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    Pandemia irá deixar outra herança ruim: o alto nível de endividamento dos países

    A dívida global aumentou em US$ 20 trilhões desde o terceiro trimestre de 2019, estima o Fórum Ecônomico Mundial

    Foto: Guadalupe Pardo/Reuters (14.10.2015)

    Marcia Tojal, colaboração para o CNN Brasil Business

    A vacina contra a Covid-19 deve ajudar os países a superarem, pouco a pouco, a crise sanitária. Por outro lado, há uma herança da pandemia que deve continuar assombrando os países pelos próximos anos. O endividamento global ganhou uma nova proporção por causa da pandemia. A dívida dos países cresceu de maneira acelerada como em poucos momentos na história.

    Entre os motivos, por um lado, receitas menores: muitos países, por exemplo, tiveram que abrir mão de impostos, além do recuo natural da arrecadação causado pelos lockdowns. Somou-se a isso, por outro lado, a implantação de medidas de alto custo para tentar aliviar os danos da pandemia, com a criação de benefícios como o auxílio emergencial. Resultado: a dívida global aumentou em US$ 20 trilhões desde o terceiro trimestre de 2019, estima o Fórum Ecônomico Mundial.

    Especialistas costumam usar a métrica dívida em relação ao PIB, que compara a dívida de um país com sua produção econômica.

    Ter uma relação dívida versus PIB baixa sugere que um país deve ter poucos problemas para pagar suas dívidas (e que, inclusive, pode pegar mais dinheiro no mercado para custear investimentos ou gastos). Já uma relação alta pode ser interpretada como um sinal de maior risco de calote.

    O que seria uma dívida alta ou baixa? O Banco Mundial admite que não existe uma definição exata para essa proporção, mas aponta que um limite “saudável” seria de 77% do PIB.

    Mas há exceções. Países mais ricos, por exemplo, conseguem ter um maior endividamento pela sua credibilidade junto aos investidores internacionais. O Japão, por exemplo, tem uma dívida fiscal equivalente a mais de 200% do seu PIB, segundo o Instituto de Finanças Internacionais. 

    O que pode ser feito

    Com tantos países endividados uma crise econômica global parece inevitável, mesmo que não seja para agora. No entanto, especialistas do Brookings Institution acreditam que essa crise pode não ser tão catastrófica como em outros momentos. Afinal, a experiência já ensinou ao mundo (ou deveria ter ensinado) que ações proativas dos governos podem evitar problemas pendentes de dívida em grande escala. Reformas, por exemplo, são essenciais para todos os países –o Brasil, inclusive. 

    Embora existam alguns países em sério risco de insolvência, caso eles recebam apoio, podem crescer até alcançar a sustentabilidade da dívida. O Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que mercados emergentes e países em desenvolvimento vão precisar de trilhões de dólares para conseguirem superar a crise da Covid-19. Mais precisamente, de US$ 2,5 trilhões. A dúvida, agora, é de onde toda essa dinheirama vai sair. Daí a importância da atuação mais forte do FMI e de bancos de desenvolvimento. A conferir.