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    Peso barato atrai brasileiros para turismo na Argentina; veja dicas

    Buscadores de voos identificaram um aumento de até 163% nas buscas por Buenos Aires nos últimos três meses

    Pedro Zanattado CNN Brasil Business em São Paulo

    A situação econômica da Argentina está atraindo o interesse dos brasileiros. Menos pelos índices e mais pelo turismo. Com a crise no país vizinho, atualmente, R$ 1 equivale a 26 pesos argentinos.

    Nesse cenário, empresas de agenciamento e companhias aéreas já registram um aumento na busca e demanda por viagens ao território argentino.

    Segundo dados do buscador de voos Viajala, Buenos Aires é o segundo destino internacional mais buscado saindo de São Paulo nos últimos três meses, entre maio e julho, ficando atrás apenas de Lisboa, em Portugal.

    De acordo com a empresa, as buscas por Buenos Aires aumentaram 163% em relação aos primeiros meses do ano, e o preço médio da passagem de ida e volta caiu cerca de 8%. Nos últimos 3 meses, o preço médio encontrado na plataforma para voos de ida e volta de São Paulo para Buenos Aires foi de R$1.789.

    Rodrigo Melo, diretor de vendas da Viajala, explica que o brasileiro está enxergando que existe uma possibilidade de o real estar mais valorizado do que o peso argentino e, consequentemente, “ele ter acesso a produtos e serviços mais baratos do que o normal”.

    O buscador também comparou os valores médios gastos com ida e volta a partir das capitais brasileiras que mais buscaram voos para Buenos Aires entre 15 de julho a 15 de agosto (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Belo Horizonte). Confira:

    • Saindo de São Paulo, nos últimos 30 dias, a procura aumentou 55% em relação aos 30 dias anteriores e o preço médio de ida e volta encontrado nos dois períodos analisados se manteve estável na faixa de R$1.700;
    • Saindo do Rio de Janeiro, a procura aumentou 77% e o preço médio de ida e volta aumentou cerca de 12% de um mês para o outro. Hoje o preço encontrado é, em média, R$2.090;
    • Saindo de Porto Alegre, a procura aumentou 129% entre um período e outro e o preço médio de ida e volta aumentou 14%: R$2.320;
    • Saindo de Recife, a procura aumentou 21%. O preço médio de ida e volta subiu 16% entre um período analisado e o outro: R$2.950;
    • Saindo de Belo Horizonte, a procura aumentou 38% e o preço médio de ida e volta de um mês para o outro se manteve estável na faixa de R$2.400.

    A Decolar, por sua vez, identificou um crescimento de 234% na procura por viagens para a Argentina neste segundo semestre de 2022, em relação ao mesmo período de 2021.

    De acordo com a empresa, Buenos Aires, Mendoza, Bariloche, Ushuaia e Córdoba são os destinos mais procurados pelos brasileiros. O levantamento considera a procura por passagem aérea para o destino em seus canais de vendas (site e app).

    As companhias aéreas não ficaram de fora. A Latam informou que “segue atenta ao crescimento da demanda de viagens para a Argentina”.

    A empresa identificou um crescimento de 50% no número de passageiros do Brasil para Buenos Aires, do primeiro para o segundo trimestre deste ano.

    Por conta do aumento na demanda por parte dos brasileiros, a aérea anunciou a retomada de voos entre o Rio de Janeiro (Galeão) e Buenos Aires (Ezeiza) com três frequências semanais a partir de novembro deste ano.

    Atualmente, a Latam opera 28 voos semanais de São Paulo Guarulhos para Buenos Aires, além de quatro voos semanais de Guarulhos para Mendoza.

    Da mesma forma, a Gol pretende dobrar a capacidade de voos para a Argentina no segundo semestre deste ano, se comparado à oferta de voos realizada no primeiro semestre deste ano. A companhia informou que dentre os países atendidos pela empresa na América Latina, a Argentina é o mais buscado pelos clientes.

