Bolsa fecha em queda pelo 5º pregão seguido; dólar despenca 2,7%
Externamente, seguem no radar do mercado as tensões entre China e Estados Unidos, os gastos de Biden para controlar a crise e a piora do coronavírus na Europa
O dólar fechou em queda de 2,71%, a R$ 5,3231 na venda. É a maior baixa percentual diária desde 12 de janeiro (-3,32%) e ocorre após a moeda saltar 5,10% em seis pregões até a sexta-feira passada
Na B3, o Ibovespa chegou aos 119 mil pontos, mas perdeu fôlego e fechou o dia em queda de 0,78%, aos 116.464 pontos. Este foi o quinto pregão seguido que o Ibovespa fecha em queda.
Entre os papéis, apareceu o efeito Wilson Ferreira Junior. As ações da BR Distribuidora (BRDT3), empresa que o gestor assumirá como CEO, subiram 9,57% e lideraram os ganhos do Ibovespa. Já as da Eletrobras (ELET3, ELET6), estatal da qual Ferreira anunciou sua saída, tombaram 9,69% e lideraram as perdas.
Commodities e bancos puxaram o Ibovespa para baixo. A Gerdau (GOAU4) caiu 5,7%, Usiminas (USIM5) teve desvalorização de 4,5% e CSN (CSNA3) caiu 2,8%. Entre os bancos, a pior queda foi a do Itaú (ITUB4), que caiu 3,5%. Santander (SANB11) recuou 3,2%. Banco do Brasil (BBAS3) caiu 2,6% e Bradesco (BBDC4) recuou 2,4%.
A queda no fim do pregão, apesar de notícias positivas vindas de Brasília, deixou muitos analistas confusos. Em seu perfil do Twitter, o analista da corretora Guide, Henrique Esteter, afirmou que “é oficial, a bolsa está muito louca”.
“[Houve uma] Volatilidade absurda em quase todos papéis sem noticiário que justifique metade desses movimentos”, escreveu.
O real se valorizou conforme o mercado reagia a declarações do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Economia sobre importância do cumprimento de regras fiscais e da entrada do setor privado no processo de vacinação.
Em evento promovido pelo Credit Suisse, Bolsonaro mudou o tom e defendeu a vacinação contra a Covid-19 como forma de fazer a economia brasileira voltar a funcionar, em comentários alinhados aos feitos pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.
Ambos defenderam proposta feita por empresários brasileiros de comprar vacinas para imunizar seus funcionários e também doar parte ao Sistema Único de Saúde. Bolsonaro disse ainda que o governo manterá o compromisso com o teto de gastos e não irá transformar em permanentes medidas temporárias criadas para combater a pandemia de Covid-19.
No mesmo evento Paulo Guedes, falou em crescimento de 5% da economia brasileira. “O Brasil pode crescer, de repente, 5%. Depende. Se todo mundo entrasse na mesma vibração que é: estamos recuperando, com vacinação rápida”, comentou o ministro da Economia.
Externamente, seguem no radar do mercado as tensões entre China e Estados Unidos, os gastos de Biden para controlar a crise e a piora do coronavírus na Europa.
Internamente, investidores seguirão de olho na saúde fiscal do país, já que a volta do auxílio emergencial continua ganhando força em Brasília. Falas do ministro da Economia e do presidente do Banco Central também devem movimentar o pregão.
Lá fora
Os índices S&P 500 e Nasdaq caíram de níveis recordes no fechamento desta terça-feira, com investidores digerindo uma série de balanços corporativos, enquanto Wall Street no geral teve oscilações limitadas antes da decisão de política monetária do Federal Reserve na quarta-feira.
De acordo com dados preliminares, o Dow Jones Industrial Average mostrou variação negativa de 0,07%, para 30.937 pontos. O S&P 500 perdeu 0,15%, para 3.849 pontos. E o Nasdaq Composite teve ligeira queda de 0,07%, para 13.626 pontos.
As ações europeias valorizaram-se nesta terça-feira, com os fortes balanços do UBS e da fabricante de peças automotivas Autoliv somando-se a uma série de dados corporativos positivos, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou sua projeção de crescimento global em 2021.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,63%, com um rali das montadoras, empresas industriais e da SAP e ajudando o índice alemão a ter um desempenho superior.
Os papéis do UBS valorizaram-se 2,4%, já que os altos níveis de atividade de clientes ajudaram a maior gestora de riquezas do mundo a registrar alta de 137% no lucro líquido.
O índice de blue-chips da China recuou nesta terça-feira (26), marcando a maior perda diária desde setembro depois de tocar máxima de 13 anos na sessão anterior, em meio ao aperto das condições de liquidez e às tensões sino-americanas.
Reunindo as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, o CSI300 caiu 2,01%, maior queda no dia desde 9 de setembro. O índice de Xangai teve recuo de 1,51%, maior perda diária desde 22 de dezembro.
Setorialmente, o subíndice do setor financeiro do CSI300 recuou 1,71%, o setor de consumo teve queda de 1,11% e o de saúde caiu 3,04%.
As empresas financeiras ficaram sob pressão diante do cenário de aperto das condições de liquidez. As taxas de curto prazo saltaram para níveis pré-Covid-19 nesta terça-feira, com alguns investidores especulando que o banco central pode adotar um viés de aperto em sua política monetária.
As relações entre China e Estados Unidos continuam a pesar sobre o sentimento. A China afirmou nesta terça-feira que realizará exercícios militares no Mar do Sul da China, poucos dias depois de Pequim ter se irritado com a entrada de um grupo de porta-aviões dos EUA na região.
O restante das bolsas asiáticas também operou em baixa. No Japão, o índice Nikkei recuou 0,96%, a 28.546 pontos. Já em Hong Kong, o índice Hang Seng caiu 2,55%, a 29.391 pontos. Enquanto em Seul, o índice Kospi teve desvalorização de 2,14%, a 3.140 pontos.
(*Com Reuters)