‘Não precisam ficar apavorados’, diz Mansueto sobre sua saída do governo
Secretário do Tesouro tem ótimo trânsito no Congresso Nacional e no mercado financeiro
No cargo desde abril de 2018, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto de Almeida, vai mesmo deixar o governo Bolsonaro. Em conversa com a coluna, Mansueto confirmou que já acertou com ministro Paulo Guedes sua saída, que deve ocorrer daqui dois meses. A notícia alarmou agentes do mercado financeiro e líderes da política.
“Não precisam ficar apavorados, não estou saindo amanhã, nem na próxima semana, nem na outra. Não tem porque ter essa comoção toda. Não vai mudar nada. O ajuste fiscal está na Constituição e isto é mais importante do que quem está no Tesouro”, disse à CNN.
Mansueto tem ótimo trânsito no Congresso Nacional e mais ainda no mercado financeiro, onde é respeitado e tratado como o fiador da responsabilidade fiscal. Mas não aceita essa personificação.
“Eu trabalho com mais 600 pessoas na secretaria. Tudo aqui é feito por uma equipe de excelência e tudo vai continuar o mesmo. Eles estão juntos há cinco anos, tudo vai ficar sendo feito da mesma forma. Quem vier para cá vai herdar essa equipe e todo trabalho que vem sendo feito. Não tem porque ficar apreensivo com isso”, afirmou.
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A permanência de Mansueto à frente do Tesouro Nacional já havia sido ameaçada algumas vezes, mas nunca por um desejo de Guedes ou do Palácio do Planalto. Sempre que a responsabilidade fiscal do governo foi abalada, ou posta em xeque, amigos e assessores próximos do secretário pressentiam sua saída. Pelo seu histórico, Mansueto jamais concordaria com uma politica econômica que comprometesse a solvência do setor público.
“Eu já vinha planejando sair, mas fui ficando e chegou momento que eu tinha que decidir. Ou eu saía nos próximos meses ou ficava até o final do governo. Agora no segundo semestre começa todo planejamento para a política econômica do pós pandemia. Não fazia sentido eu participar disso e não ficar até o final do governo”.
Mansueto garantiu à CNN que vai fazer uma longa transição, “deixar tudo em ordem”. Ele repetiu diversas vezes que “ajuste fiscal está na Constituição, o teto de gastos está lá. Eu ficaria mais preocupado com a Constituição do que com quem comanda o Tesouro Nacional”.
Sobre o nome do seu sucessor, o secretário afirmou que há excelentes candidatos mas que a palavra final será do ministro Paulo Guedes. “Eu vou ficar e vou fazer a transição e tudo. Eu vou dar meu palpite, mas ele bate o martelo”, disse.