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    Preços do carvão na China atingem alta recorde e cortes de energia continuam

    Carvão é principal fonte de energia na China, chegando a quase 60% do uso energético total do país em 2020

    Laura Hedo CNN Business* , em Hong Kong

    As inundações no norte da China estão atingindo fortemente um importante centro de produção de carvão, elevando os preços e complicando os esforços de Pequim para enfrentar a escassez de energia

    As fortes chuvas forçaram o fechamento de 60 minas de carvão na província de Shanxi, o maior centro de mineração de carvão da China, de acordo com um comunicado divulgado no sábado (9) pelo Departamento de Gerenciamento de Emergências do governo provincial. A província concentra um quarto da produção de carvão do país.

    A província adjacente de Shaanxi, que ocupa a terceira posição no país em produção de carvão, também relatou fortes chuvas e deslizamentos de terra que prejudicaram as operações nas minas locais, de acordo com o Securities Times, um jornal financeiro nacional.

    O preço dos contratos futuros de carvão térmico, que é usado principalmente para gerar energia, atingiu seu pico na segunda-feira (11) na Bolsa de Mercadorias de Zhengzhou – até 12%, para 1.408 yuans (US$ 219) por tonelada métrica. O preço mais que dobrou este ano.

    O carvão é a principal fonte de energia na China e é amplamente utilizado para aquecimento, geração de energia e siderurgia. No ano passado, representou quase 60% do uso total de energia do país.

    E o clima extremo atingiu exatamente quando a China tentava diminuir a falta de energia aumentando a produção de carvão e permitindo que as usinas movidas a carvão cobrassem mais por sua eletricidade.

    A escassez de energia se espalhou para 20 províncias chinesas nas últimas semanas, forçando o governo a racionar eletricidade durante os horários de pico e algumas fábricas a suspender a produção. Isso prejudicou a produção industrial e está pesando sobre as perspectivas econômicas da China.

    Por que a China está sem energia?

    A falta de energia é resultado de uma série de fatores que impulsionaram a demanda e reduziram o fornecimento. O boom da construção pós-pandêmica da China tem sido fortemente dependente de combustíveis fósseis, enquanto um esforço nacional para reduzir as emissões de carbono levou centenas de minas de carvão a fechar ou cortar a produção no início deste ano – elevando os preços do carvão. As restrições ao carvão do principal fornecedor da Austrália e as adversidades climáticas agravaram o problema.

    Um verão mais quente do que o normal levou as pessoas a usar uma quantidade recorde de energia em julho, de acordo com a Administração Nacional de Energia da China. A agência acrescentou que o consumo geral de energia de janeiro a agosto cresceu 14% em relação ao mesmo período do ano passado. Mas as fontes de energia renováveis, como a hidrelétrica, foram prejudicadas pela seca nos últimos meses.

    “Os cortes de eletricidade na China aumentarão as tensões econômicas, pesando sobre o crescimento do PIB em 2022”, disseram analistas da Moody’s em um relatório de segunda-feira. Eles acrescentaram que “os riscos para as projeções do PIB podem ser maiores à medida que as interrupções na produção e nas cadeias de abastecimento se propaguem”.

    Os problemas levaram o governo central da China a permitir que usinas elétricas movidas a carvão aumentassem o preço que cobram pela energia em até 20%.

    “Desde o início deste ano, os preços da energia no mercado internacional aumentaram fortemente, e a oferta doméstica de energia e carvão continuou apertada”, disse o Conselho de Estado, o gabinete do país, em comunicado. “Esses fatores levaram a cortes de energia em alguns lugares, afetando as operações econômicas normais e a vida dos residentes”.

    As usinas de energia na China não estavam dispostas a aumentar a produção por causa do alto custo do carvão. E como Pequim controla o custo da energia, os produtores não podiam simplesmente aumentar seus preços sem a autorização do governo.

    O governo está tomando outras medidas para aliviar a crise. As autoridades da Mongólia Interior – a segunda maior província produtora de carvão da China – também pediram na sexta-feira que 72 minas aumentassem a produção em 98,4 milhões de toneladas, o equivalente a cerca de 30% da produção mensal de carvão da China.

    O problema de energia pode em breve pesar sobre os consumidores de outras maneiras, como o emaranhado de cadeias de suprimentos durante a próxima temporada de compras de fim de ano. A cidade de Yiwu, na província de Zhejiang oriental – um importante centro de comércio eletrônico – está lutando com cortes de energia generalizados, de acordo com o IT Times, de Xangai.

    O jornal sugeriu que a escassez e os cortes na cidade, que é o maior mercado atacadista do mundo de utensílios de cozinha, brinquedos, eletrônicos e outros bens, podem prejudicar a bonança anual de compras do Dia dos Solteiros na China ainda este ano. O evento regularmente traz dezenas de bilhões de dólares em vendas para os principais varejistas chineses todos os anos.

     

    *Texto traduzido. Para ler o original, clique aqui.

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