Produção de minério da Vale cresce no 2º tri apesar de Covid-19; vendas caem
A comercialização de minério de ferro caiu 11,8% na comparação anual, devido ao tempo de espera de logística entre produção e vendas
A produção de minério de ferro da Vale no segundo trimestre somou 67,6 milhões de toneladas, aumento de 5,5% na comparação com o mesmo período do ano passado e de 13,4% ante o primeiro trimestre de 2020, apesar de efeitos negativos relacionados à pandemia do coronavírus, que reduziu o número de funcionários nas operações.
Já a comercialização de minério de ferro caiu 11,8% na comparação anual, devido ao tempo de espera de logística entre produção e vendas, com muitas delas ficando para o próximo trimestre.
Mas houve aumento de 5,7% ante o primeiro trimestre, quando a empresa sofreu com problemas climáticos, atrasos na retomada de produção em minas e outros impactos causados pelo coronavírus.
A companhia explicou ainda nesta segunda-feira, em seu relatório de produção, que a abordagem de vendas segue “uma estratégia de maximização de margem, priorizando produtos blendados em seu portfólio, o que aumenta o ‘lead time’ (tempo de espera) entre produção e vendas”.
A Vale, que vem lidando para retomar parte da produção suspensa pelo acidente com uma barragem em Brumadinho (MG), em 2019, informou que a extração de minério de ferro em junho ficou acima de 25 milhões de toneladas, “apresentando forte aceleração em relação aos níveis de abril e maio”, e entrando em um período sazonalmente forte, com níveis mais baixos de chuva.
Segundo a Vale, o empreendimento S11D, no Pará, atingiu um “run-rate” de 91 milhões de toneladas em junho, que provavelmente melhorará no segundo semestre, “em direção a uma produção anual ligeiramente acima” de 85 milhões de toneladas.
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No entanto, a empresa disse que impactos relacionados à Covid-19 somaram 3,5 milhões de toneladas no segundo trimestre. A companhia também sofreu com eventos não recorrentes, como manutenção de correias transportadoras de longa distância no S11D, com um impacto negativo de 2,1 milhões de toneladas e a parada prevista da mina de Fazendão em fevereiro, devido ao esgotamento da área de mineração licenciada.
A companhia declarou que o guidance para a produção de finos de minério de ferro em 2020 permanece inalterado em 310-330 milhões de toneladas, mas salientou que o cenário mais provável é que “fique na extremidade inferior” da meta.
Além da suspensão das operações no complexo de Itabira (MG) no segundo trimestre por 12 dias, onde autoridades entenderam que havia riscos relacionados ao coronavírus, a empresa está lidando com o aumento do absenteísmo de funcionários relacionado à quarentena nas operações do Sistema Norte, a partir da abordagem “teste-rastreamento-tratamento”.
Diante disso, a empresa estima uma perda de produção adicional, devido à pandemia, de 6,3 milhões de toneladas de minério de ferro no segundo semestre.
“Perdas de volumes adicionais relacionadas ao absenteísmo pelos efeitos da Covid-19 não podem ser completamente descartadas para os próximos trimestres. No entanto, os níveis de absenteísmo estão em 2/3 de seu pico em abril, e existe um ‘buffer’ importante para ajudar a mitigar esse risco”, comentou.
Segundo a Vale, os marcos para alcançar o guidance incluem produção próxima a 200 milhões de toneladas em 2020 no Sistema Norte, um sólido desempenho no S11D e o reinício da Serra Leste, com capacidade para 6 milhões de tonelada/ano, esperado para o quarto trimestre, após a companhia receber autorizações para retomar as atividades nessa unidade.
Além disso, o guidance prevê melhorias operacionais no Complexo de Itabira, que foi impactado por manutenção no primeiro trimestre e pela Covid-19 no último trimestre.
A pandemia também tem causado lentidão nos planos da empresa para retomar plenamente as minas de Timbopeba, Fábrica, Vargem Grande e Brucutu, em Minas Gerais.
A companhia ainda está tendo que lidar com regras mais rigorosas para produzir minério de ferro, por parte dos reguladores, após o desastre de Brumadinho.
“Os impactos relacionados à Covid-19 nas obras de Timbopeba, Fábrica e Complexo de Vargem Grande… refletem níveis mais baixos de pessoal nas construções e, portanto, menor progressão das obras”, disse a empresa, lembrando que o ritmo das construções também deve ser desacelerado na estação chuvosa, com início esperado em novembro.
O guidance da Vale para produção de pelotas em 2020 foi revisado de 35-40 milhões de toneladas para 30-35 milhões, devido principalmente a ajustes de produção que refletem a disponibilidade de “pellet feed” na unidade de Itabira; ao adiamento da retomada da planta de pelotização de Vargem Grande para 2021; e à menor demanda do mercado.
No segundo trimestre, a produção de pelotas somou cerca de 7 milhões de toneladas, queda de 22% na comparação anual, enquanto as vendas tiveram recuo semelhante, para 6,95 milhões de toneladas.
Já a produção de níquel acabado atingiu 59,4 mil toneladas no segundo trimestre, aumento de 32% ante o mesmo período do ano passado, principalmente, devido ao forte desempenho nas refinarias do Atlântico Norte.
As vendas de níquel, por sua vez, atingiram 42,4 mil toneladas, ficando 26,3% abaixo do mesmo período do ano passado principalmente por causa da contínua demanda fraca decorrente das condições econômicas provocadas pela pandemia da Covid-19.
A produção de cobre atingiu 84,5 mil toneladas no segundo trimestre (-14% ante o mesmo período do ano passado), com volumes afetados também por fatores relacionados ao coronavírus.
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