Petrobras vê até US$ 35 bi em desinvestimentos até 2025
Entre os ativos incluídos no programa de desinvestimentos, destacam-se oito refinarias e fatias na petroquímica Braskem
A Petrobras prevê desinvestimentos de US$ 25 bilhões a US$ 35 bilhões no período de 2021 a 2025, versus uma faixa de US$ 20-30 bilhões no plano de negócios anterior, de acordo com apresentação divulgada nesta segunda-feira (30).
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Entre os ativos incluídos no programa de desinvestimentos, destacam-se oito refinarias, fatias na petroquímica Braskem, BR Distribuidora, na distribuidora de gás Gaspetro e térmicas.
Também estão incluídos no programa de alienação ativos de produção em terra e águas rasas, além do polo Albacora, Albacora Leste, Frade e 50% no polo Marlim.
Mas as refinarias, com algumas já em processo mais avançado de venda, deverão responder por parte importante do plano de desinvestimentos.
“Apesar das restrições para movimentação por causa do Covid-19, estamos avançando bem para cumprir os compromissos assumidos com o Cade para a abertura desse mercado de refino”, disse a diretora de Refino, Gás e Energia, Anelise Lara, em apresentação a investidores.
Segundo ela, as assinaturas dos acordos para a venda das refinarias Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul, deverão ser realizadas no primeiro trimestre de 2021, enquanto a conclusão dos negócios levará mais alguns meses.
A estatal, que hoje tem 13 refinarias localizadas em várias regiões do país, passará a ter cinco unidades de refino, todas concentradas no Sudeste, a principal região consumidora. A capacidade produtiva passará de 2,2 milhões para 1,1 milhão de barris por dia.
“Nossa estratégia de foco no mercado premium passa pela venda de parte do nosso parque de refino atual”, destacou Lara, afirmando que as unidades de São Paulo e Rio de Janeiro têm elevado grau de integração.
A diretora de Finanças e Relacionamento com Investidores, Andrea Marques, disse ser “difícil afirmar” que a empresa conseguirá fazer o ‘closing” em 2021 da venda das refinarias.
“Mas vamos tentar… vamos trabalhar duro para ter ativos relevantes com ‘closing’ em 21”, disse Andrea, ressaltando que, nos casos da BR e da Braskem, a companhia vai aguardar uma janela mais positiva de mercado.
Lara, por sua vez, disse que a alienação da fatia na Braskem terá seu modelo anunciado oportunamente.
A executiva comentou ainda ter expectativa de conclusão do negócio da venda da Liquigás, distribuidora de gás liquefeito de petróleo, em dezembro.
Ela também reforçou que a companhia deixará de atuar nos setores de transporte e distribuição de gás. De outro lado, a empresa reduzirá sua participação como supridora, mas ainda terá papel importante.
“Vamos continuar sendo um player relevante, mas estamos deixando a posição monopolista da Petrobras em transporte e comercialização… a demanda passará a ser atendida por diferentes players. Deixaremos de ter uma participação quase integral no suprimento para patamar próximo de 55% desse mercado”, comentou.
Com relação à Gaspetro, a executiva afirmou que a empresa terá de buscar outro formato de desinvestimento, após a Compass, do grupo Cosan, ter sido desqualificada do processo devido a questões concorrenciais.
“A Compass não preenchia requisitos de desverticalização, isso coloca um problema para nós. Vamos ter que buscar outro formado de desinvestimento na Gaspetro. A Mitsui (sócia) também está querendo sair, vamos buscar forma de sair juntos desse processo, uma vez que houve esse processo do Cade”, explicou.
Apesar da vendas de térmicas também estar incluída no plano, a Petrobras manterá capacidade de geração de 4,3 gigawatts, acrescentou a executiva.
Ela disse que a maioria das térmicas está em processo de desinvestimento, mas a Petrobras tem expectativa de ficar com dez unidades “para monetizar” o próprio gás.
Já o terminal de regaseificação na Bahia deve ter novo processo competitivo aberto para arrendamento no início do próximo ano, após uma empresa interessada ter sido desqualificada por riscos de conformidade.
Dívida
Questionada sobre a meta de dívida bruta para 2021, de US$ 67 bilhões, a diretora financeira afirmou que ela é “conservadora”.
“É um número que acreditamos ser capaz de atingir, mas se os preços do Brent se comportarem diferente… se tiver uma geração de caixa mais forte, vamos trabalhar para pagar a dívida mais rápido”, afirmou, ressaltando que é difícil falar sobre tendência de mercado de petróleo no momento atual.
A empresa fechou os nove primeiros meses de 2020 com dívida bruta de US$ 80 bilhões.
O presidente-executivo da Petrobras, Roberto Castello Branco, ressaltou durante o evento que a estatal, apesar das dificuldades colocadas pela pandemia, foi a empresa de petróleo no mundo que “melhor desempenhou em termos de geração de caixa”.
“Tivemos um maior fluxo de caixa operacional ao longo dos nove primeiros meses de 2020, e ao mesmo tempo fomos a única entre as grandes empresas (de petróleo) que reduziu a dívida”, declarou.
A redução da dívida em nove meses foi de US$ 7,5 bilhões.
Exportação
A Petrobras projetou nesta segunda-feira um salto na sua exportação de petróleo para 891 mil barris por dia no período de 2021 a 2025, ante média de 445 mil bpd entre 2015 e 2019, à medida em que reforça investimentos nos produtivos campos do pré-sal, de acordo com detalhamento de seu plano de negócios plurianual.
Já as vendas de petróleo no mercado doméstico cairão para 1,252 milhão de barris por dia nos próximos cinco anos, versus média de 1,348 milhão de barris por dia entre 2015/2019, disse a empresa.
A Petrobras detalhou que o campo de Búzios receberá 36% dos US$ 46,5 bilhões em investimentos projetados para Exploração & Produção entre 2021-2025, enquanto os demais campos do pré-sal receberão 25% do montante.
As linhas gerais do plano foram divulgadas na semana passada, apontando um corte de 27% nos investimentos em cinco anos em relação ao anterior, para US$ 55 bilhões, visando preservar o caixa, já que a pandemia de coronavírus derrubou a demanda e os preços globais do petróleo.
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