    Buenos Aires (aeroporto Aeroparque-AEP) e Mendoza (MDZ) são os destinos no país vizinho mais procurados pelos consumidores, “com um perfil mais de turismo e um fluxo intenso de brasileiros em busca das belezas argentinas”, disse a empresa.

    Atualmente, são oferecidos pela Gol 27 voos semanais entre o Brasil e a Argentina (Buenos Aires e Mendoza). Para setembro, a aérea informou a oferta deve aumentar, sendo esperados 36 voos semanais entre os dois países.

    Rodrigo Melo explica que atratividade pelo país, além das questões monetárias, se dá por conta de suas belezas naturais e do turismo durante o inverno.

    “A grande motivação são as belezas naturais do país, principalmente, agora com o inverno. As possibilidades de estações de esqui, as paisagens que não temos aqui em nosso país, além da cultura única da Argentina – gastronomia, música e os costumes bastante típicos. E a facilidade da língua, o espanhol é similar ao português e isso também atrai bastante o viajante brasileiro”.

    O Instituto Nacional de Promoção Turística do governo argentino estima que irá recuperar 50% dos turistas brasileiros perdidos pela pandemia até dezembro deste ano.

    No primeiro semestre de 2022, mais de 300 mil visitaram o país, uma recuperação de 41% até o momento. O órgão avalia os números como positivos, já que os brasileiros são os principais visitantes do país.

    Atenção com o planejamento

    Para aqueles que pretendem realizar uma viagem ao país vizinho, a recomendação é que o consumidor tenha cautela e não faça por impulso.

    A head de investimentos da Unicred do Brasil, Patrícia Palomo, diz que o viajante deve considerar aspectos como: o local para onde deseja ir, a época do ano, quanto tempo pretende passar lá e que tipo de experiências quer ter durante a viagem.

    Palomo explica que, em geral, os itens que mais pesam no orçamento de uma viagem é hospedagem e transporte. Ou seja, esses devem ser os primeiros a serem definidos.

    “Outros pontos devem ser definidos pelo consumidor, tais como, que tipos de passeios quer fazer, quais restaurantes frequentar, se irá destinar parte do orçamento para compras ou se vai querer só relaxar. Com essas definições, o próximo passo é estimar o custo de cada experiência definida para estimar quanto recurso será necessário para realizar todos os desejos traçados para viagem”, acrescenta.

    Com relação às conversões entre real e peso, a especialista sugere definir o montante de recursos que será necessário para a viagem programada.

    Além disso, caso haja a necessidade de comprar moeda estrangeira, Palomo recomenda que o consumidor realize o processo em tranches “para que o consumidor não seja surpreendido por algum movimento brusco do câmbio que possa inviabilizar a viagem”.

    Por fim, ela diz que o momento pode ser oportuno aos brasileiros, pois em destinos com moedas mais desvalorizadas, é possível realizar uma viagem mais prazerosa sem extrapolar no orçamento.

    “Nessas regiões em geral a hospedagem, a alimentação e os serviços em geral saem mais em conta quando comparados a outros países cujas moedas estejam mais valorizadas. Então é interessante ter ideia de como está a economia e a moeda do destino desejado”.

    O país passa por um momento difícil economicamente. A inflação argentina, em junho, atingiu 64% em doze meses e a 36,2% no acumulado de 2022, segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística e Censos.

    Crise

    Com a maior alta generalizada dos preços em 30 anos, o banco central argentino elevou a taxa de juros do país para tentar conter a escalada dos preços. Em 11 de agosto, a instituição elevou sua taxa básica de juros em 950 pontos-base, para 69,50% ao ano.

    Além de utilizar os juros como um amargo remédio para conter a inflação, a taxa de juros real positiva é um dos pontos acordados entre a Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) em um pacto recente de reestruturação da dívida.

    *Com informações de Beatriz Puente, da CNN

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