Por dentro dos Correios, empresa que está na agenda de privatizações do governo
Expectativa em torno da privatização anima setores ligados ao e-commerce
![Movimento no Centro de Tratamento de Encomendas dos Correios, em Benfica Movimento no Centro de Tratamento de Encomendas dos Correios, em Benfica](https://preprod.cnnbrasil.com.br/wp-content/uploads/sites/12/2021/08/19370_95C317EFE8D9EBA0-2.jpg?w=1220&h=674&crop=1)
Na mira da privatização, os Correios passam por um momento de transformação que já produz reflexos em seus resultados operacionais. Por causa do aumento das compras online no país durante a pandemia, a empresa registrou lucro líquido recorde de R$ 1,5 bilhão em 2020, e o desempenho fez com que os olhos do mercado se voltassem para o serviço de postagem.
A estatal se tornou ainda mais estratégica para a circulação de bens vendidos via e-commerce, setor que viu o número de pedidos avançar 65,7% até maio, na comparação com igual período do ano passado. Mas, para os Correios continuarem crescendo, é necessário modernizá-lo.
“A adaptação às novas demandas é vista com bons olhos pelo mercado. Mas, se não modernizar ficará obsoleto e, assim, perderá espaço para outros players do mercado com serviço focado no e-commerce”, disse Enrico Cozzolino, analista da Levante Investimentos. “E perder espaço significa perder a oportunidade de receita.”
De 2010 pra cá, os Correios tiveram lucro em patamar semelhante apenas em 2012, quando registrou R$ 1,113 bilhão. Já de 2013 a 2016, a estatal acumulou prejuízo de R$ 3,943 bilhões em meio a um cenário adverso ligado a rombos no principal plano de previdência da categoria, o Postalis, e no de saúde, o Postal Saúde.
Os dois planos foram alvo da Polícia Federal em investigações sobre corrupção.
A partir de 2017, a empresa começou a reverter os prejuízos, culminando no lucro líquido recorde obtido no ano passado. Com o resultado positivo, o patrimônio líquido da companhia cresceu 84% em relação a 2019, somando R$ 950 milhões.
O governo publicou em abril decreto presidencial que inclui os Correios no Programa Nacional de Desestatização (PND). O Estado pretende vender 100% da operação da empresa a um único comprador e também pretende seguir como responsável por parte do serviço postal, uma obrigação imposta à União pela Constituição de 1988. O texto, por ora, está sendo apreciado na Câmara.
Hoje os Correios tem presença em mais de 5,5 mil municípios por meio de 11,1 mil agências. Seu quadro de funcionários é composto por 98 mil trabalhadores.