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    Pesquisa aponta recorde de jovens fora do mercado de trabalho durante a pandemia

    Taxa de pessoas entre 15 e 29 anos que não estudam nem trabalham teve pico no segundo trimestre. No entanto, a evasão escolar passou de 62,2% para 57,95%

    Lucas Janone e Maria Mazzei, da CNN, no Rio de Janeiro

     

    Um estudo da Fundação Getulio Vargas divulgado nesta segunda-feira (17) revela um cenário alarmante sobre a vulnerabilidade dos jovens brasileiros durante a pandemia do novo coronavírus.

    De acordo com o levantamento, a taxa de jovens que não trabalham nem estudam, os chamados “nem-nem”, cresceu na pandemia e bateu recorde de 29,33% no segundo trimestre de 2020.

    Mas a taxa de pessoas com 15 a 29 anos que não estudam nem trabalham desacelerou no quarto trimestre para 25,52%. Mesmo assim, representa um avanço sobre o período de 2019, quando estava em 23,66%.

    Para o diretor da FGV Social, Marcelo Neri, a deterioração do mercado de trabalho durante a pandemia para esse grupo foi o que mais impactou. Segundo Neri, estes choques podem deixar marcas permanentes na trajetória de ascensão social de toda uma geração.

    “A juventude é uma grande fase de ascensão social, o melhor momento durante a vida. Se nesse período há uma recessão como a de Covid-19, por exemplo, os efeitos dessa crise continuam como uma espécie de cicatriz nas pessoas”, explicou Neri.

    Os maiores percentuais de “nem-nem” no último trimestre de 2020 estavam entre mulheres (31,29%), pretos (29,09%), moradores do Nordeste (32%) e de periferia das maiores metrópoles brasileiras (27,41%), chefes de família (27,39%) e pessoas sem instrução (66,81%).

    O fato de as maiores incidências dos “nem-nem” estarem entre aqueles com menor nível educacional e principais provedores das famílias apresenta “implicações para o futuro desses jovens e famílias inteiras”, destacou o pesquisador.

    Por outro lado, o estudo apontou uma surpreendente queda da taxa de evasão escolar durante a pandemia, que se faz presente em todos os grupos jovens, atingindo o nível mais baixo da série em 2020, ficando em 57,95% entre jovens de 15 a 29 anos — era 62,2% em 2019. No pré-covid, o que se observava era estabilidade.

    “A combinação entre falta de oportunidades de inserção trabalhista com menor cobrança escolar (presença e aprovação automáticas), podem explicar a menor evasão”, avaliou o pesquisador.

    Diante desse cenário, o estudo sugere que é preciso “tirar partido dessa situação inusitada e prover aos jovens novos conteúdos educacionais em larga escala”. Neri acrescenta ainda que o momento é oportuno para ampliar os conteúdos educacionais e incentivar jornadas reduzidas de trabalho, “socializando” a geração de postos de trabalho entre um grupo maior de jovens.

    O levantamento da FGV Social teve como referência os dados divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, publicada periodicamente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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