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    Mesmo com dívidas menores, Cemig mantém plano de desinvestimentos

    No segundo trimestre, a redução da dívida líquida da empresa foi ajudada pela forte posição de caixa da companhia, destacaram executivos

    Luciano Costa, da Reuters

    A estatal mineira de energia Cemig pretende continuar com um plano de venda de ativos originalmente desenhado para reduzir dívidas, mas o nível de endividamento atual já é muito mais confortável que no passado recente, disseram executivos da companhia nesta segunda-feira (17).

    As afirmações, durante teleconferência de divulgação de resultados com investidores, vieram após questionamentos de um analista sobre o ritmo dos desinvestimentos, dado que a empresa não anunciou operações nos últimos trimestres.

    “Nosso plano de desinvestimentos segue, obviamente, no seu devido momento faremos os anúncios, mas não tem nenhuma modificação em relação ao passado, a gente segue com o programa”, disse o presidente da Cemig, Reynaldo Passanezi.

    Ele não detalhou, no entanto, quais ativos estão atualmente em negociação ou podem ser alvo de transações no curto prazo.

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    A Cemig classificou sua participação na elétrica Light, na qual já foi controladora, como ativo mantido para venda, o que gerou impacto negativo no primeiro trimestre, em meio à deterioração no valor das ações da empresa depois da pandemia de coronavírus e seus efeitos no mercado de energia.

    Até o final de junho, no entanto, os papéis da Light acumulavam ganhos de mais de 100% em relação à mínima do ano, de R$ 7,30 por ação em meados de março.

    A recuperação ajudou nos resultados da Cemig do segundo trimestre, com efeito positivo de R$ 475 milhões, ou R$ 314 milhões sem impostos.

    O superintendente de Relações com Investidores, Antonio Carlos Velez, destacou ainda a significativa redução da alavancagem financeira da empresa, medida pela relação entre dívida líquida e geração de caixa ajustada (Ebitda).

    Esse indicador de alavancagem fechou o segundo trimestre em 2 vezes, contra 2,28 vezes no primeiro trimestre e 2,7 vezes no fim de 2019. Em 2018, o índice era de 3,24 vezes.

    A redução da dívida líquida foi ajudada pela forte posição de caixa da companhia, destacaram executivos – a empresa fechou junho com R$ 3,7 bilhões disponíveis, contra R$ 1,28 bilhão ao final de 2019.

    A alavancagem também ficou bem abaixo de limites acertados junto a credores, incluindo de títulos emitidos pela Cemig no exterior, os chamados eurobonds, destacou Velez.

    Enquanto os eurobonds exigem da companhia uma alavancagem máxima de 3,5 vezes na Cemig holding e de 4,5 vezes na subsidiária Cemig GT, os números ao final do segundo trimestre ficaram em 2,12 vezes e 2,85 vezes, respectivamente.

    “É bastante confortável”, disse Velez, que destacou também que a empresa só terá um volume mais significativo de dívidas a vencer em 2024, com a expiração justamente da emissão externa.

    Ele também lembrou que a dívida no exterior está atrelada a mecanismos de hedge que limitam o seu custo a 142% do CDI.

    “Hoje se tornou uma dívida barata”, afirmou.

    A Cemig registrou lucro líquido de R$ 1,04 bilhão no segundo trimestre, cerca de 50% abaixo dos ganhos de R$ 2,11 bilhões no mesmo período do ano passado, informou a companhia na última sexta-feira.

    O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) foi de R$ 1,8 bilhão, estável na comparação anual.

    Já o Ebitda ajustado, que exclui fatores não recorrentes, ficou em R$ 941 milhões, recuo de 11,3% ano a ano.

    A Cemig registrou queda de 6% na energia distribuída por sua unidade de distribuição Cemig-D no segundo trimestre quando na comparação com mesmo período do ano anterior, com impactos da crise do coronavírus sobre a demanda dos clientes.

    A receita líquida caiu 15,4% na comparação anual, para R$ 5,9 bilhões.

    Cortes

    A Cemig registrou no segundo trimestre adesão de 396 funcionários a um plano de desligamento voluntário, disse nesta segunda-feira o diretor financeiro da companhia, Leonardo Magalhães.

    Os custos com as demissões deverão retornar para a empresa em cerca de oito meses, uma vez que representarão economia em base anual de R$ 95 milhões, acrescentou o executivo, durante teleconferência com investidores e analistas sobre os resultados entre abril e junho.

    Os executivos da Cemig também destacaram um corte de cerca de R$ 150 milhões no orçamento para custos com pessoal, materiais e serviços (PMSO) em 2020.

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