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    PIB dos EUA tem queda anualizada de 0,9% no 2º trimestre e país entra em recessão técnica

    Investidores aumentaram apostas em uma recessão no país devido à alta de juros para combater níveis recordes de inflação

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business* , em São Paulo

    O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos teve uma queda anualizada de 0,9% no segundo trimestre de 2022 na comparação com o mesmo período em 2021, informou o Centro de Análises Econômicas nesta quinta-feira (28).

    A divulgação contrariou a expectativa do mercado, que projetava um crescimento de 0,5%. O dado é considerado preliminar, e será revisado nos meses de agosto e setembro. O PIB teve queda de 1,6% no primeiro trimestre deste ano.

    As revisões costumam ser a norma, e não a exceção, uma vez que o Departamento de Comércio refina repetidamente seus cálculos à medida que novas informações se tornam disponíveis. Cerca de um terço dos números iniciais do PIB dependem de extrapolações estatísticas e suposições na ausência de dados concretos, de acordo com o Federal Reserve de San Francisco.

    Com o resultado de dois recuos consecutivos, o país entra na chamada recessão técnica. Entretanto, a declaração oficial desse cenário só é feita nos Estados Unidos pelo Centro de Análises Econômicas, o que ainda não ocorreu.

    O centro define uma recessão como “um declínio significativo na atividade econômica espalhada por toda a economia, com duração superior a alguns meses, normalmente visível na produção, emprego, renda real, e outros indicadores”.

    Apesar dos recuos no PIB, o mercado de trabalho do país segue aquecido, com geração de vagas e alta de salários, e a taxa de desemprego no país continua em níveis considerados de pleno emprego.

    Divulgado nesta quinta-feira, o número de pedidos semanais de seguro-desemprego nos Estados Unidos foi de 256 mil, levemente acima dos 253 mil esperados pelo mercado.

    O mercado já vinha apostando que a economia do país entraria em recessão, conforme os Estados Unidos enfrentam a maior inflação em mais de 40 anos e o consequente ciclo de alta de juros pelo Federal Reserve para contê-la, no processo desacelerando a economia do país.

    Entretanto, os sinais de contração têm aparecido antes do esperado pela maioria dos investidores. A expectativa agora é que, com a economia já desacelerando, o Fed modere o ciclo de altas, com elevações menores que o previsto inicialmente para evitar piorar o quadro econômico.

    Na quarta-feira (27), o Fed elevou os juros em 0,75 ponto percentual, mas o presidente da autarquia, Jerome Powell, sinalizou que os próximos aumentos podem ser menores dependendo dos dados sobre a economia.

    No mesmo dia, ele afirmou que os últimos aumentos de juros foram grandes, mas não foram totalmente sentidos pela economia do país. Segundo Powell, a economia norte-americana segue “resiliente”.

    A expectativa atual do Fed, disse ele, é de um período de crescimento abaixo da tendência devido ao aperto monetário, algo “necessário para atingir a estabilidade de preços”.

    “Recessão é um declínio disseminado entre muitos setores da economia, e não parece ser esse o caso agora”, afirmou. A desaceleração econômica no segundo trimestre foi “notável”, mas a economia ainda caminha para crescimento, segundo Powell.

    Após a divulgação, o presidente dos Estados Unidos Joe Biden afirmou em comunicado que “não é surpresa” que a economia do país esteja desacelerando à medida que o Fed atua para reduzir a inflação.

    “Mesmo enfrentando desafios globais históricos, estamos no caminho certo e passaremos por essa transição mais fortes e seguros. Nosso mercado de trabalho permanece historicamente forte, com desemprego em 3,6% e mais de 1 milhão de empregos criados apenas no segundo trimestre. Os gastos do consumidor continuam a crescer”, ressaltou Biden.

    Ele afirmou que seu plano econômico está “focado em reduzir a inflação, sem abrir mão de todos os ganhos econômicos que obtivemos”.

    *Com informações da Reuters

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