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    Demissão de Moro: por que saída do ex-juiz preocupa investidores?

    Para o mercado, o ministério da Justiça não é tão importante, mas Moro garantia uma estabilidade para o presidente. E investidores não gostam de volatilidade

    André Jankavski , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    A saída de Sergio Moro do governo do presidente Jair Bolsonaro, ainda mais da forma como ocorreu, deixou os mercados em pânico. Mesmo com as bolsas internacionais tendo dias praticamente estáveis, a B3 praticamente mergulhou em uma queda que chegou a ser de 9,5%. Às 12h40, o desânimo tinha diminuído um pouco, mas o tombo continuava: 7,6% de desvalorização do Índice Bovespa.

    Mas, afinal, por que a saída de um ministro da Justiça, que não tem nenhuma influência nos próximos passos da economia, cria tanto temor? Como disse a analista de economia da CNN, Raquel Landim, a questão não é o ministério da Justiça. A pasta não é importante para os rumos econômicos. Mas Moro era visto como fundamental.

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    O agora ex-ministro da Justiça era uma espécie de fiador da estabilidade do governo. Ele, por ser até mesmo mais popular que o presidente, segundo pesquisas, mantinha a a base de Bolsonaro, pelo menos entre os seus apoiadores dentro da sociedade civil. Agora, fica a dúvida de como eles irão lidar com essa situação.
     
    E, para os investidores, um clima estável é fundamental para eles decidirem aportarem os seus montantes. Logo, a saída do Moro foi uma pancada para eles – o que ficou bem evidente nas quedas das ações chamadas blue chips, que são as de companhias ligadas a grandes corporações, com nome forte e negócio já consolidado.

    “Todas as ações do Índice Bovespa estão caindo e as ações blue chips, que são as que investidores estrangeiros mais compram, estão caindo mais”, diz Pablo Spyer, diretor da corretora de investimentos Mirae. Logo, os investidores internacionais não estão gostando do clima política que está se instaurando no Brasil.

    Leia também: Moro pede para sair e mercado especula quando será a vez de Guedes

    “Instabilidade gera volatilidade. A recomendação para os investidores é de cautela até que o presidente Bolsonaro nomeie um novo ministro para a Justiça, quando teremos uma sinalização mais clara da diretriz que o governo irá seguir”, diz Roberto Indech, estrategista-chefe da Clear Corretora.

    Some-se o fato de que o programa Pró-Brasil, que é uma espécie de PAC do governo Bolsonaro, não é apoiado por Guedes e nem por sua equipe econômica. A injeção de gasto público não faz sentido para um ministro que sempre pregou ideais liberais, mas que nunca teve o apoio de fato do presidente Bolsonaro.

    Todo esse clima está piorando as projeções econômicas. Uma delas é da corretora Necton. Para André Perfeito, a posição do presidente Bolsonaro se fragiliza e trará um clima de aversão de risco. A corretora revisou a sua projeção de dólar para o fim do ano de R$ 4,60 para R$ 5,80. “Mantemos essa projeção, mas agora com viés de alta”, diz Perfeito.

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