado, mas agora as empresas parecem não ter mais limites. A lógica de construção, agora, é o ganho de escala”, diz Mendes. Porém, não é possível saber até quando essa queima de dinheiro será possível.

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