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    Ibovespa fecha em queda, com correção e juros dos EUA; dólar recua a R$ 5,39

    Principal índice da bolsa caiu 0,62%, aos 111.910,10 pontos

    João Pedro Malardo CNN Brasil Business* , em São Paulo

    O Ibovespa terminou esta sexta-feira (28) em queda de 0,62%, aos 111.910,10 pontos, após um dia de correções, seguindo uma aversão a riscos no exterior conforme o mercado precifica a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos.

    Já o dólar fechou com desvalorização de 0,61%, cotado a R$ 5,391, nesta sexta-feira (28). A moeda encerrou no menor patamar em quase quatro meses, com a estabilização dos mercados globais e uma recuperação de Wall Street no fim do dia, abrindo caminho para mais demanda por risco e vendas da moeda norte-americana.

    A moeda engatou ainda a terceira semana de perdas, com baixa de 1,22%. Nas três semanas, a desvalorização é de 4,27%. Faltando apenas um pregão para encerramento de janeiro, o dólar acumula declínio de 3,27% no mês.

    Na véspera, o dólar fechou em queda de 0,26% ante o real, a R$ 5,424. Já o Ibovespa teve alta de 1,19%, aos 112.611,65 pontos, maior patamar desde 18 de outubro de 2021.

    Dentre as ações que compõem o principal índice da bolsa, a maior alta era da Braskem, após a Petrobras confirmar o cancelamento de uma oferta secundária de ações, com setores de commodities e saúde também subindo. As principais baixas vinham de papéis ligados ao varejo.

    Veja os principais destaques do pregão desta sexta-feira:

    Maiores altas

    • Braskem (BRKM5) +7,50%;
    • Cielo (CIEL3) +6,51%;
    • Hapvida (HAPV3) +2,56%;
    • JBS (JBSS3) +2,21%;
    • Intermédica (GNDI3) +1,99%

    Maiores baixas

    • Magazine Luiza (MGLU3) -7,06%;
    • Grupo Natura (NTCO3) -6,48%;
    • Americanas (AMER3) -6,15%;
    • Rumo (RAIL3) -5,40%;
    • Alpargatas (ALPA4) -4,83%

    Fed

    O foco dos investidores nesta semana foi a reunião de política monetária do banco central dos Estados Unidos divulgada na quarta-feira (27).

    O documento não trouxe grandes novidades para os investidores, com o Fed mantendo os juros no intervalo entre 0% e 0,25%, mas afirmando que espera ter as condições necessárias para elevar as taxas “em breve”. A expectativa é de alta na reunião de março.

    O tom do comunicado mais ameno chegou a impulsionar as bolsas, mas os índices tiveram queda com o teor mais rígido do presidente da instituição, Jerome Powell, na entrevista coletiva logo depois.

    Além de dura, a fala do líder do BC americano deixou em aberto quantas vezes o juro pode subir este ano e quando o balanço patrimonial de US$ 9 trilhões vai começar a ser reduzido.

    A perspectiva de elevação dos juros aumenta a atratividade da renda fixa sobre as ações nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, pode fazer com que investidores busquem mercados mais resilientes e baratos, como o europeu e os emergentes, e migrem para ativos em alta, como as commodities.

    Nesta sexta-feira, foi informado que o Índice de Preços das Despesas de Consumo Pessoal (PCE, em inglês) subiu 5,8% em 2021, a maior alta desde 1982, mas com o dado de dezembro em linha com o esperado pelo mercado.

    “Com o Fed alimentando o fogo ‘hawkish’ (mais duro no combate às altas de preços), esperamos que o dólar se fortaleça, mas apenas moderadamente”, disseram estrategistas do Citi em relatório desta sexta-feira.

    O banco afirmou que, embora guinadas mais agressivas do Fed geralmente derrubem ativos emergentes, vários países em desenvolvimento têm mostrado “ímpeto contínuo de dados positivos”, o que pode levar a ingressos de recursos.

    Qualquer alta de juros no país, porém, pode afetar os investimentos no Brasil, já que torna os títulos do Tesouro norte-americana ainda mais atrativos para os investidores.

    Segundo a OHM Research, o mercado atingiu o pico do pessimismo com o Fed. Agora, é necessário superar a variante Ômicron e a tensão entre Rússia e Otan para conseguir alguma recuperação.

    Commodities

    Nesta semana, os investidores continuaram um processo de migração para áreas ligadas a commodities e para os mercados emergentes, o que favorece o Brasil e o real, já que a bolsa brasileira possui uma grande quantidade de empresas ligadas ao setor.

    Na bolsa, ações como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3 e PETR4) são beneficiadas pelas altas do minério de ferro e do petróleo, e são integrantes importantes do Ibovespa.

    Expectativas de mais medidas pró-crescimento na China, enquanto pressões econômicas baixistas persistem, estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, disseram analistas, o que leva a altas nos preços.

    No caso do petróleo, analistas do Goldman Sachs afirmam que os preços do petróleo Brent devem superar os US$ 100 por barril neste ano. Segundo eles, o mercado de petróleo continua em um “déficit surpreendentemente grande” já que o efeito da variante Ômicron do coronavírus na demanda pela commodity é, até agora, menor do que o que era esperado. Além disso, as tensões na Ucrânia afetam os preços.

    Brasil

    Na cena local, os investidores repercutem a divulgação de dados econômicos. O IGP-M subiu 1,82% em janeiro, aceleração ante dezembro, mas ficou abaixo das expectativas. Já a taxa de desemprego, medida pela Pnad Contínua, recuou no trimestre até novembro para 11,6%.

    O aumento do risco fiscal segue no radar dos investidores. O texto do orçamento de 2022, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), cortou os investimentos ao menor nível da história, para R$ 42,3 bilhões, mas manteve intactas as verbas para o orçamento secreto, para o fundo eleitoral e para reajustes salariais.

    Junto com a PEC dos Combustíveis, um analista de mercado define que a percepção é que o governo está partindo para o tudo ou nada, e deve caminhar para medidas mais populistas para elevar sua popularidade até as eleições.

    Segundo projeção da equipe de análise da XP, a PEC pode diminuir a arrecadação entre R$ 70 bilhões e R$ 100 bilhões. Entretanto, o governo já discute incluir apenas o diesel no texto, sem a gasolina.

    Segundo o analista da CNN Gustavo Uribe, a discussão aconteceu depois da resistência do mercado à medida que pode gerar perda de arrecadação de R$ 70 bilhões, e é vista como uma “bomba fiscal”. Com a isenção restrita ao diesel, a previsão de perda cai para R$ 20 bilhões.

    Para a próxima semana, a atenção dos investidores estará na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decidirá sobre uma possível nova alta da taxa básica de juros, a taxa Selic.

    *Com informações de Priscila Yazbek e da Reuters

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