Ibovespa sobe 1,80% com commodities; dólar recua a R$ 5,10
Principal índice da B3 fechou o dia aos 115.173,61 pontos, enquanto a moeda norte-americana desvalorizou 0,91%
O Ibovespa subiu 1,80%, aos 115.173,61 pontos, nesta quarta-feira (2), enquanto o dólar recuou 0,91%, e encerrou cotado a R$ 5,109.
O desempenho do principal índice da B3 foi impulsionado pelas ações de commodities e com auxílio da alta em Wall Street, apesar da continuidade da guerra na Ucrânia.
As ações da Vale saltaram, assim como de siderúrgicas e outras empresas com operações ligadas a commodities metálicas. Petrobras e petrolíferas também avançaram, enquanto grandes bancos recuaram.
Já a moeda norte-americana devolveu os ganhos iniciais, ao longo da tarde, também com a disparada nos preços das commodities devido à crise na Ucrânia, apoiando divisas de países exportadores, incluindo o real, que teve um dia de fluxo favorável com esse cenário.
“Sob o ângulo da alta das commodities, é possível que moedas de países latino-americanos tenham desempenho superior ao de seus pares emergentes”, apontam estrategistas do Citi em relatório desta quarta-feira.
No radar dos investidores também estava os comentários do presidente do Federal Reserve. Jerome Powell reforçou o início do ciclo de alta de juros nos Estados Unidos e apoiou uma alta de 0,25 ponto percentual nos juros em março, valor menor que o esperado inicialmente pelo mercado, de 0,5 p.p.
Vale destacar que devido ao feriado de Quarta-feira de Cinzas, a bolsa brasileira operou em horário reduzido. As negociações começaram às 13h, e encerraram às 18h.
Na semana anterior, o dólar fechou com alta de 0,28%, a primeira valorização semanal em 2022. Já o Ibovespa avançou 0,23%.
Sobe e desce da B3
Veja os principais destaques do pregão desta quarta-feira:
Maiores altas
- 3R Petroleum (RRRP3) +12,93%;
- PetroRio (PRIO3) +9,02%;
- CSN (CSNA3) +8,09%;
- Vale (VALE3) +7,99%;
- Bradespar (BRAP4) +6,54%
Maiores baixas
- Ambev (ABEV3) -4,47%;
- Grupo Natura (NTCO3) -4,02%;
- Cielo (CIEL3) -3,89%;
- Ultrapar (UGPA3) -3,38%;
- Multilaser (MULT3) -3,17%
Guerra na Ucrânia
O foco dos investidores segue na guerra na Ucrânia e os seus desdobramentos. Do ponto de vista econômico, o principal acontecimento enquanto a bolsa brasileira estava fechada foi a série de sanções anunciadas pelos Estados Unidos e seus aliados ocidentais.
Dentre elas estão a expulsão de bancos russos do Swift, um sistema global de pagamentos, e o congelamento de reservas do banco central da Rússia. Os países que apoiam a Ucrânia já afirmaram que devem implementar novas sanções contra a Rússia, que viu sua moeda, o rublo, despencar e atingir uma mínima histórica.
Ao mesmo tempo, a invasão pela Rússia continua, com novos ataques em Kharkiv, segundo maior cidade da Ucrânia, e Kiev, capital do país. As duas nações marcaram uma nova rodada de negociações, após a primeira terminar sem avanços. Acompanhe a cobertura ao vivo da CNN.
A guerra, e as chances de novas escaladas no cenário geopolítico, aumentam a aversão a riscos dos investidores e a busca pelo dólar. O índice DXY, que compara a moeda frente a outras, tem leve alta nesta quarta-feira.
Já o VIX, chamado de “índice do medo” por tentar medir o grau de volatilidade do mercado, recuou e rondou os 30 pontos, após chegar ao maior nível desde setembro de 2020.
Outra consequência da invasão é a alta nos preços de commodities, principalmente as ligadas à Rússia e à Ucrânia, caso do milho, trigo e do petróleo. O tipo Brent, referência da Petrobras para a política de preços, segue subindo e já ronda a casa dos US$ 110.
Commodities
A situação na Ucrânia reduz os benefícios para o real de um ciclo de migração de investimentos para mercados ligados a commodities e vistos como baratos, com o Brasil beneficiado também pelos juros altos, que limita os efeitos das apostas em uma política de alta de juros agressiva pelo Federal Reserve.
O ciclo estava ligado, em partes, a expectativas de mais medidas pró-crescimento na China que estão aumentando as esperanças de uma recuperação na demanda por metais, o que leva a altas nos preços. Por outro lado, intervenções do governo chinês no mercado têm gerado pressões de queda, em um sobe e desce na cotação.
No caso do petróleo, analistas já projetam que a commodity deve ultrapassar os US$ 100 ao longo do ano, o que ocorreu com a crise na Ucrânia. O principal fator para a alta é o descompasso entre oferta e demanda da commodity, com os principais produtores, reunidos na Opep, ainda não retomando os níveis de produção pré-pandemia, e o quadro foi intensificado com as tensões na Europa.
Outro fator que pesava nesse movimento é a expectativa de alta de juros nos Estados Unidos já no mês de março, de 0,25 ou 0,5 ponto percentual, reforçada por dados de inflação levemente acima do esperado.
Com isso, investidores estrangeiros têm saído do mercado de ações norte-americano. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse nesta quarta-feira que o ciclo de alta de juros já anunciado está mantido mesmo com a guerra.
Há chances de que o Brasil seja beneficiado pela alta nas commodities, possibilitando que o real valorize ante o dólar ou caia menos que outras moedas e que o Ibovespa suba pelo peso de ações ligadas a esses produtos e também das de bancos, favorecidos pelos juros altos.
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*Com informações da Reuters