Pensar no social sem o fiscal levaria país a uma recessão, diz economista
Á CNN, José Márcio Camargo calcula que, se todas as promessas feitas em campanha pelo governo eleito forem implementadas no próximo ano, a dívida pública subiria 4,5 pontos percentuais
Um plano de gastos sociais que não considera responsabilidade fiscal levaria, provavelmente, o Brasil a uma recessão, defende José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimento.
Em entrevista à CNN nesta terça-feira (15) o especialista calcula que, se todas as promessas feitas em campanha pelo governo eleito forem implementadas no próximo ano, a dívida pública federal, hoje em cerca de 75% do Produto Interno Bruto (PIB), poderia subir 4,5 pontos percentuais, deteriorando a economia.
“O ponto fundamental aqui é que o Brasil é emergente. (Aumentar a dívida) geraria um aumento do custo fiscal, aumento dos juros demandados pelos investidores para financiar essa dívida e, consequentemente, aumento da taxa de juros, desvalorização cambial, inflação e, muito provavelmente, uma recessão bastante forte”, diz.
“A gente acha que, cumprindo as promessas, você vai estar sendo responsável do ponto de vista social, mas, no final, você vai estar sendo irresponsável socialmente porque foi irresponsável do ponto de vista fiscal”, diz.
O economista defende ainda que não existe a questão da responsabilidade fiscal versos a social. “Na verdade, a responsabilidade social você só consegue se tiver responsabilidade fiscal”.
“O ponto importante é que foi feio um conjunto enorme de promessas ao longo da campanha tanto pelo presidente eleito lula quanto pelo presidente Bolsonaro, mas quem se elegeu foi o ex-presidente Lula e, consequentemente, quem vai ter que decidir o que vai ser implementado é o ex-presidente lula. Se somarmos todos os gastos e promessas apresentadas ao longo da campanha, dá alguma coisa em torno de R$ 400 bilhões a mais de gastos públicos permanentes”.
Camargo cita itens como o aumento do Auxilio Brasil para R$ 600, inclusão de R$ 150 para crianças, o fim da fila do SUS, o aumento do mínimo de 1,4% em termos reais, aumento da isenção de imposto de renda para R$ 5 mil. “Ou seja, é um conjunto muito grande de propostas com um custo extremamente elevado”.
Veja entrevista completa no vídeo.
*Publicado por Ligia Tuon