Não tenho a menor dúvida que foi fraude, diz Haddad à CNN sobre Americanas
Ministro da Fazenda concede entrevista exclusiva nesta sexta-feira (10) aos âncoras da CNN William Waack, Daniela Lima e Raquel Landim
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, declarou, nesta sexta-feira (10), em entrevista exclusiva à CNN, que não há menor dúvida de que aconteceu uma fraude fiscal na Americanas, que está em processo de recuperação judicial.
“Que é fraude, acho que não tem a menor dúvida”, afirmou Haddad. “Eu sempre espero transcorrer, até porque eu estou no Ministério da Fazenda. Mas enfim, é uma fraude grande, uma fraude que abalou o mercado, porque é 0,5% do PIB, não é uma ‘coisinha'”, continuou.
A questão, em sua visão, “está afetando a economia, está afetando os humores, está afetando o Banco Central, está afetando tudo. O setor bancário brasileiro sofreu um golpe grande. E os bancos são os primeiros a dizer que foi fraude. E, obviamente, as suspeitas são legitimas, mas tem autoridade para apurar até onde vai a responsabilidade”.
Na última quinta-feira (9), líder do PP na Câmara dos Deputados, André Fufuca (PP-MA), formalizou o pedido de abertura para uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) investigar a empresa.
A solicitação conta com a assinatura de 216 deputados — superior aos 171 necessários. Agora, a decisão de instauração cabe ao presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).
Para Haddad, ter uma CPI sobre o caso depende do seu objetivo. Se for para criar mais confusão, em sua avaliação, não será benéfico. Ele cita que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Ministério Público e o Poder Judiciário estão envolvidos na análise da questão.
“Se o Congresso, em sua independência, imaginar que tem condições de ajudar a esclarecer mais (…). Agora, se for para criar mais confusão, não é bom. Se for para ajudar o país a saber de fato o que aconteceu. As medidas no âmbito do Executivo estão sendo tomadas para pôr em pratos limpos o que aconteceu na Americanas”.
“Eu sou o maior interessado em saber o que aconteceu lá. Porque isso pode afetar a credibilidade do mercado de capitais do Brasil, pode ensejar uma legislação mais dura que eventualmente a gente não tenha. Então, o Ministério da Fazenda não vai fazer conta que não seja o interesse nacional e as medidas necessárias para sanear”.