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    Plataforma de investimentos propõe que fãs se tornem ‘sócios’ de influenciadores

    Criador de conteúdo faz oferta pública de até R$ 5 mi para viabilizar projeto, e fãs podem comprar tokens, chamados divi, para ganhar uma parcela das receitas

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo

    Se um streamer pode ganhar US$ 500 mil por mês fazendo lives, um grande youtuber ou influenciador digital de outras plataformas faz cifras iguais ou até maiores. Prova disso é que a Alphabet faturou, apenas no primeiro trimestre de 2021, US$ 6 bilhões com anúncios no YouTube –os criadores também levam uma fatia por view através do AdSense.

    Ou seja (e acho que nem é preciso explicar mais isso) quanto mais visualização, mais dinheiro. Trata-se, então, de uma indústria intimamente movida pelos fãs: seja reproduzindo o conteúdo, compartilhando o link ou até comprando produtos desenvolvidos, licenciados ou apadrinhados pelos criadores de conteúdo.

    Não por acaso, as cifras dessa bola de neve não param de crescer. Segundo dados da Mediakix, agência californiana de marketing de influência, os mais de 50 milhões de criadores de conteúdo online devem receber US$ 15 bilhões apenas em verba publicitária em 2022. 

    Com esse contexto, Ricardo Wendel, CEO da estreante DIVI hub, acredita que encontrou uma forma de fazer com que este investimento feito pelos fãs não tenha retornos apenas anímicos, mas também financeiros. Amparada na Instrução 588 da CVM, a plataforma de investimentos foi lançada nesta quinta-feira (1º).

    Funciona assim: um criador de conteúdo faz oferta pública e levanta até R$ 5 milhões na plataforma (máximo permitido pela CVM), possivelmente para viabilizar algum projeto específico. Os fãs podem comprar tokens, chamados divi, e ganhar uma parcela das receitas de publicidade, AdSense, bilheteria da empreitada –ou até equity.

    “O divi é um valor mobiliário. Enquanto a pessoa tem o ativo, recebe dinheiro de volta. É basicamente ter dividendos sem necessariamente saber o que são dividendos. E ainda é possível vender o ativo de volta para o criador de conteúdo ou no mercado secundário”, afirma Wendel.

    Exemplo prático: entre as seis ofertas iniciais do site, uma é de Douglas Mesquita, conhecido pelo alter ego Rato Borrachudo. Ele, que tem quase 4 milhões de inscritos no seu YouTube e também faz streams na Twitch, quer promover um campeonato de batalhas de robôs.

    Sim, como aqueles da TV a cabo. Influenciadores serão padrinhos de equipes formadas por alunos de faculdades de engenharia parceiras da empreitada; e o produto final será em formato de reality show, mostrando o background dos participantes, a construção dos robôs e as batalhas. Quem entrar nessa com o Rato, divide os ganhos com AdSense, publicidade e qualquer outra receita do produto.

    O valor de um divi na captação é de R$ 10, para baixar a barreira de entrada. Cada token tem identificação e contrato únicos, quase que como nas criptos, mas a plataforma usa o sistema Quantum Ledger Database, da Amazon, para armazenar e transacionar informações e, consequentemente, a titularidade dos ativos.

    Investidores

    Wendel enxerga potencial para que, além dos fãs, investidores profissionais e empresas coloquem dinheiro nas ofertas. “No caso dos fãs, a expectativa é que eles comprem e virem divulgadores ainda mais assíduos dos produtos e do influenciador. Isso gera mais audiência e mais dinheiro, um ciclo virtuoso”, diz.

    “Mas também faz sentido para as marcas, que podem ganhar mais exposição e engajamento. É possível, por exemplo, comprar uma parcela dos ativos em oferta privada e depois rentabilizar isso com promoções que engajem os fãs e promovam seus próprios produtos em troca de divis daquele projeto.”

    No caso de investidores profissionais, segundo o executivo, o racional de aporte na modalidade passa pela possibilidade de entrar em um mercado gigante, mas que o grupo não necessariamente tem expertise. Resta saber se o modelo realmente terá adesão do público, o que provavelmente puxaria os outros grupos.

    Estrutura

    Além da DIVI hub, há uma outra plataforma atrelada ao negócio, a DIVI talks. Trata-se do mercado secundário dos divis. Investidores que quiserem vender seus papéis deverão anunciar na plataforma, pelo valor que desejam negociar o ativo, e esperar que algum comprador apareça.

    No plano freemium, o usuário poderá realizar duas vendas por mês. Em uma modalidade intermediária, que custará R$ 8,90 mesais, passa a poder negociar livremente seus divis. Na versão top, de R$ 19,90, o investidor poderá ver as novas ofertas do mercado com uma hora de antecedência.

    A plataforma também abocanha 9% de cada captação que obtiver sucesso: 8% em dinheiro e 1% em tokens. A manutenção de cada divi custa, ao portador, 3 centavos no primeiro ano e 1 centavo daí em diante. 

    Empresa

    Até aqui, houve investimento de US$ 1,5 milhão dos fundadores para levantar o projeto. Uma holding estabelecida nos Estados Unidos é dona de 99% das operações (há intenção de expansão para lá e para o Reino Unido) e 1% é proxy no Brasil.

    A startup está negociando 10% do seu equity com investidor estratégico e já possui Série A de captação no horizonte, provavelmente para o mês de julho. O valor de mercado somado de DIVI hub e DIVI talks é de R$ 123 milhões atualmente.

    O projeto, que foi desenvolvido inicialmente nos EUA e recebeu chancela da Amazon em concurso de pitch, deverá ter novos lançamentos a cada duas semanas e terá verticais de jogos, humor, música e mais.