Pensa em comprar imóvel após a pandemia? Veja o que empresas oferecem a clientes
A busca por casas, a proximidade de comércios e mais privacidade estão na lista de prioridades de quem quer mudar de endereço
Depois do tombo sofrido nos últimos meses por causa da pandemia do novo coronavírus, as empresas do mercado imobiliário estão construindo uma retomada. As vendas das 15 maiores incorporadoras listadas na bolsa despencaram 21%, no segundo trimestre, para R$ 4,44 bilhões, mas as expectativas são de um segundo semestre de lançamentos — tanto de unidades habitacionais quanto de ações na B3. Mas o que querem os novos compradores?
Pesquisas apontam que a busca por casas aumentou, pois, em tempos de isolamento social, espaço faz diferença. A proximidade de comércio e mais privacidade também estão na lista de prioridades dos clientes que procuram um novo endereço.
Leia também:
Fundos imobiliários: saiba o que são e como investir
A vez dos IPOs: setor imobiliário tem enxurrada de pedidos em análise; entenda
Não à toa, as incorporadoras estão mudando seu portfólio para atender às novas exigências. Veja abaixo o que as empresas estão oferecendo aos novos clientes.
Mais espaço
Uma pesquisa do Grupo Zap mostrou que 44% das pessoas que procuram por imóveis para comprar querem casas. Entre o público que quer alugar, 32% querem casas.
“As casas estão ganhando mais espaço por que as pessoas as buscam por atributos que começam a ser mais valorizados, como quintal, vista livre e mais espaço”, explica Deborah Seabra, economista do Grupo Zap.
A pesquisa ainda mostra que 55% que querem comprar um imóvel procuram por ambientes maiores, 51% valorizam casas com mais banheiros e 49% classificam cozinhas maiores como um fator muito importante. Ou seja, as pessoas querem mais espaço.
De olho nisso, a MRV (MRVE3) aposta na Urba, sua subsidiária de loteamentos residenciais. A empresa compra espaços enormes e os transformam em bairros com o conceito de cidades inteligentes. “A Urba faz a gente repensar nossos produtos e dar mais ritmo em negócios de loteamento”, diz Rodrigo Resende, diretor de Marketing da MRV.
Os números da Urba reforçam isso. O balanço do segundo trimestre da MRV mostra um aumento de 406% nas vendas líquidas do braço de loteamento em comparação com o primeiro trimestre deste ano.
É importante destacar que o salto nas vendas da Urba acontece em linha com os resultados da MRV em geral, no período. O segundo trimestre de 2020 foi o melhor da história da companhia, com aumento de 37% das vendas líquidas em relação ao mesmo período em 2019.
“A casa ganhou um novo significado. As pessoas querem mais espaço ao livre, estão querendo casas. Esse discurso de que o futuro da habitação era morar quase dentro do trabalho voltou a ser questionado”, afirma Resende.
Mais comodidade
O segundo fator mais importante em um imóvel para as mais de 3.400 pessoas ouvidas pelo Grupo Zap é a localização em uma vizinhança com mais comércios e serviços. Isso foi classificado como muito importante por 65% dos entrevistados.
Em resposta a este comportamento, as construtoras trazem os serviços para dentro dos condomínios residenciais.
A Tecnisa (TCSA3) vai lançar um empreendimento na Zona Leste de São Paulo que conta com serviços como um mercado sem atendentes – as compras são pagas via aplicativo –, compartilhamento de bicicletas para moradores e armários na portaria para entregas pequenas.
Já a MRV aposta principalmente em coworkings, aproveitando a tendência do home office. Eles já estão em funcionamento em empreendimentos da Luggo, braço da construtora que constrói apartamentos para alugar.
A rede de supermercados Hirota percebeu essa tendência e decidiu investir em empreendimentos residenciais depois que as vendas nas lojas em empreendimentos comerciais caíram pela metade.
Foi assim que nasceu o Hirota Express em Casa, um modelo que leva itens básicos aos condomínios residenciais. As lojas não têm atendentes, e o pagamento das compras é feito via aplicativo.
Na primeira loja desse tipo, instalada em um condomínio no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, o retorno dos moradores é positivo. São 340 apartamentos e 328 moradores cadastrados para acessar a loja.
“Conseguimos entrar na sala de jantar das pessoas. Não é só levar um projeto até os moradores, é fazer parte da vida deles, ser assunto nas casas”, diz Helio Freddi Filho, gerente geral do Hirota Food Express.
Até o fim do ano, a expectativa da empresa é inaugurar pelo menos outras 14 lojas em condomínios. Algumas construtoras, como a Even, já procuraram a Hirota mas a rede de supermercados foca, por enquanto, em empreendimentos já habitados, onde o retorno sobre o investimento será mais rápido.
Mais privacidade
O isolamento social fez as pessoas passarem mais tempo juntas em casa, dividindo espaço. Isso aumentou o desejo por privacidade, que é diferente pelo desejo por espaços maiores – ainda que, claro, ambientes maiores promovam, muitas vezes, mais privacidade.
Esse desejo por ter seu próprio espaço é manifesto na busca por ambientes mais divididos. O objetivo é que a mãe consiga trabalhar em seu escritório enquanto o filho estuda em um espaço adequado no quarto. Afinal, dividir a mesa de jantar não é tão confortável quanto ter seu próprio espaço.
No levantamento do Grupo Zap, sete em cada 10 entrevistados declaram que morar em um imóvel com ambientes mais bem divididos passou a ser importante ou muito importante depois do isolamento social.
Longe do trabalho?
Depois da pandemia, volta à pauta uma velha discussão: morar perto do trabalho e abrir mão de espaço ou fugir dos centros e ganhar qualidade de vida?
Com a pandemia, ganha força a segunda opção. “As pessoas estão dando cada vez mais valor ao tempo ao lado da família. Víamos um movimento de morar mais perto do trabalho e pagar por um metro quadrado mais caro, mas isto está mudando”, afirma Alexandre Mangabeira, diretor executivo de Incorporação da Tecnisa.
Na pesquisa do Grupo Zap é possível identificar essa tendência. Os consumidores estão dando mais valor à amplitude da vista, sem prédios na frente para atrapalhar, em detrimento imóveis mais perto do trabalho.
A partir daí, as cidades no entorno das grandes capitais ganham a atenção do mercado imobiliário. Mangabeira, da Tecnisa, disse que a empresa está de olho em regiões mais afastadas dos centros.
*Com informações do Estadão Conteúdo
Clique aqui para acessar a página do CNN Business no Facebook