Petróleo fecha nos menores níveis dos últimos 7 meses com desaceleração global
Brent foi negociado abaixo da marca de US$ 90 pela primeira vez desde fevereiro
Os preços do petróleo caíram acentuadamente na quarta-feira, aprofundando uma liquidação que já trouxe alívio aos motoristas na bomba de gasolina.
O petróleo dos EUA caiu 5,1%, para US$ 82,41 o barril nas negociações recentes. Esse é o menor preço intradiário desde 24 de janeiro. O petróleo dos EUA caiu mais de um terço desde que atingiu brevemente US$ 130 o barril no início de março.
O petróleo Brent, referência mundial, caiu abaixo de US$ 90 o barril pela primeira vez desde 8 de fevereiro. O Brent caiu recentemente 4,6%, para US$ 88,55 o barril.
A venda ocorre poucos dias depois que a Opep e seus aliados, conhecidos coletivamente como Opep +, reverteram o curso cortando a produção para sustentar os preços.
Analistas citaram uma série de fatores por trás das perdas desta quarta-feira (7), incluindo preocupações com a saúde da economia mundial e a disparada do dólar americano. Um dólar americano mais forte tende a enfraquecer a demanda por petróleo no exterior.
“Os altos preços já estão começando a pesar na economia europeia, e os temores de contágio estão causando uma violenta venda nos preços do petróleo hoje”, disse Matt Smith, analista de petróleo líder das Américas da Kpler.
A boa notícia é que a queda do preço do petróleo deve continuar reduzindo os preços para o consumidor na bomba de gasolina.
Desde que atingiu US$ 5,02 o galão em 14 de junho, a média nacional do gás normal caiu 85 dias seguidos. Um galão de regular agora vale US$ 3,76, uma queda de 31 centavos em relação ao mês passado, de acordo com a AAA. Existem agora 15 estados com média de US$ 3,50 ou menos, incluindo Carolina do Norte, Iowa e Flórida.
Tom Kloza, chefe global de análise de energia do Serviço de Informações sobre Preços do Petróleo, está cético de que a queda nos preços da energia continuará – especialmente devido às recentes ameaças do presidente russo Vladimir Putin e outros funcionários do Kremlin, que disseram que poderiam retaliar o Ocidente cortando das exportações de energia.
“Putin indicou que fará coisas malucas”, disse Kloza. “Este é um interlúdio, uma oportunidade de compra. Há uma falsa sensação de segurança.”
Respondendo ao teto do preço do petróleo anunciado pelo G7 para o petróleo russo, Putin disse que seu país poderia reduzir as exportações a zero.
“Não forneceremos nada se for contrário aos nossos interesses, neste caso econômicos”, disse Putin na quarta-feira. “Nem gás, nem petróleo, nem óleo de aquecimento – não forneceremos nada.”
Outro risco é que os preços do petróleo caiam para níveis que forçam a Opep+ a responder com mais força, controlando agressivamente a produção após o pequeno corte de produção de segunda-feira.
“O movimento da Opep+ foi uma ameaça não tão velada de que eles estão prontos para defender os preços”, disse Kloza. “Estamos chegando a números em que sauditas, emirados e kuwaitianos estariam dispostos a reduzir a produção”.
- 1 de 9O petróleo é considerado uma commodity. O termo se refere a recursos finitos que têm origem na natureza e são comercializados. No caso, o petróleo é usado principalmente como combustível, mas também dá origem a materiais como o plástico Crédito: REUTERS/Vasily Fedosenko
- 2 de 9O petróleo pode ser de vários tipos, dependendo principalmente do seu grau de impureza. Os dois principais, Brent e WTI, são leves (pouco impuros), e a diferença se dá pelo local de negociação: bolsa de Nova York no caso do Brent e bolsa de Londres no caso do WTI Crédito: Instagram/ Reprodução
- 3 de 9Os preços do petróleo seguem uma cotação internacional, e flutuam pela oferta e demanda. No Brasil, o preço de referência adotado pela Petrobras - maior produtora no país - é do Brent, seguindo a cotação internacional, em dólar Crédito: REUTERS
- 4 de 9Quando se fala da comercialização de petróleo, um fator importante é a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo). Com 13 membros, ela é responsável por quase 50% da produção mundial de petróleo, e portanto consegue regular a oferta - e preços - pelos fluxos de produção Crédito: Reuters/Dado Ruvic
- 5 de 9A partir de 2020, os preços do petróleo foram afetados pela pandemia e pela guerra na Ucrânia. A Opep+ (que inclui países aliados do grupo, como a Rússia) decidiu cortar a produção temporariamente devido à baixa demanda com lockdowns, e os preços caíram. A média em 2020 foi US$ 40, distante da de anos anteriores, entre US$ 60 e US$ 70 Crédito: REUTERS
- 6 de 9Em 2021, porém, o cenário mudou, com o avanço da vacinação, os países reabriram rapidamente, e a demanda por commodities decolou, incluindo pelo petróleo. A Opep+, porém, decidiu manter os níveis de produção de 2020, e a oferta baixa fez os preços saltaram, ultrapassando US$ 80 Crédito: REUTERS/Nick Oxford
- 7 de 9Já em 2022, a situação piorou. A guerra na Ucrânia, e as sanções ocidentais a um dos maiores produtores mundiais da commodity, a Rússia, fizeram os preços dispararem, ultrapassando os US$ 120. Atualmente, o barril varia entre US$ 100 e US$ 115 Crédito: 03/06/2022REUTERS/Angus Mordant
- 8 de 9A alta dos preços do petróleo, porém, trouxe consequências negativas para o Brasil. Como a Petrobras segue a cotação internacional e o dólar está valorizado ante o real, ela subiu o preço nas refinarias, o que levou a uma elevação da gasolina e outros combustíveis. Até o momento, o preço da gasolina já subiu 70% Crédito: REUTERS/Max Rossi
- 9 de 9A alta do petróleo não afetou só o Brasil. Países dependentes da commodity, como EUA, Índia e Reino Unido, também viram os preços dos combustíveis subirem, e têm tentado pressionar a Opep+ a retomar os níveis de produção pré-pandemia, o que tem ocorrido lentamente enquanto a organização aproveita para se recuperar das perdas em 2020 Crédito: Reuters