Ibovespa fecha em queda de 1,68% com Petrobras e Vale; dólar sobe a R$ 5,11
Principal índice da B3 terminou o dia aos 110 mil pontos, enquanto a moeda norte-americana valorizou 1,57%
O Ibovespa fechou em queda de 1,68%, aos 110.430,64 pontos, nesta terça-feira (30), puxado pelo recuo dos papéis da Petrobras e da Vale, que seguem as quedas do petróleo e do minério de ferro. A petroleira caiu mais de 5% e a mineradora cerca de 3%.
Esse foi o pior desempenho da bolsa desde 19 de agosto, quando caiu 2,04%, e a pontuação mais baixa desde 11 de agosto, quando bateu 109.717 pontos.
Já o dólar encerrou em alta de 1,57%, cotado a R$ 5,112. A moeda ganhou espaço para valorização devido à aversão a riscos no exterior, com preocupações sobre a situação da economia internacional, além de um ajuste após um forte fluxo de entrada de investimentos no Brasil que beneficiou o real.
Esse foi o melhor desempenho do dólar desde 2 de agosto, quando subiu 1,93%. À época, a moeda foi favorecida por uma aversão global a riscos devido à piora nas tensões entre Estados Unidos e China, enquanto o mercado repercutia a visita da presidente da Câmara norte-americana, Nancy Pelosi, a Taiwan.
Na mínima de hoje, a cotação marcou R$ 5,008 -queda de 0,50% no dia e menor patamar desde meados de junho -, antes de recobrar forças e bater um pico de R$ 5,122, alta de 1,77%.
O real liderou o bonde das moedas em depreciação nesta terça-feira, numa lista encabeçada sobretudo por divisas correlacionadas às commodities e que nos últimos dias haviam tido performance superior ao mercado geral na esteira do rali das matérias-primas.
O Banco Central realizou neste pregão leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 3 de outubro de 2022. A operação do BC ajuda a dar liquidez na moeda, mas especialistas consultados pelo CNN Brasil Business apontam que o órgão poderia atuar mais para conter a volatilidade do câmbio.
Na segunda-feira (30), o dólar teve queda de 0,91%, a R$ 5,033. Já o Ibovespa avançou 0,02%, aos 112.323,12 pontos.
Fed
O mercado repercutiu também mudanças de apostas dos investidores em relação aos juros dos Estados Unidos após o discurso do presidente do Federal Reserve Jerome Powell no simpósio de Jackson Hole.
Os comentários de Powell foram considerados duros em relação à inflação, reforçando apostas em uma elevação de juros de 0,75 ponto percentual em setembro, que seria a terceira consecutiva nessa magnitude. O cenário é benéfico para o dólar, mas ruim para as bolsas em todo o mundo.
Para alguns, o banco central será menos agressivo, com alta de 0,5 ponto percentual, para impactar menos a economia do país. Outros apontam que a economia ainda está aquecida, em especial o mercado de trabalho, permitindo uma elevação mais agressiva, de 0,75 p.p.
Petróleo
Os contratos futuros de petróleo fecharam em baixa forte, nesta terça-feira. Houve realização de lucros, após o WTI bater máxima em cerca de um mês, e também com várias notícias do setor sendo monitoradas, algumas delas apontando para a possibilidade de maior oferta.
Além disso, continuam as preocupações com a perda de fôlego na economia global, com consequente impacto negativo para a demanda pelo óleo.
O petróleo WTI para outubro fechou em baixa de 5,54% (-US$ 5,37), a US$ 91,64 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para novembro caiu 4,95% (-US$ 5,09), a US$ 97,84 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE).
Segundo a agência russa Tass, uma fonte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) negou que esteja em discussão um corte na produção do grupo para o encontro marcado para a próxima segunda-feira. A notícia surge após algumas nações, entre elas a Arábia Saudita, levantarem essa possibilidade nos últimos dias.
Foi ainda noticiado que o Iraque se mostra disposto a ampliar exportações de petróleo para a Europa, se necessário, no momento em que o continente enfrenta dificuldades na oferta de gás da Rússia.
Minério de ferro
Os contratos futuros de minério de ferro e Singapura foram reduzidos nas bolsas.
O contrato de extração de ferro mais negociado em Dalian Commodity Exchange para janeiro recuou 9% e atingiu a mínima de uma semana de US$ 680,50 no início da sessão.
Na Bolsa de Singapura, o contrato de outubro mais ativo do ingrediente siderúrgico caiu 4,5%, a US$ 97,25 a tonelada.
O minério de ferro de Dalian recuou mais de 20% em relação ao pico de este ano, de 890 iuanes por tonelada em junho.
Sentimento global
A aversão global a riscos dos investidores, desencadeada por temores sobre uma possível desaceleração econômica generalizada devido a uma série de altas de juros pelo mundo para conter níveis recordes de inflação, tem variado de intensidade dependendo das expectativas sobre o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos.
O processo de elevação da taxa norte-americana continuou em julho com uma nova alta de 0,75 ponto percentual. Entretanto, o Federal Reserve sinalizou que poderia realizar altas menores conforme a economia do país já dá sinais de desaceleração, buscando evitar uma recessão.
Os juros maiores nos Estados Unidos atraem investimentos para a renda fixa do país devido a sua alta segurança e favorecem o dólar, mas prejudicam os mercados e as bolsas ao redor do mundo, inclusive as norte-americanas.
Os investidores monitoram ainda a situação da economia da China, que também dá sinais de desaceleração ligados a uma série de lockdowns em cidades relevantes. A expectativa é que o governo chinês intensifique um esforço para estimular a economia, enquanto enfrenta dificuldades para reverter um quadro de baixo consumo pela população, que impacta a demanda do país por commodities.
Mesmo assim, o Ibovespa e o real encontraram espaço para recuperação com uma melhora de humor do mercado, apoiada nas perspectivas positivas para as commodities, um cenário econômico doméstico mais forte e uma redução da percepção de riscos em relação às eleições.
Sobe e desce da B3
Veja os principais destaques do pregão desta terça-feira (30):
Maiores altas
- Localiza (RENT3) +1,43%;
- Positivo (POSI3) +1,04%;
- Vibra (VBBR3) +0,74%;
- Hypera (HYPE3) +0,6%;
- Itaúsa (ITSA4) +0,54%
Maiores baixas
- CVC (CVCB3) -8,15%;
- IRB Brasil (IRBR3) -7,53%;
- Gol (GOLL4) -6,22%
- Banco Pan (BPAN4) -6,05%;
- Petrobras (PETR4) -5,95%
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*Com informações da Reuters e da Agência Estado