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    Mulheres pretas são as mais responsáveis por afazeres domésticos, segundo IBGE

    A maior taxa de realização de afazeres domésticos ocorreu entre as mulheres pretas (94,1%), e a menor, entre os homens pardos (76,5%)

    Luana Massuella, Marcelo Sakate e Carla Bridi, do CNN Brasil Business, em São Paulo

    O ano de 2019 apresenta a maior taxa de mulheres pretas que realizam afazeres domésticos, de acordo com o suplemento Outras Formas de Trabalho, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Anual de 2019, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Segundo os dados divulgados na pesquisa, que mede formas de trabalho não remunerados, a maior taxa de realização de afazeres domésticos no domicílio ou em domicílio de parente ocorreu entre as mulheres pretas (94,1%), e a menor, entre os homens pardos (76,5%) em 2019.

    A variação da participação de mulheres pretas entre os anos de 2016 e 2019 aumentou de 90,9% para 94,1%, enquanto a de homens pardos aumentou de 2016 a 2018, mas caiu 0,2% de 2018 para 2019.
    A economista Ariana Britto afirma que o número alto de mulheres pretas realizando afazeres domésticos se deve por três razões principais: menor participação de mulheres pretas no mercado de trabalho, construção histórica e falta de opção.

    “O papel das mulheres pretas como empregadas domésticas é quase uma questão hereditária”, diz Ariana. “Além da questão hereditária, temos também a necessidade de cuidado com os filhos, e isso está associado a uma inexistência de equipamentos públicos, como creches, para que elas possam deixar os seus filhos nesses locais e possam tentar entrar no mercado de trabalho”, completa.

    Os dados de mercado de trabalho para a população preta e parda são preocupantes. Apenas 9% dos microempreendedores individuais (MEI) são pretos, enquanto 39% são pardos. Uma das explicações é a baixa formalização dos empreeendedores pretos: apenas 19% têm CNPJ. É a metade da taxa de formalização de brancos, de 40%.

    “O empreendedorismo foi a forma que a população preta encontrou para dar conta da vida, a gente começa a empreender por conta da necessidade”, diz Adriana Barbosa, CEO do PretaHub, um centro de empreendedorismo para pretos. “Um dos primeiros desafios da população negra é sair dessa faixa da necessidade e transcender para a oportunidade”, completa.

    Mulheres seguem sendo mais responsáveis pelas tarefas domésticas

    mulher carrega botijão de gás
     
    Foto: Pilar Olivares/Reuters

    No geral, as mulheres permanecem realizando mais atividades domésticas do que os homens, independente da raça. Mulheres brancas registraram uma taxa de 91,5% dos afazeres, em comparação a 80,4% dos homens brancos. Entre as pretas, 94,1% contra 80,9% de homens pretos e 92,3% entre mulheres pardas para 76,5% dos homens pardos. Em índices totais, são 92,1% das mulheres em comparação a 78,6% dos homens que realizam tarefas domésticas. Houve um pequeno aumento de 0,4 pontos percentuais na taxa de realização dos homens entre 2018 e 2019.

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    O índice de participação nos afazeres domésticos entre homens aumenta de acordo com a escolaridade, sendo mais alta entre os homens com ensino superior completo, com 85,7% e menor entre os homens sem instrução ou com ensino fundamental incompleto, com 74,1%.

    No total, 146,7 milhões de pessoas, acima dos 14 anos, realizaram afazares domésticos no ano passado, equivalente a 85,7% dessa população no Brasil. De 2018 para 2019, houve aumento de 1,6 milhão de pessoas realizando afazeres domésticos nessa faixa etária.

    “Ainda que existam essas diferenças por cor ou raça, o que a pesquisa vem mostrando desde 2016 é que as mulheres tendem a realizar mais afazeres domésticos e mais cuidados de pessoas do que homens. A taxa de afazeres domésticos, por exemplo, entre as mulheres brancas, pretas ou pardas está acima de 90%. Enquanto entre homens pretos e brancos está em 80%, ou até menos; e entre os pardos a taxa é de 75%”, aponta Alessandra Brito, analista do IBGE e responsável pela pesquisa Outras Formas de Trabalho.

    A diferença do número de horas gastas entre mulheres e homens para realizar tarefas domésticas também aumentou com o passar dos anos. Entre 2016 e 2019, a diferença entre as médias masculina e feminina passou de 9,9 horas para 10,4 horas semanais, entre pessoas acima dos 14 anos. No ano de 2019, as mulheres gastaram, em média, 21,4 horas por semana, enquanto os homens dedicaram 11 horas por semana.

    O IBGE divide em oito categorias diferentes para os tipos de deveres, entre eles cuidar de alimentação, limpeza e roupas, cuidados com outras pessoas e reparos de eletrodomésticos e outros equipamentos. A única atividade em que o índice de homens superou o de mulheres foi na categoria de pequenos reparos no domicílio: a taxa de participação masculina no ano passado foi de 58,1%, enquanto a feminina de 30,6%.

    No geral, a atividade com maior taxa de participação foi preparar ou servir alimentos, arrumar a mesa ou lavar a louça, com 81%, com predominância feminina.

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