Produção industrial recua 1,3% em abril e fica abaixo do patamar pré-pandemia
Esse é o terceiro resultado negativo consecutivo do índice. O número ficou muito abaixo do esperado pelo mercado
A produção industrial brasileira registrou queda de 1,3% em abril na comparação com o mês anterior, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (2). Esse é o terceiro resultado negativo consecutivo do índice.
Com isso, a produção industrial fica 1% abaixo do patamar pré-pandemia e 17,6% abaixo do nível recorde, registrado em maio de 2011.
“O crescimento da produção industrial já vinha mostrando um arrefecimento desde a segunda metade do ano passado. Com a entrada de 2021, o recrudescimento da pandemia e todos os efeitos que isso traz, o setor industrial mostrou uma diminuição muito evidente de seu ritmo de produção. Isso fica claro não só pelos resultados negativos, mas também pelo maior espalhamento desse ritmo de queda”, diz o gerente da pesquisa, André Macedo.
Em 2021, o setor industrial acumula ganho de 10,5% e, nos últimos 12 meses, de 1,1%.
O resultado do mês ficou muito abaixo do esperado pelo mercado. O consenso foi firmado em queda de 0,1%.
“Estes dados se contrapõem aos dados do PIB do 1º trimestre divulgados ontem e apontam que a recuperação econômica ainda é incipiente de certa forma”, comenta André Perfeito, economista-chefe da Necton.
O resultado foi puxado principalmente pela retração de 9,5% de Coque, Produtos Derivados do Petróleo e Biocombustíveis. Todos os produtos desse segmento tiveram queda na produção em abril.
A segunda atividade com maior impacto no índice foi Produtos Alimentícios, que teve queda de 3,4% na comparação com março.
“O comportamento negativo elimina o saldo positivo de 3,3% que foi observado nos três primeiros meses do ano. Também se observam influências negativas importantes dos principais produtos investigados dentro dessa atividade, desde os ligados aos bens intermediários, como o açúcar e os derivados de soja, até os que estão dentro do semi e não duráveis, que são mais associados com a nossa alimentação no dia a dia”, diz o pesquisador.
Outros impactos negativos entre as atividades vieram de Impressão e Reprodução de Gravações (-34,8%), Produtos de Metal (-4,0%), Couro, Artigos para Viagem e Calçados (-8,9%), Celulose, Papel e Produtos de Papel (-2,6%), Confecção de Artigos do Vestuário e Acessórios (-5,2%), Produtos Têxteis (-5,4%) e Móveis (-6,5%).
Comparação com abril de 2020
Quando comparada a abril do ano passado, a produção industrial cresceu 34,7%, a taxa mais elevada desde o início da série histórica da pesquisa, em janeiro de 2002. O recorde do indicador é explicado pela baixa base de comparação, uma vez que, em abril de 2020, o setor havia recuado 27,7%, a maior queda já registrada na série.
À época, a retração foi influenciada pela intensificação das paralisações ocorridas no setor industrial em decorrência das medidas de isolamento social para combater a disseminação da Covid-19, informou o IBGE.