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    Nacionalismo pode afetar mais o comércio após COVID-19, diz pasta da Agricultura

    O comércio internacional de produtos agrícolas pode ser afetado pelo aumento do nacionalismo e protecionismo após a pandemia do novo coronavírus, segundo relatório divulgado nesta quarta-feira pelo Ministério da Agricultura.

    “O desafio que se coloca é expressivo. Já se observam certas medidas protecionistas, adotadas em diferentes nações”, diz o documento, que analisa questões de abastecimento interno e de mercado em vários países com o que Brasil mantém relação comercial. O documento foi feito com base no relatos dos 23 adidos agrícolas do Brasil baseados no exterior.

    Esse nacionalismo e protecionismo, de acordo com os adidos, será adotado pelos países após a crise da covid-19, como medidas para a defesa da “soberania alimentar” e da “autossuficiência”. O estudo aponta que já há medidas de restrição à exportação em alguns países produtores e que os países tendem a privilegiar a produção local de commodities consideradas estratégias, enquanto buscam acesso a alimentos baratos em escala.

    Entre as tendências apontadas pelos adidos para o pós-pandemia está a administração do comércio agrícola com aumento das tarifas e barreiras não tarifárias reduzidas quando há temor de desabastecimento, inclusive com a facilitação dos procedimentos para habilitação de exportadores, e retorno a graus elevados de proteção e subsídios quando conveniente, como forma de estimular as agroindústrias domésticas.

    “Sobre subsídios, especificamente, há o risco de a pandemia ser utilizada como pretexto para seu emprego em níveis desproporcionalmente elevados”, destaca o documento.

    O relatório afirma que o Brasil, como um dos principais produtores e exportadores de alimentos, está em “condições de manter e mesmo ampliar” suas exportações de alimentos, atendendo diversos países importadores.

    Entretanto, o documento pondera que para o Brasil cumprir seu papel como fornecedor de produtos agrícolas “é necessário que os países confiem no mercado internacional como pilar para a segurança alimentar”.

    Segundo o levantamento, restrições de cunho nacionalista e protecionista já adotadas na história tiveram como consequência desabastecimento aumento do preço dos alimentos e precarização dos segmentos mais vulneráveis da população. “As pretensões por autossuficiência alimentar podem até ser legítimas. Contudo, essas políticas tendem a privilegiar determinados atores econômicos em detrimento dos consumidores”, ressalta o documento.

    Para não perder espaço no mercado internacional ante a tendências de medidas mais restritivas pelos países, o estudo considera que o Brasil deve buscar a continuidade de medidas de facilitação comercial, adotadas durante a pandemia, como avanços em certificação eletrônica e trâmites aduaneiros, e firmar acordos comerciais abrangentes com condições de acesso favoráveis aos produtos brasileiros.

    “O Brasil deve se mostrar estrategicamente como um parceiro confiável e que prioriza relações de longo prazo”, diz o documento.

    A diversificação da pauta exportadora e dos principais destinos e a promoção da imagem do País também são sinalizadas no relatório como medidas urgentes para proteção do market share. Além disso, o documento aponta que o setor privado terá de se adaptar às mudanças no consumo, desde embalagens, sanidade e sustentabilidade dos alimentos.

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