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    Pobreza caiu em maio, mas não é permanente, diz pesquisador da FGV

    Segundo estudo realizado pelo pesquisador Daniel Duque, o que trouxe o efeito positivo na pandemia foi o auxílio emergencial, que tem a continuidade debatida

    Thais Herédiada CNN

    A crise provocada pela pandemia do novo coronavírus nos leva a uma suposição quase incontestável: o Brasil vai empobrecer. O que está adiando este processo, pelo menos até agora, é o auxílio emergencial de R$ 600 pago pelo governo federal a mais de 63,5 milhões de brasileiros. A pobreza caiu em maio, segundo estudo feito por Daniel Duque, pesquisador do FGV IBRE, na área de Mercado de Trabalho.

    O valor do benefício, que se aproxima da média de renda do país, cerca de R$ 860, e muito maior do que o do Bolsa Família, cerca de R$179, conseguiu não apenas segurar, mas provocar uma redução da Taxa Agregada de Pobreza numa intensidade e velocidade que não se viu nos últimos dois anos. 

    “Entre a primeira e a última semana de maio, houve redução da pobreza de 25 para cerca de 22%, e da pobreza extrema de 5 para 3,5%.

    Mais uma vez comparando com a PNAD Contínua, o que deve ser feito com cautela, entre 2017 e 2019 as Taxas de Pobreza e Pobreza Extrema do Brasil ficaram praticamente estacionadas próximos de 25 e 6,5%, respectivamente – ou seja, o Auxílio Emergencial conseguiu fazer ao longo de quatro semanas (reduzir a pobreza) o que o país não tinha conseguido realizar em três anos”, diz Daniel Duque no estudo publicado no Blog do IBRE. 

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    Duque se baseou na pesquisa PNAD Covid recém lançada pelo IBGE, com uma metodologia diferente da PNAD Contínua, que acompanha renda e trabalho no país. O levantamento feito para acompanhar com maior velocidade os efeitos da pandemia no emprego mostrou uma grande cobertura do programa, que cresce ao longo do mês.

    No final de maio, 42% dos domicílios e “impressionantes 49% da população” tinham acesso ao auxílio do governo. O Bolsa Família, até então o maior programa social do país, alcançava 19% dos domicílios e 25% da população.

    O governo discute agora com Congresso Nacional a possível prorrogação do Auxílio Emergencial, por mais dois ou três meses, para evitar uma ruptura na fonte de renda de milhões de brasileiros. A equipe de Paulo Guedes quer um valor menor, que vai sendo reduzido entre julho e setembro. Rodrigo Maia e outras lideranças políticas querem apenas uma prorrogação por mais dois meses, de R$ 600. 

    “Se esta fonte de renda acabar, vai provocar um choque negativo muito forte para boa parte da população, mesmo que muitos consigam acessar um trabalho. Mas olhando para o cenário até agora, dificilmente vão encontrar uma fonte de renda como era antes da crise”, alerta Duque sobre o fim do auxilio emergencial. 

    Correndo contra o tempo, a equipe do Ministério da Economia quer convencer o Congresso Nacional a escalonar os pagamentos até setembro para, até lá, conseguir apresentar um novo programa, que já está sendo chamado de Renda Brasil.

    Os secretários envolvidos na elaboração do projeto acreditam que o parlamento está pronto para aprovar, rapidamente, uma nova política social mais abrangente, mais eficaz e sem que provoque estouro no orçamento. 

    Paulo Guedes bate sem parar no plano das reformas estruturantes, a agenda para o crescimento. Aposta em setores do saneamento, gás e elétrico para atrair investimento do capital privado e numa reforma tributária que desonere o trabalho. O equilíbrio, a responsabilidade das decisões, passa em avançar as duas agendas ao mesmo tempo. 

    “É preciso tomar medidas para promover o aumento de produtividade, avançar nas reformas estruturantes sim. Se focar só na transferência de renda, caímos na armadilha da renda média. E se só focar só na produtividade e no investimento, vamos deixar uma parcela enorme do país para trás e isso gera empobrecimento. Há um quase consenso que é preciso ter algo novo. Sentimento político que a gente não tinha há muito tempo”, diz Daniel Duque.

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